sábado, 31 de agosto de 2019

Reads the poem "The children" - John Piper

   Do you hear the children crying?  I can hear them every day, crying, sighing, dying, flying, somewhere safe from all dangers, somewhere safe from crack and AIDS, insurance from lust and strangers lurking, insurance from war and bombing.  Somewhere safe from malnutrition, Safe from daddy's damning voice, Safe from mommy's cold ambition, Safe from mortal goddess, choose.  Do you hear the children crying?  I can hear them every day, crying, sighing, dying, flying, somewhere safe where they can play.  Do you see the children meeting?  I can see them in heaven, meeting, sitting, eating, greeting Jesus with the answer to why.  Why milk no longer nourishes, why water makes them sick, why crops no longer bloom, why the belly gets so thick.  Why they never knew why their friends disappeared from view, why some suffered for a season, others never saw the light.  Do you see the children meeting?  I can see them in heaven, meeting, sitting, eating, greeting Jesus with the answer to why.  Do you hear the children singing?  I can hear them up there Singing, jumping, playing, bringing glory to the God of love.  Glory for the gift of life, glory for the end of pain, glory for the gift of giving, glory for eternal gain.  Glory of the abandoned, glory of the lost and lonely.  Glory when babies wake up, orphans on their father's throne.  Do you hear the children singing?  I can hear them up there, singing, jumping, playing, bringing glory to the God of love.  Do you see the kids coming?  I can see them in the clouds, coming in, playing, playing drums, humming with the happy crowd of the sky.  Songs with lots of happy clapping, songs that catch fire in the heart, songs that make your foot start playing, songs that make a happy choir.  Songs so high that the mountains tremble, songs so pure that the canyons play, when all the children gather Millions, Millions, around the King. Do you see the children coming?  I can see them in the clouds, coming in, playing, playing drums, humming with the happy crowd of the sky.  Do you see the children waiting?  I can see them all shining, waiting, waiting, waiting, waiting, who of us will rise and leave?  Shall we turn and fly to find them?  Shall we venture into something new?  I intend to get up and greet them.  Come and go with me, yes?

quinta-feira, 29 de agosto de 2019

Recasamento, é BÍBLICO???

   Vivemos dias em que os valores cristãos ditam cada vez menos as normas da sociedade e o padrão de conduta do ser humano, ao passo que os valores da sociedade influenciam o estilo de vida até mesmo dentro da Igreja do Senhor. Isso tem trazido efeitos tristes e consequências amargas.
Vários aspectos da conduta cristã são atacados pelo sistema mundano, mas nossa intenção é isolar apenas um deles: o recasamento. Por recasamento entendese a união matrimonial subsequente a um processo de divórcio. Significa que uma pessoa que era casada e se separou de seu cônjuge pelas vias legais, oficializa pelas mesmas vias um segundo casamento, ou terceiro e assim por diante.
Sabemos ser este um procedimento muito comum na atualidade e bem recebido pela sociedade moderna. Mas o que dizer da igreja? Como a igreja deve olhar para esse fenômeno? O que a Bíblia diz a respeito?
Para responder essas questões vamos propor três perguntas:
1. A Bíblia aprova ou permite o recasamento?
2. O que acontece com pessoas que se casam novamente?
3. Como a igreja deve tratar crentes recasados?

1. A BÍBLIA APROVA OU PERMITE O RECASAMENTO?
As Escrituras demonstram que o casamento entre um homem e uma mulher é uma instituição cujo autor é Deus (Gn 2.24). Dessa união o Senhor pretendeu que a multiplicação da raça humana e o povoamento da terra fossem levados a efeito (Gn 1.28; 9.1).
Essa união é boa para o homem (Gn 2.18) e forma um laço indissolúvel que perdura até a morte de um dos cônjuges (Mt 19.6; Rm 7.2; 1Co 7.39). Levando em conta a natureza humana e suas inclinações, o casamento impede que homem e mulher tenham vidas imorais (1Co 7.2,28). A Bíblia diz que a união de um homem e uma mulher no casamento os torna “uma só carne” (Gn 2.24; Mt 19.5,6; Mc 10.8; Ef 5.31). As Escrituras também ensinam que essa união deve ser mantida pura por meio da fidelidade conjugal, ficando terminantemente proibido o adultério (Ml 2.15,16; Hb 13.4).
Diante dessas observações uma pergunta muito freqüente é: “Será que a Bíblia permite um novo casamento?” Há duas respostas condicionadas a situações diferentes:
1) Caso o cônjuge já tenha falecido, a resposta é “sim” (Mt 22.24; Rm 7.2,3). Em alguns casos esse novo casamento após a morte do cônjuge é aconselhado (1Tm 5.14,15). Entretanto, tal união deve ser realizada com alguém também salvo por Cristo (1Co 7.39).
2) Caso o cônjuge esteja vivo, apesar de separado, a resposta é um sonoro “não” (Mt 5.32; Mc 10.11,12; Lc 16.18; Rm 7.3; 1Co 7.1011). Excepcionalmente algumas exceções são abertas para casos de divórcio (Mt 5.32; 1Co 7.15), mas nenhuma exceção há para o recasamento quando o cônjuge ainda vive. Há quem defenda que casamentos entre não crentes não são de fato válidos por não serem realizados “no Senhor”. Entretanto, a ordem de Deus para que o crente casado com o incrédulo não se aparte dele (1Co 7.1215), demonstra que a união matrimonial se dá não pelo fato dos cônjuges serem crentes ou pelo fato de terem realizado uma cerimônia em uma Igreja do Senhor, mas pelo fato de se unirem na instituição que Deus criou para a humanidade: o casamento. Assim, crentes ou não crentes que se casam estão, de fato, unidos pelo matrimônio reconhecido por Deus e “não podem se casar novamente, a menos que o cônjuge venha a falecer.”
2. O QUE ACONTECE COM PESSOAS QUE SE CASAM NOVAMENTE?
Esta é uma pergunta bastante pertinente porque a mera e clara proibição bíblica ao recasamento não tem impedido que pessoas divorciadas, mesmo dentro das igrejas, venham a se casar novamente. A pergunta a ser respondida nesse caso é: “Será que esse segundo casamento realmente existe?” Em outras palavras: “Será que a Bíblia dá mostras de que o segundo casamento também une um homem e uma mulher em um laço indissolúvel?”
A resposta éa Bíblia censura o recasamento, mas reconhece sua existência e a união entre homem e mulher. O recasamento, à luz das Escrituras, é “irregular”, porém “válido”. Para entendermos os termos, irregular significa: “contrário ao ensino bíblico”; válido significa: “longe de ser algo aprovado pela Bíblia, é reconhecido por ela como “existente”. Em outras palavras, o recasamento é moralmente errado, mas mesmo assim é um casamento.
As objeções mais comuns a esse ponto de vista são que o casamento só une o homem a uma única mulher e que o fenômeno de fazer homem e mulher “uma só carne” só ocorre uma única vez. Entretanto, as Escrituras demonstram o contrário:
a) A Bíblia reconhece a existência de mais de um casamento simultâneo.
b) A Bíblia faz distinção entre o casamento e a convivência carnal.
c) A Bíblia reconhece que a formação de “uma só carne” pode ocorrer mais de uma vez.
a) A Bíblia reconhece a existência de mais de um casamento simultâneo.
O primeiro caso relatado na Bíblia de uma poligamia foi o de Lameque (Gn 4.19). Apesar de não ser este o propósito central do texto, ele apresenta as duas mulheres de Lameque, Ada e Zilá, desfrutando da mesma condição em relação ao marido.
Davi recebeu Mical por mulher (1Sm 18.27; 2Sm 3.14). Apesar disso, Davi recebeu por mulheres Abgail (1Sm 25.42) e Ainoã (1Sm 25.43) no tempo em que fugia de Saul. O texto claramente diz que “ambas foram suas mulheres”. Quando Davi se assentou no trono de Judá, em Hebrom, ele se casou e teve filhos com Maaca, com Hagite, com Abital e com Eglá (2Sm 3.25). Nem todas dentre essas quatro mulheres são descritas claramente como esposas, a não ser Eglá. Mesmo assim, o fato de Maaca, a primeira da lista, ser descrita como filha de um rei torna extremamente improvável que ela fosse uma concubina e que Davi não tivesse oficializado com ela um casamento, provavelmente por questões políticas.
Deste modo, a lista das quatro mulheres começa e termina com duas esposas (Maaca e Eglá), tornando provável que as outras duas também fossem oficialmente esposas de Davi (Hagite e Abital). Assim que Davi unificou o trono e reinou em Jerusalém sobre todo o Israel, se casou ainda com outras mulheres (2Sm 5.13; 1Cr 14.3). Posteriormente Davi se casou com BateSeba (2Sm 11.27).
Salomão teve muitas esposas. Talvez a mais distinta fosse a filha do Faraó (1Rs 3.1). Apesar desse casamento, Salomão amou e teve 700 esposas “além da filha do Faraó”, desobedecendo a ordem de “não se casar” com mulheres estrangeiras (1Rs 11.13), nem acrescentar mulheres para si (Dt 17.17). O resultado foi que “suas mulheres lhe perverteram o coração” (1Rs 11.4).
Roboão, filho de Salomão, não seguiu o exemplo de seu pai acumulando um número tão exagerado de mulheres. Mesmo assim, ele teve 18 esposas das quais Maaca era a mais amada (2Cr 11.21).
O Novo Testamento também contém exemplos de poligamia. Um caso claro é o da mulher samaritana. O próprio Senhor Jesus nos informa que ela tivera cinco maridos (Jo 4.18). Há quem defenda a possibilidade de que a mulher tivesse ficado viúva cinco vezes não cometendo qualquer erro. A possibilidade é real, mas o tom de denúncia de Jesus não condiz com isso. Antes, Jesus expõe a vida desregrada da mulher samaritana apresentando junto um convite à fé. Há também quem proponha que Jesus não se referiu a cinco “maridos”, mas a cinco “homens”, que nada mais seriam que amantes ou conviventes, baseado na palavra grega usada para descrevêlos (andros). Porém, esta é a mesma palavra usada no Novo Testamento para dizer que José era “marido” de Maria (Mt 1.16), para proibir que a mulher se case novamente enquanto o “marido” ainda vive (Rm 7.3), para aconselhar o “casamento” a fim de impedir a impureza (1Co 7.2), para ordenar aos “cônjuges” que cumpram suas responsabilidades conjugais (1Co 7.3,4) e para ordenar às esposas que sejam submissas aos seus “maridos” (Ef 5.22). Portanto, Jesus afirmou, de fato, que a mulher teve cinco maridos e que aquele com quem vivia atualmente não era “marido”, ou seja, não tinha se casado formalmente com ela. Caso fosse aceito que a samaritana teve cinco “homens” que não eram seus maridos, a interpretação das palavras de Jesus seria ilógica. Significaria algo como: “Cinco homens já tiveste, e esse que agora tens não é homem”, ou “cinco homens já tiveste, e esse homem que agora tens, não o tens”. Essas interpretações distantes da razão mostram que Jesus afirmou e reconheceu que a mulher samaritana teve, de fato, cinco maridos, possivelmente enquanto alguns deles ou todos ainda viviam, motivo pelo qual Jesus usa com ela um tom de reprovação.
   Mesmo na igreja havia homens casados com mais de uma esposa. A poligamia era comum no mundo antigo e muitos dos que se convertiam eram casados com mais de uma mulher ou tinham se divorciado e se casado novamente. Por isso Paulo demonstra cautela em relação aos cargos de liderança e ordena a Timóteo que tanto pastores quanto diáconos fossem “maridos de uma só esposa” (1Tm 3.2,12). A Tito o apóstolo escreve o mesmo (Tt 1.5,6). Quando notamos as qualificações dadas por Paulo para a escolha de pastores e diáconos, percebemos que não há nenhum critério óbvio para um crente como o de “ter fé em Cristo”. Todos os itens apontam para qualidades que realmente poderiam excluir candidatos crentes aos cargos de liderança. Havia crentes que, em uma ou outra área, não se apresentavam aptos para o cargo. Havia crentes irascíveis (Cl 3.8), dados a muito vinho (1Co 11.21), não modestos (Tg 4.16) e não inimigos de contendas (Gl 5.15). Do mesmo modo, havia os que não eram “maridos de uma só esposa”. Esses homens não podiam assumir cargos de liderança por causa do seu recasamento.
À luz dessa evidência não é possível rejeitar o fato de que a Bíblia, conquanto condene o recasamento, reconhece sua existência e vê nos casamentos subseqüentes ao primeiro as mesmas prerrogativas de união entre um homem e uma mulher que perfazem um matrimônio.
b) A Bíblia faz distinção entre o casamento e a convivência carnal.
É comum que, diante do reconhecimento bíblico da existência de casamentos simultâneos, se proponha que tais casos não apontam para casamentos no seu real sentido, mas para concubinatos corriqueiramente descritos como casamentos. Segundo essa proposta, quando a Bíblia diz que certo homem tomou “outras mulheres”, deveria ser interpretado que tal homem tomou “outras concubinas”. Somente a primeira mulher desfrutaria da posição de esposa.
A Bíblia não parece tratar dessa forma. Davi possuía “esposas” e “concubinas” (2Sm 5.13; 19.5). Salomão tinha setecentas “esposas” e trezentas “concubinas” (1Rs 11.3). Roboão possuía dezoito “mulheres” e sessenta “concubinas” (2Cr 11.21). Em todos esses relatos, as concubinas são contrapostas não a uma esposa, mas a várias delas, demonstrando que a diferença entre o casamento e o concubinato não estava na divisão entre a primeira mulher e as demais, mas entre aquelas que foram unidas ao marido pelo casamento e aquelas que experimentaram apenas a união carnal.
Portanto, voltando à pergunta: “O que acontece com pessoas que se casam novamente?”, a resposta é que elas se unem em um novo laço matrimonial também indissolúvel como o primeiro. Esse novo vínculo não é permitido pelas Escrituras, mas é existente quando ocorre. É “irregular”, mas “válido.”
c) A Bíblia reconhece que a formação de “uma só carne” pode ocorrer mais de uma vez.
Uma objeção comum à existência de laços matrimoniais no recasamento é a ordem de Deus ao homem para que se una à mulher “tornandose os dois uma só carne” (Gn 2.24). Esse ensino é repetido várias vezes nas Escrituras (Mt 19.5,6; Mc 10.7,8; Ef 5.31). Porém, Paulo alerta os coríntios quanto à imoralidade sexual e diz que “o homem que se une à prostituta forma um só corpo com ela...” (1Co 6.16). Quando Paulo dá esse alerta, ele não o faz somente aos solteiros, mas a toda a igreja. Mesmo os homens casados, ao se unirem a uma prostituta, formavam um só corpo com ela.
Algo passível de confusão é o fato de Paulo usar a palavra “corpo” (soma) em lugar da palavra “carne” (σάρξ, sarx) para descrever tal união. Contudo, imediatamente explica o motivo do erro de se unir a uma prostituta, dizendo: “... Porque, como se diz, serão os dois uma só carne”. Ao escrever a expressão “um só corpo” Paulo tinha em mente a união descrita por Deus que também ocorre no casamento. O motivo de ter usado a palavra corpo em vez de carne se deve ao fato de Paulo discorrer no parágrafo em questão sobre o uso do corpo pelos crentes (1Co 6.13,15,1820). É por isso que, em contraposição à união “corporal” entre o homem e a prostituta, o apóstolo apresenta a união “espiritual” entre o crente e o Senhor (1Co 6.17).
Assim, a Bíblia reconhece a possibilidade de uma pessoa se unir em uma condição descrita como “uma só carne” com mais de uma pessoa. Isso também revela que o termo “uma só carne” não é sinônimo exato de casamento e que para haver união matrimonial deve existir mais que união carnal, necessitando da devida formalização do vínculo.
3. COMO A IGREJA DEVE TRATAR CRENTES RECASADOS?
Como a igreja não está imune a exemplos de recasamento, é necessário que se posicione diante da questão. Para isso, deve ficar claro que o fato de definir pelas Escrituras o modo de lidar com pessoas recasadas na igreja de modo algum deve nublar o ensino da proibição do recasamento por Deus. É, antes, a manutenção em graça da vida daqueles que desobedeceram tal ordem e se colocaram em uma situação irregular, porém irreversível.
Há dois casos que, apesar de fundamentalmente iguais, guardam algumas distinções. Um é o caso de pessoas já recasadas quando se converteram a Cristo. Outro é caso de crentes que, desobedecendo a Bíblia e a orientação dos seus líderes, se casaram novamente, sendo, por esta obstinação, disciplinados pela igreja. Apesar das diferenças, ambos os casos têm o mesmo efeito sobre a vida do indivíduo e necessitam da mesma solução: O arrependimento do pecador e o perdão de Deus.
Uma condição muitas vezes imposta ao crente recasado é que ele demonstre seu arrependimento desfazendo o que foi gerado pelo pecado. Para tanto, o perdão e o ingresso na igreja se daria apenas mediante o divórcio do segundo casamento, podendo ou não haver reconciliação com o primeiro cônjuge. O argumento geralmente usado para apoiar essa visão é que um crente arrependido por furtar algo, demonstra a veracidade do seu arrependimento ao restituir o produto do furto. Isso é verdade. Entretanto, é uma regra que não pode ser aplicada a todos os casos. É possível que alguém furte algo que não possa restituir, ou causar danos que não podem ser desfeitos. Alguém que deva um valor superior às possibilidades de uma quitação mesmo ao longo de muito tempo, nunca poderá demonstrar o verdadeiro arrependimento por meio do ato de desfazer o que foi gerado pelo pecado. É o caso do credor que devia ao rei uma soma espetacular até para reinos vassalos (Mt 18.24). A anulação da dívida não se deu mediante o pagamento, visto ser inalcançável, mas mediante a graça do rei (Mt 18.27), assim como faz Deus em relação aos nossos pecados. Do mesmo modo, uma jovem solteira que fique grávida não pode desfazer o que foi gerado pelo pecado interrompendo a gravidez, nem o culpado pela morte de um inocente trazêlo de volta à vida a fim de provar que está de fato arrependido. Nesses tristes casos o arrependimento em si tem que bastar.
Esses exemplos se assemelham ao recasamento. Ele, ao ser reconhecido nas Escrituras como “existente”, se torna irreversível e cria uma união que só será desfeita na morte de um dos cônjuges (Rm 7.2). Com os cônjuges vivos não é possível desfazer a união entre eles sem que haja um divórcio, o qual Deus odeia (Ml 2.16). Não há justiça em reparar um pecado com outro.
Também não se deve aconselhar o recasado a reatar os laços com seu primeiro cônjuge. Essa prática é descrita em Deuteronômio como uma “abominação perante o Senhor” (Dt 24.14). É possível que alguém diga que tal proibição é fruto da Lei abolida pelo sacerdócio de Cristo (Hb 7.12). Mas a forma em que ela é exposta não encoraja a interpretação de que ela esteja baseada em algo como um código civil ou cerimonial, em lugar do caráter santo de Deus que independe do sacerdócio em vigor. Exemplos semelhantes a esse são as proibições quanto à união de uma pessoa com seu pai, ou mãe, ou irmão, ou irmã, ou neto, ou neta, ou tio, ou tia, ou genro, ou nora, ou duas mulheres que sejam mãe e filha, ou mulher do próximo, ou mais de uma mulher, ou ter relacionamento  homossexual ou bestial (Lv 18.123). O Senhor declara que tais coisas contaminam não apenas a nação israelita, mas todos os povos (Lv 18.24,30). Do mesmo modo que tais proibições advêm do caráter santo de Deus e não foram deixadas de lado após o ministério de Cristo, também a reconciliação de uma pessoa recasada com seu primeiro cônjuge deve, pelo mesmo motivo, ser rejeitada pela igreja.
Assim, crentes recasados devem se arrepender do seu pecado, não devem se divorciar e devem preservar um relacionamento de fidelidade com seu cônjuge atual. Quanto à igreja, esta deve perdoar o pecado do irmão arrependido (Lc 17.3), sabendo que Cristo fez o mesmo (1Jo 1.9), e deve introduzilo ou reintroduzilo na comunhão dos irmãos (2Co 2.58). Entretanto, tais indivíduos não poderão exercer atividades ministeriais (1Tm 3.2,12; Tt 1.5,6).
Esse posicionamento não deve ser encarado nem pelos crentes, nem pela liderança das igrejas como uma abertura para o pecado ou como uma brecha à qual os desobedientes podem recorrer. O modo como a Bíblia lida com possibilidade do abuso da liberdade cristã e do perdão gracioso de Deus não é uma forma legalista ou penal. A Bíblia, ao tratar da liberdade e do perdão, expõe a santidade de Deus, a nova natureza do cristão e o desencorajamento de uma vida contrária à condição do remido (Rm 6.1,2; Gl 5.13).
CONCLUSÃO
O melhor modo de concluir as considerações presentes a respeito do recasamento em face dos ensinos bíblicos é responder novamente, de forma sucinta, as três questões levantadas no início:
1. A Bíblia aprova ou permite o recasamento?
De modo algum, em lugar nenhum, sob nenhuma circunstância.
2. O que acontece com pessoas que se casam novamente?
Elas realmente se casam, apesar da irregularidade do ato. Devem se arrepender do pecado, mas não devem nem podem se divorciar, nem tampouco reatar o relacionamento anterior. Devem ser fiéis ao cônjuge atual até que a morte desfaça esse laço. Devem também buscar o perdão e a comunhão sincera com Deus e com a Igreja.
3. Como a igreja deve tratar crentes recasados?
A igreja deve perdoar o arrependido, conquanto ouça dele o pedido de perdão e constate nele a ausência de rebeldia na sua vida em geral. O irmão recasado arrependido deve ser integrado na vida e na comunhão da igreja, sendolhe impostas as devidas restrições ministeriais. Os pastores e professores devem alertar a igreja, diante disso, das consequências do pecado a fim de que haja temor entre os irmãos e consciência da necessidade de uma vida santa por parte dos remidos.

quarta-feira, 28 de agosto de 2019

TEONTOLOGIA - A Doutrina de Deus

 Como podemos definir DEUS?

Deus não pode ser definido por uma palavra ou por uma frase. Portanto, é necessário que tentemos, mesmo que de forma limitada, descrever as “qualidades de Deus”, ou o que chamamos de seus “atributos”.

Essa descrição é limitada, pois Deus é INCOMPREENSÍVEL a nós. Por isso, o descrevemos com base apenas no que ele nos REVELOU a seu respeito. Tais descrições apontam igualmente para o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
 Os atributos de Deus são  os aspectos do seu caráter.
   Para entendermos melhor os Atributos de Deus, analisamos e classificamos tais aspectos no que chamamos de 'CATEGORIAS DOS ATRIBUTOS DIVINOS'. São eles:

A) Atributos naturais e morais

De modo apenas didático, os atributos naturais de Deus envolvem sua essência (ex.: eternidade, imutabilidade) e os atributos morais, sua vontade (ex.: santidade, justiça).

 B) Atributos incomunicáveis e comunicáveis

Os atributos incomunicáveis são aqueles exclusivos de Deus, como a eternidade e a onipotência. Apenas ele tem essas qualidades e elas não foram transmitidas (comunicadas) a nenhum ser criado. Deus não compartilhou tais atributos com o homem. Os atributos comunicáveis, por sua vez, foram impressos na humanidade na criação: são a inteligência, a vontade e a moralidade, entre outros.

OS ATRIBUTOS DE DEUS:

- AMOR

O amor envolve afeição, mas também envolve atitude de entrega, cuidado e correção. O amor busca o bem do ser amado e paga o preço pela promoção desse bem.

A Bíblia declara que “Deus é amor” (1Jo 4.8). Em relação ao homem, esse amor se revela no fato de Deus se permitir amar os pecadores. Isso é graça (Ef 2.4-8). O amor foi derramado no coração do cristão (Rm 5.5) e quando Deus corrige, demonstra amor pelos seus filhos (Hb 12.6,7).

Algumas características ligadas intimamente ao amor, até mesmo fazendo parte dele, são: bondade, misericórdia, longanimidade e graça.

· A bondade divina pode ser definida como a preocupação benevolente com suas criaturas (At 14.17).

· A misericórdia é o aspecto da bondade que faz Deus demonstrar piedade e compaixão (Ef 2.4,5).

· A longanimidade fala sobre o controle diante das provocações (1Pe 3.20).

· Graça é o favor imerecido de Deus demonstrado primariamente pela pessoa e obra de Jesus Cristo (2Tm 1.9).

O fato de Deus ser amor não é base para o “universalismo”, ou seja, que, no final, ele acabará salvando todas as pessoas. O amor NÃO anula outros atributos de Deus como SANTIDADE e JUSTIÇA. Tal HERESIA é totalmente contraditória ao ensino bíblico (Mc 9.45-48).

 ETERNIDADE

O atributo da eternidade significa que Deus não tem começo nem fim. Sua existência é eterna, tanto no passado como no futuro, sem interrupções ou limitações causadas por uma sucessão de eventos.

A autoexistência de Deus está intimamente ligada com sua eternidade, pois, por não ter começo, ele não foi criado por outro, existindo por si só.

 A Bíblia fala da eternidade de Deus (Sl 90.2; Gn 21.33).

Uma das implicações da eternidade de Deus é que ela nos dá muito conforto, visto que ele nunca deixará de existir e que seu controle sustentador e providencial de todas as coisas e eventos está assegurado.

 IMUTABILIDADE

Significa que Deus não muda. Não quer dizer que ele esteja imóvel ou inativo, mas que não se altera, cresce ou se desenvolve.

A Bíblia ensina sobre a imutabilidade de Deus (Ml 3.6; Tg 1.17).

Um problema levantado dentro desse assunto é: “Deus se arrepende?” (Gn 6.6). Na verdade, tal linguagem não corresponde ao que, como homens, vivenciamos no arrependimento. Tanto a imutabilidade como a sabedoria e onisciência de Deus tornam vazias as ideias de que ele muda seus planos eternos ou que se arrepende de algo que fez. Nesse caso, o arrependimento é mais uma linguagem antropomórfica (ver Gn 6.6 no que fala do “coração” de Deus).

Há também o problema de vermos Deus tratando fatos iguais de maneiras diferentes durante a história. Isso também não quer dizer que Deus mude, mas que ele executa seu plano para com o homem durante a história conforme seus eternos propósitos.

A imutabilidade de Deus também nos conforta e encoraja, pois sabemos que suas promessas não falharão (Ml 3.16; 2Tm 2.13). Deus também mantém sempre a mesma atitude contra o pecado.

 - INFINITUDE

Significa que Deus não tem limites ou limitações. Não é limitado nem pelo TEMPO, nem pelo ESPAÇO.

As Escrituras descrevem essa qualidade divina (1Rs 8.27; At 17.24-28).

Infinitude não é o mesmo que onipresença. A infinitude aponta mais para a transcendência de Deus (já que não está limitado pelo espaço) e a onipresença aponta para a imanência de Deus (já que está presente em todos os lugares).

- JUSTIÇA

A justiça está ligada à lei, à moralidade e à retidão. Deus é reto em relação a si mesmo e em relação à criação.

A Bíblia muito enaltece a JUSTIÇA de Deus (Sl 11.7; 19.9; Dn 9.7; At 17.31).

- LIBERDADE

Deus independe das suas criaturas e da sua criação. Não há qualquer criatura que IMPEÇA Deus ou que o OBRIGUE a algo.

Isaías expõe a liberdade e a independência de Deus com uma pergunta retórica (Is 40.13,14). Jesus mostrou que Deus exerce sua liberdade ao executar LIVREMENTE sua VONTADE (Mt 11.26).

Isso significa que Deus é livre para tudo? Na verdade, ele é limitado apenas pela sua própria NATUREZA. Assim, a SANTIDADE dele o impede de PECAR e a ETERNIDADE dele o impede de MORRER. A perfeição de Deus NÃO é afetada por esse tipo de limitação e sim mantida.

A liberdade de Deus nos mostra que ele NÃO tem quaisquer obrigações para conosco a menos que ele mesmo queira se comprometer. Desse modo, não temos qualquer direito de fazer cobranças a Deus.

- ONIPOTÊNCIA

Deus pode fazer qualquer coisa compatível com sua própria natureza. Mesmo podendo tudo, o que ele escolhe fazer ou não tem motivos que só ele conhece.

A Bíblia está repleta de textos que falam sobre a onipotência de Deus (Gn 17.1; Ex 6.3; 2Co 6.18; Ap 1.8).

A onipotência de Deus tem limites? Sim, em três  áreas:

· Limitações naturais (Tt 1.2; Tg 1.13, 2Tm 2.13).

· Limitações autoimpostas (Gn 9.11; At 12.2).

· Limitações por definição (ex.: 2+2=6 ou um triângulo de 4 pontas).

Essas limitações não tornam Deus imperfeito. Sua perfeição tem a COERÊNCIA como fator INTEGRANTE. A perfeição de Deus NÃO permite que ele se torne IMPERFEITO no uso da sua ONIPOTÊNCIA. O mais importante é que Deus NÃO pode fazer COISAS ERRADAS.

Em relação ao cristão, o poder de Deus é principalmente relevante quanto ao Evangelho (Rm 1.16), à segurança (1Pe 1.5) e à ressurreição (1Co 6.14).

- ONIPRESENÇA

Significa que Deus está presente em todos os lugares.

O texto clássico sobre a onipresença de Deus é (Sl 139.7-10).

Onipresença NÃO é o mesmo que “panteísmo”, que iguala o universo a Deus. Há distinção entre Deus e a criação, apesar de a sua presença estar em toda parte. Ele não se torna DIFUSO ou TRANSPOSTO pelo universo.

Aprendemos com a onipresença que ninguém pode fugir de Deus e que ele está presente em todas as CIRCUNSTÂNCIAS da nossa vida.

- ONISCIÊNCIA

Deus sabe todas as coisas de modo PLENO sem esforço algum. Não há coisas ou assuntos que ele NÃO conheça melhor que outros. Ele conhece tudo igualmente bem. Deus nunca tem dúvidas, nem busca respostas (a não ser quando, de modo didático, inquire os homens para o próprio bem deles).

As Escrituras enaltecem o conhecimento ILIMITADO de Deus (Sl 139.16; 147.4).

O fato de sabermos sobre a onisciência de Deus deve nos trazer segurança, conforto e sobriedade (Hb 4.13).

- SANTIDADE

Significa que Deus é SEPARADO de TUDO que é INDIGNO ou IMPURO e que, ao mesmo tempo, é COMPLETAMENTE PURO e DISTINTO de todos os outros.

A santidade foi muito enfatizada por Deus no tempo do AT (Lv 11.44; Is 40.25; Hc 1.12). No NT, a santidade é uma qualidade marcante de Deus (Jo 17.11; 1Pe 1.15,16; Ap 4.8).

A santidade de Deus torna necessário o AFASTAMENTO entre ele e os PECADORES — a menos que estes sejam feitos santos por intermédio dos méritos de Cristo.

A santidade divina deve fazer o cristão ser SENSÍVEL ao seu PECADO (Is 6.3,5; Lc 5.8). A santidade dele o torna PADRÃO para nossa VIDA e CONDUTA (1Jo 1.7).

 - SIMPLICIDADE

Significa que Deus NÃO é um ser COMPOSTO nem tem partes DISTINTAS. Está relacionada à ESSÊNCIA de Deus e NÃO é CONTRÁRIA à doutrina da Trindade. Apesar de ser TRIÚNO, Deus NÃO é COMPOSTO de muitas PARTES ou SUBSTÂNCIAS.

Um aspecto da simplicidade de Deus é “Deus é espírito” (Jo 4.24). Em contraste, os seres humanos são tanto ESPÍRITO como MATÉRIA. Na encarnação, Jesus se tornou carne, mas o Deus-homem sempre foi ESPÍRITO.

Isso nos garante que Deus sempre será Espírito e nos capacita a adorá-lo em espírito, isto é, não de maneiras materiais.

- SOBERANIA

Significa, em primeiro lugar, que Deus é o SER SUPREMO do UNIVERSO e, em segundo lugar, que ele é o PODER SUPREMO do UNIVERSO.

Deus exerce o PODER TOTAL sobre TODAS as COISAS, mesmo que possa escolher deixar que tudo aconteça seguindo LEIS NATURAIS que ele mesmo ESTABELECEU.

A Bíblia revela que Deus tem um PLANO ABRANGENTE (Ef 1.11), que TUDO está sob o CONTROLE dEle (Sl 135.6), mesmo o MAL, ainda que o Senhor NÃO se ENVOLVA com ele (Pv 16.4) e que seu principal OBJETIVO é o LOUVOR da sua GLÓRIA (Ef 1.14). Alguns problemas levantados são:

· A soberania de Deus ANULA a responsabilidade do homem?

· Por que a soberania de Deus PERMITE a EXISTÊNCIA do MAL?

Aos nossos olhos, essas questões são CONTRADIÇÕES, mas essa visão é apenas APARENTE. De modo misterioso a nós, a soberania de Deus NÃO ANULA a RESPONSABILIDADE do homem e vice-versa (Fl 2.12,13). Quanto ao PECADO, um dia Deus irá puni-lo. Mas, por agora, de algum modo, faz parte do PLANO de Deus (caso contrário, não seria soberano), sendo que o Senhor NÃO o CRIOU (caso contrário, não seria santo) (Rm 9.21-23).

 - UNIDADE

Significa que só existe um Deus e que ele é INDIVISÍVEL.

Essa qualidade foi especialmente enfatizada no AT (Dt 6.4). O NT, mesmo trazendo uma clara revelação da Trindade, afirma a UNIDADE de Deus (Ef 4.6; 1Co 8.6; 1Tm 2.5).

Isso quer dizer que as pessoas da Trindade NÃO são ESSÊNCIAS SEPARADAS.

 - VERDADE

Quer dizer que Deus é COERENTE consigo mesmo, que ele é tudo que deveria ser, que ele se REVELOU como realmente é e que sua REVELAÇÃO é TOTALMENTE CONFIÁVEL.

Deus é o ÚNICO Deus VERDADEIRO (Jo 17.3), portanto, NÃO pode MENTIR (Tt 1.2) e é sempre CONFIÁVEL. Deus NÃO pode fazer nada que CONTRADIGA sua PRÓPRIA NATUREZA e NÃO é possível que QUEBRE sua PALAVRA ou que NÃO cumpra suas PROMESSAS (2Tm 2.13).

   Como sabemos que Deus existe?

 Explicação e Base Bíblica –  A
resposta pode ser dada em duas partes: primeira, todas as pessoas
têm uma INTUIÇÃO ÍNTIMA de Deus. Segunda, CREMOS nas PROVAS
encontradas nas ESCRITURAS e na NATUREZA.

   Todas as pessoas de qualquer lugar têm uma profunda intuição
íntima de que Deus existe, de que são criaturas de Deus e de que ele
é seu Criador. Paulo diz que mesmo os gentios descrentes tinham
“conhecimento de Deus”, mas não o honravam como Deus nem lhe
eram gratos (Rm 1:21).

   Além da consciência íntima de Deus, que dá claro testemunho do
fato de que ele existe, encontramos claras evidências da sua
existência nas Escrituras e na natureza.
 As provas de que Deus existe se encontram, logicamente,
disseminadas por toda a Bíblia. De fato, a Bíblia sempre pressupõe
que Deus existe. O primeiro versículo não apresenta provas da
existência de Deus, mas passa imediatamente a nos narrar o que ele
fez: “No princípio, criou Deus os céus e a terra”. Se nos convencemos
de que a Bíblia é verdadeira, então sabemos com base nela não só
que Deus existe, mas também muita coisa sobre sua natureza e seus
atos.
 O mundo também dá farto testemunho da existência de Deus.
Paulo diz que a eterna natureza e divindade de Deus são claramente
percebidas “por meio das coisas que foram criadas” (Rm 1:20).

   Também temos as “provas” tradicionais da existência de Deus, arquitetadas por
filósofos cristãos (e alguns não cristãos) de várias épocas da história,
são de fato tentativas de analisar as evidências, especialmente as
evidências da natureza, de modos extremamente cuidadosos e
logicamente precisos, a fim de convencer as pessoas de que não é
racional rejeitar a idéia de que Deus existe.
 
   A maior parte das provas tradicionais da existência de Deus pode
ser classificada em quatro tipos importantes de argumento:

 1- O Argumento Cosmológico - Considera o fato de que toda coisa
conhecida do universo tem uma causa. Portanto, arrazoa o
argumento, o próprio universo deve também necessariamente ter
uma causa, e a causa de um universo tão grandioso só pode ser
Deus.

 2- O Argumento Teleológico – É na verdade uma subcategoria do
argumento cosmológico. Concentra-se na evidência da harmonia, da
ordem e do planejamento no universo, e argumenta que esse
planejamento dá provas de um propósito inteligente (a palavra grega
telos significa “fim”, “meta” ou “propósito”). Como o universo parece
ter sido planejado com um propósito, deve necessariamente existir
um Deus inteligente e determinado que o criou para funcionar assim.

3- O Argumento Ontológico – Parte da idéia de Deus, definido
como um ser “maior do que qualquer coisa que se possa imaginar”.
Depois arrazoa que a característica da existência deve pertencer a tal
ser, pois maior é existir que não existir.

 4- O Argumento Moral – Parte do senso humano do certo e do
errado, e da necessidade da imposição da justiça, e raciocina que
deve necessariamente existir um Deus que seja a fonte do certo e do
errado e que vai algum dia impor a JUSTIÇA a TODAS as pessoas.

   Como todos esses argumentos se baseiam em fatos sobre a
criação que realmente são verdadeiros, podemos dizer que todas
essas provas (quando cuidadosamente formuladas) são, num sentido
objetivo, provas válidas.

   São válidas porque avaliam corretamente as evidências e ponderam com acerto, chegando a uma conclusão verdadeira: de fato, o universo realmente tem Deus como causa, realmente dá provas de um planejamento deliberado, Deus realmente existe como ser maior do que qualquer coisa que se possa imaginar e ele realmente nos deu um senso do certo e do errado e um senso de que seu juízo virá algum dia.

    Finalmente, é preciso lembrar que neste mundo pecador Deus
precisa POSSIBILITAR que nos convençamos, senão jamais
creríamos nele. Lemos que “o deus deste século cegou o
entendimento dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz
do evangelho da glória de Cristo” (2Co 4:4). Não obstante, Paulo diz
que “visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por sua própria sabedoria, aprouve a Deus salvar os que crêem pela loucura da pregação” (1Co 1:21).

   Se pretendemos conhecer a Deus, antes é necessário que ele se
REVELE a nós. Mesmo discutindo a REVELAÇÃO de Deus que vem da
natureza, Paulo diz que o que podemos conhecer sobre Deus está
claro às pessoas “porque Deus lhes manifestou” (Rm 1:19). A CRIAÇÃO NATURAL revela Deus porque ele mesmo decide REVELAR-SE assim.

   Como Deus é INFINITO, e nós, FINITOS e LIMITADOS, jamais poderemos compreender PLENAMENTE a Deus. Nesse sentido, podemos dizer que Deus é incompreensível, ou seja, “que não pode ser plenamente compreendido”. Esse sentido precisa ser claramente distinguido do significado mais comum, “que não pode ser compreendido”. NÃO é verdade dizer que Deus NÃO pode ser compreendido, mas, sim, dizer que ele NÃO pode ser compreendido PLENA ou EXAUSTIVAMENTE.

    Embora NÃO possamos conhecer EXAUSTIVAMENTE a Deus, podemos conhecer coisas VERDADEIRAS sobre ele. De fato, TUDO o que as Escrituras nos falam sobre Deus é VERDADEIRO. É verdade dizer que Deus é AMOR (1Jo 4:8), que Deus é LUZ (1Jo 1:5), que Deus é ESPÍRITO (Jo 4:24), que Deus é JUSTO ou RETO (Rm 3:26) e assim por diante.
   Dizer isso NÃO implica nem exige que saibamos tudo sobre Deus, ou sobre seu amor, ou sobre sua justiça ou sobre qualquer outro atributo.


   Segundo a visão cristã, a negação de Deus ou o conceito errado sobre ele produzirá desajustes e quedas na vida de uma pessoa. Já o conceito correto sobre Deus trará equilíbrio e sensatez.

   Obviamente os crentes aceitam sem reservas o fato da existência
de Deus. Crendo na VERACIDADE da Bíblia, NÃO pode negar o Deus
que ela apresenta.

   Assim, numa sociedade em que o ATEÍSMO FILOSÓFICO e PRÁTICO FINGE ser INCONTESTÁVEL, os discípulos de Jesus caminham na CONTRAMÃO
das TENDÊNCIAS SECULARES, proclamando a REALIDADE de um Deus
criador, amoroso e santo com quem é possível o homem se relacionar e, por meio disso, desfrutar de notável satisfação.

   Os cristãos também acreditam que o fato de alguém RECONHECER ou NÃO o Deus das Escrituras Sagradas INFLUENCIA DIRETAMENTE não somente a sua RELIGIOSIDADE, mas também o estilo de VIDA que adota, o qual
abrange seu modo de PENSAR, FALAR e AGIR. O ateísmo, segundo
entendem, é, portanto, perigoso, uma vez que lança o homem num
VÁCUO MORAL, longe de qualquer fundamento ético SÓLIDO sobre o qual possa construir sua VIDA e CONDUTA.
    Fica claro, portanto, que a crença em Deus e a CONCEPÇÃO SADIA acerca dele NÃO são meras questões filosófico-religiosas, mas constituem fatores DETERMINANTES da FELICIDADE e do BOM VIVER do ser humano.

    Ainda sobre a existência de Deus, vale ressaltar que a Bíblia NÃO discute a existência de Deus. Antes, simplesmente a
afirma logo em seu primeiro versículo (Gn 1:1), dizendo
posteriormente que é POSSÍVEL perceber que Deus existe por meio da
CRIAÇÃO e da PROVIDÊNCIA (At 14:17; Rm 1:20), sendo isso tão ÓBVIO que somente os INSENSATOS são capazes de dizer que NÃO há Deus (Sl 14:1).

   Por causa disso, os argumentos a seguir, já tratados anteriormente, não foram desenvolvidos na Bíblia. Em vez disso, foram elaborados por teólogos do passado
que perceberam que a existência de Deus pode ser COMPROVADA pelo
simples USO da RAZÃO.
 Temos visto, que há, basicamente, quatro ARGUMENTOS LÓGICOS que são usados para defender a existência de Deus. Veja-os a seguir de maneira mais simplificada :

   O Argumento Cosmológico – Esse argumento afirma que existe um
mundo (Gr. Kosmos). Logo, ALGO ou ALGUÉM deve tê-lo CAUSADO, pois
NÃO existe EFEITO sem CAUSA. Ademais, numa cadeia ininterrupta de
CAUSAS e EFEITOS, chega-se fatalmente a uma CAUSA ORIGINAL NÃO
CAUSADA. Essa causa primária só pode ser Deus. Os principais
expoentes desse argumento foram Aristóteles e Tomás de Aquino.

   O Argumento Teleológico - Aponta para o fato de que as coisas que
existem no universo têm um propósito ou finalidade (Gr.telos). Além
disso, tudo revela um arranjo ordenado num grau de harmonia e
organização surpreendentes. Obviamente, um sistema harmonioso, funcional e que atende a inúmeras finalidades não pode ter como causa uma força impessoal (como uma explosão, por exemplo) ou o
acaso. De fato, somente uma mente inteligente pode originar
sistemas tão complexos como os encontrados no universo. Essa
“mente” só pode ser Deus.

    O Argumento Ontológico - Foi proposto inicialmente por Anselmo de Canterbury (c.1033-1109). Parte da afirmação de que a crença em Deus é universal, sendo certo que todo homem tem em si a idéia de um Ser Perfeito. Segundo Anselmo, se o homem concebesse a idéia
de um Ser Perfeito que não existe, esse ser não seria perfeito, dada a
sua inexistência. Logo, o Ser Perfeito deve existir.

    O Argumento Antropológico e Moral - Esse argumento realça que o homem NÃO é apenas um ser físico, mas também um ente dotado de CONSCIÊNCIA, senso MORAL, INTELECTO, EMOÇÕES e VONTADE. Esses
fatores PSÍQUICOS e MORAIS NÃO podem ter como CAUSA uma FORÇA CEGA ou meros COMPONENTES FÍSICO-QUÍMICOS.

   Além disso, a crença na divindade é inerente ao homem. Tudo isso só encontra explicação no
fato de o ser humano ter sido criado à imagem e semelhança de um
Deus santo e pessoal que imprimiu nele algumas de suas marcas.

    Vimos que "Atributo" é uma qualidade própria de um ser. Por atributos de Deus entendem-se as propriedades que pertencem ao seu ser e que consequentemente o CARACTERIZAM. Seus atributos são perfeições que lhe são atribuídas nas Escrituras e que podem ser verificadas nas obras da CRIAÇÃO, PROVIDÊNCIA e REDENÇÃO.
 Como os atributos de Deus são vários, os estudiosos os dividem em dois grupos: os ATRIBUTOS NATURAIS e os ATRIBUTOS MORAIS.

 Vimos que "Atributos Naturais" são atributos ligados á existência de Deus, ou seja, àquilo que ele é em si mesmo. Os atributos naturais são os seguintes:

VIDA – Deus é um ser vivo. Ele PENSA, SENTE e AGE. Sua vida é
INFINITA. Ele JAMAIS morrerá (Jr 10:10; Mt 16:16; Jo 5:26; 1Ts 1:9).

ESPIRITUALIDADE - Deus é Espírito. Ele NÃO tem corpo, sendo,
portanto, INVISÍVEL (Dt 4:15; Jo 4:24; 1 Tm 1:17).

PERSONALIDADE – Deus é PESSOAL. Isto NÃO significa que ele
existe em um corpo como as pessoas comuns, mas sim que ele tem
uma PERSONALIDADE, sendo dotado de INTELECTO (ou inteligência),
EMOÇÕES e VONTADE (Êx 4:14; Rm 8:28; Rm 11:33-36; Ef 1:8-9).

AUTOEXISTÊNCIA - Deus existe por si mesmo. Ele NÃO foi CAUSADO.
Sua vida NÃO provém de nada que não seja ele mesmo. É necessário
frisar também que ele NÃO se AUTOCRIOU (Êx 3:14; Jo 5:26).

 ETERNIDADE – Deus NÃO tem começo e nem fim. Ele existe e
sempre existiu ETERNAMENTE. Ele está acima do tempo (Sl 90:2; Hb 1:10-12; Ap 1:8).

ONISCIÊNCIA - Deus CONHECE TODAS as coisas. NÃO há nada que ele possa ou tenha que aprender. Seu conhecimento é infinito e completo (Is 40:28; Rm 11:33; Hb 4:13). Ele sabe o que aconteceu, o que
acontece, o que acontecerá e o que aconteceria (Sl 139:3-4; Mt 11:21-23).

ONIPOTÊNCIA - Deus tem poder ILIMITADO. Ele pode fazer tudo que
deseja e que planejou EXECUTAR sem que nada o IMPEÇA ou DIFICULTE
suas AÇÕES (Jó 42:2; Jr 32:17; Sl 115:3; Mt 19:26). Entretanto, todo o seu poder é coerente com seu CARÁTER SANTO e sua NATUREZA INFINITA.
Desse modo, há coisas que Deus NÃO pode fazer, como MENTIR,
MORRER ou CRIAR um ser melhor que ele próprio (Tt 1:2; Hb 6:18).

ONIPRESENÇA - Deus está presente em TODOS os LUGARES. Não se
pode FUGIR de sua PRESENÇA. Isso NÃO significa que Deus está contido em sua CRIAÇÃO, mas sim, que NÃO existe lugar algum em TODO o UNIVERSO onde ele NÃO ESTEJA (Sl 139:7-10; Jr 23:23-24).

IMUTABILIDADE - Deus NÃO MUDA. Ele permanece sempre o
mesmo. Seu relacionamento com as pessoas as TRANSFORMA, mas ele
mesmo NUNCA é TRANSFORMADO. De fato, NADA lhe pode ser
ACRESCENTADO ou TIRADO. Sua imutabilidade é real porque ele é
PERFEITO, NÃO havendo nada em seu ser que precise mudar (Sl 102:27; Ml 3:6; Tg 1:17).

Os Atributos Morais:

 São os atributos ligados ao caráter infinitamente IMACULADO de
Deus. Podem ser resumidos em dois:

SANTIDADE – Deus é ABSOLUTAMENTE SANTO. Ele está SEPARADO de
tudo o que é MAU e IMPURO. Ele é PERFEITO, PURO e ÍNTEGRO em seu caráter (Is 6:3; 1Pe 1:15-16; 1Jo 1:5; Hb 6:18).
A santidade de Deus se manifesta por meio de sua RETIDÃO, ou seja,
ele FAZ e EXIGE o que é RETO (Sl 25:8). Também por meio de sua
JUSTIÇA, que é a EXECUÇÃO das PENALIDADES contra o PECADO (Sl 11:4-
7), a santidade de Deus se evidencia.

AMOR - Deus ama suas criaturas. Ele se preocupa com o bem-estar
delas. Movido pelo amor, DEUS SAI em busca do homem e procura se
relacionar com ele, mesmo quando isso envolve SACRIFÍCIO (Is 63:9; Jo
3:16; 1Jo 4:16). O amor de Deus se manifesta também por meio de
sua MISERICÓRDIA, que é a disposição que tem de NÃO aplicar a pena
que o PECADO MERECE, e por meio da sua GRAÇA, que é a disposição
que tem de dar aquilo que o PECADOR NÃO MERECE (Ef 2:8).

Outros Importantes Atributos De Deus São:

SOBERANIA – Deus REINA ABSOLUTO sobre TODO UNIVERSO, governando-o com sua infinita SABEDORIA e sem ter que OFERECER EXPLICAÇÕES a ninguém acerca de seus ATOS (Jó 40:1-9; Rm 9:20).

LIBERDADE - Sendo SOBERANO e DONO de TUDO, Deus é LIVRE para
FAZER o que QUISER, sendo IMPOSSÍVEL que ultrapasse seus “direitos”, uma vez que NÃO HÁ LIMITES para sua AUTORIDADE (Is 46:9-10; Rm 9:21).

 AUTOSSUFICIÊNCIA - Deus NÃO PRECISA de NADA nem de NINGUÉM.
Quando ele REALIZA ou ORDENA algo, NÃO o FAZ para SUPRIR alguma
NECESSIDADE SUA, MAS para MANIFESTAR LIVREMENTE seu AMOR, SABEDORIA, PODER e GRAÇA aos homens (At 17:24-25).

A Tri-Unidade:

 Deus é um ser em três pessoas. Pai, Filho e Espírito Santo são
pessoas distintas, que se interrelacionam numa única essência. Essa
doutrina não pode ser entendida pela lógica humana, mas é
claramente ensinada na Bíblia que afirma a divindade do Pai (Ef 1:3),
do Filho (1 Jo 5:20) e do Espírito Santo (At 5:3-4).
 A doutrina da Tri-Unidade não deve ser entendida como triteísmo
(a crença em três deuses distintos), pois ainda que Deus seja
tripessoal, a Bíblia afirma claramente que ele é um só em essência
ou substância (Dt 6:4; Tg 2:19).
 Também não se deve pensar que as pessoas da Tri-Unidade
sejam manifestações diferentes de uma só pessoa divina
(sabelianismo ou modalismo). Isso porque as três pessoas, ainda que
unidas em essência (Jo 10:30), são distintas entre si (Mt 3:16-17),
sendo certo que o Filho é eternamente gerado (unigênito) pelo Pai
(Jo 1:14,18; 3:16,18) e a ele se sujeita (Jo 5:19; 8:28; 12:49),
enquanto o Espírito Santo procede somente do Pai, mas é enviado
tanto pelo Pai (Jo 14:16,26) como pelo Filho (Jo 15:26).
 Sendo três pessoas da Tri-Unidade iguais em divindade, tanto o
Pai como o Filho e o Espírito Santo devem ser igualmente adorados,
cultuados, honrados, invocados e obedecidos (Mt 28:19; 1Co 8:6;
2Co 13:14; 2Tm 1:2; 1Jo 1:3).

Os Decretos de Deus :

 Decretos de Deus são seus PLANOS e DESÍGNIOS PERFEITOS, estabelecidos na ETERNIDADE. Por meio deles o Senhor DIRIGE SOBERANAMENTE a
HISTÓRIA e realiza sua VONTADE em TODO o UNIVERSO, atingindo, assim, seus PROPÓSITOS SANTOS (Ef 1:11).

   Os decretos de Deus são IMPOSSÍVEIS de ser frustrados (Jó 23:13-
14; 42:2; Is 43:13; 46:10), sobrepõem-se aos propósitos humanos (Sl
33:10; Pv 19:21; Dn 4:35; Fp 2:13) e, sendo perfeitos, não sofrem
alterações (1Sm 15:29; Is 46:10; Hb 6:17), subsistindo para sempre
(Sl 33:11).

  IMPORTANTE!

 Quando a Bíblia diz que Deus se arrependeu, isso NÃO significa que ele reconheceu seus erros e, então, decidiu voltar atrás (1Sm 15:29). Na verdade, a frase “Deus se arrependeu” é expressão do que alguns teólogos chamam de linguagem analógica , ou seja, uma linguagem
que envolve COMPARAÇÃO ou APROXIMAÇÃO.

    Isso significa que o que Deus sente NÃO pode ser traduzido com precisão em termos humanos. Por isso, a Bíblia adota muitas vezes uma linguagem que se aproxima ao máximo do que o homem pode compreender a partir de suas próprias SENSAÇÕES e EXPERIÊNCIAS, sendo certo, contudo, que essa forma de falar sobre a divindade NÃO descreve suas emoções com exatidão.

   Outro fato a se considerar é que o arrependimento, quando aplicado a Deus, NÃO se refere necessariamente a mudanças de ideia, mas sim a uma “guinada” no modo como ele vem tratando o homem, seja da bênção para o castigo (Gn 6:6-7; 1Sm 15:11,35; Jr 18:9-10), seja do castigo para o perdão (Êx 32:14; 2Sm 24:16; Jr 18:8; Am 7:2-6; Jn 3:10). Isso, porém, não implica alteração do seu plano previamente traçado.

   A Bíblia ensina que os decretos de Deus envolvem “TODAS AS
COISAS” (Ef 1:11), mas é possível CLASSIFICAR as esferas de sua ABRANGÊNCIA da seguinte maneira:

A CRIAÇÃO -

Tudo o que Deus criou está SUJEITO aos seus PLANOS e cumpre o que ele DETERMINA (Sl 148:1-10). Foi, inclusive, por seu DECRETO soberano que a natureza foi submetida à vaidade (ou seja, foi condenada à uma existência fútil, fadada à deterioração) até o dia da LIBERTAÇÃO dos crentes (Rm 8:20-21). De fato, nada acontece em toda a criação sem a AUTORIZAÇÃO SUPREMA de Deus (Mt 10:29).

 A HISTÓRIA -

O Senhor determinou os tempos de ascensão e queda
de todos os povos e também as regiões específicas que deveriam
ocupar (Dt 32:8; At 17:26). Ele decretou os atos cruéis da Assíria (Is
10:5-6) e a queda desse império por não reconhecer que era só um
instrumento nas mãos de Deus (Is 10:12-15). Ele decretou também a
destruição das nações pelos babilônios (Sf 3:8), predeterminou o
castigo dos próprios babilônios (Jr 25:11-14) e planejou a restauração
de Jerusalém por meio de Ciro (Is 44:24-28; 46:11). As ações de
Herodes, de Pôncio Pilatos, dos gentios e do povo de Israel no trato
com Jesus foram predeterminadas por Deus (At 4:27-28). Ele
também traçou a trajetória de expansão do cristianismo (At 16:6-10).
O Senhor ainda decretou que a história termine com a sujeição
completa de todo o universo a Cristo (Ef 1:9-10). Na verdade, as
profecias do A.T. e os ensinos do N.T. acerca do futuro nada mais
são do que revelações dos decretos de Deus referentes à história
universal.

O Governo Humano -

 Ainda que os diversos países sejam
governados por homens e sistemas legais injustos, é preciso
reconhecer que os decretos de Deus também estão por trás dos
governos das nações, não havendo nenhuma autoridade política que
não tenha sido estabelecida pelo Senhor (Dn 2:21; Rm 13:1). Foi
Deus quem deu autoridade e poder a Faraó (Rm 9:17), a
Nabucodonozor (Jr 27:4-8), a Ciro (Is 41:2-4; 45:1-7) e a Pilatos (Jo
19:10-11), tudo com o objetivo de, por meio deles, cumprir os seus
decretos. Desse modo, ele, o Senhor, tem pleno domínio sobre o
reino dos homens e o dá a quem ele quer (Dn 4:17, 25, 32; 5:21),
movendo o coração dos governantes de acordo com seus propósitos
às vezes misteriosos, mas sempre justos (Êx 9:12; 10:20, 27; 11:10;
14:8; Ed 7:21-28; Pv 21:1).

 A Vida Dos Indivíduos -

 Os planos de Deus se realizam também
na vida de cada indivíduo, sendo ele quem decide formar pessoas
fisicamente perfeitas (Sl 139:13-14) e pessoas mudas, surdas e
cegas (Êx 4:11; Jo 9:1-3). O Senhor também decretou os limites da
vida de cada um, fixando o número certo de seus dias (Jó 14:5; Mt
6:27) e todos os detalhes da história de todos os seres humanos (Jó
23:13-15; Sl 138:8; 139:16), incluindo suas funções (Jr 1:5; Gl 1:15-
16), suas capacitações (Dn 2:21), suas experiências (At 22:14-15) e a
forma como hão de morrer (Jo 21:18-19; At 1:15-20). Deus age
livremente e como bem entende na vida de todo e qualquer indivíduo,
sempre com o objetivo de realizar seus objetivos (Dn 4:35). Ele fez
com que Sansão se interessasse por uma moça filistéia a fim de
cumprir seus planos contra os inimigos de Israel (Jz 14:1-4). Ele
impediu que os filhos de Eli ouvissem os conselhos do pai porque
queria matá-los (1Sm 2:25). Ele também decretou a traição de Judas
revelando-a de antemão na Escritura e usando o falso discípulo para
cumprir as profecias sobre a rejeição e morte do Messias (Mt 26:24; Jo 17:12; At 1:15-20).

A Salvação -

 Os decretos de Deus abrangem a história, o meio e os
alvos da salvação. Na eternidade, ele planejou que Seu Filho fosse
morto como sacrifício pelo pecado (At 2:23; 1Pe 1:18-20) e que a
oferta de salvação em Cristo fosse feita a todas as nações (Lc 24:44-
48). Ele também decretou quem seria salvo e quem seria destinado
para a ira (Pv 16:4; Rm 9:15-18, 21-24; 1Pe 2:8). Essa decisão foi
tomada antes dos tempos eternos (Ef 1:4-5) com base em sua
própria determinação e graça e não com base em méritos pessoais
(Ef 1:11; 2Tm 1:9). Ao homem não cabe questionar o decreto
salvífico de Deus, uma vez que ele tem o direito de ser gracioso com
quem quiser e de endurecer o coração de quem quiser (Is 63:17; Rm
9:18-21), sendo sempre justo em todas as suas decisões (Rm 9:14).
No cumprimento de seus santos desígnios, o Senhor também
decretou que uniria judeus e gentios num só corpo, a igreja (Ef 3:3-
11) e que só um remanescente de Israel seria salvo antes da vinda
do Senhor (Rm 9:27; 11:5, 25-26).

Os decretos de Deus não tornam os homens inocentes pelos males que praticam -

 Os caldeus foram considerados culpados por sua maldade contra
Judá (Hc 1:11), mesmo sendo o próprio Deus quem os levantou para
realizar esses atos (Hc 1:6). Da mesma forma, Herodes e Pôncio
Pilatos pecaram quando conspiraram contra Jesus, apesar de ter sido
Deus quem decretou que agissem assim (At 4:27-28). O que se
depreende disso é que o decreto de Deus NÃO ANULA o PECADO dos
PERVERSOS, NEM torna Deus CULPADO por suas más ações. Note-se que
Jesus reprovou Judas mesmo sabendo que ele, com sua traição,
cumpriu o DECRETO divino (Mt 26:24). Pedro, por sua vez, criticou os
judeus de Jerusalém por matarem Jesus, mesmo sabendo que isso
tinha sido PREESTABELECIDO por Deus (At 2:23). A maneira como Deus
DECRETA o MAL sem se tornar CULPADO e sem REMOVER a CULPA dos
PERVERSOS não é REVELADA na Escritura, estando ALÉM da
COMPREENSÃO HUMANA. Trata-se de um dos muitos mistérios que
permanecem escondidos na mente INSONDÁVEL do Senhor (Dt 29:29)
e que deve ESTIMULAR a HUMILDADE, a FÉ e a ADORAÇÃO, e NUNCA a
REBELIÃO ou o INCONFORMISMO (Rm 11:33-36).

Os Decretos De Deus Não Podem Ser Alterados Pelas Orações Dos Homens -

 Textos que dão a impressão de que Deus mudou de plano por
causa da intercessão de alguém (Êx 32:9-14) devem ser entendidos
no sentido de que a aparente mudança no desejo do Senhor já estava fixada em seus planos pré-estabelecidos, sendo a própria oração parte integrante desses planos. É por isso que, mesmo sabendo que Deus já tem tudo planejado, o crente deve orar. Passagens bíblicas como (2Sm 7:27-29, Dn 9:2-3 e Ap 22:20) mostram pessoas orando mesmo depois de Deus ter revelado o que já tinha planejado fazer.

  Os Decretos De Deus Relativos À Salvação Não Devem Desencorajar O Evangelismo -


 Deus não somente DECRETOU quem seria SALVO, mas também
DETERMINOU que os seus ELEITOS fossem ALCANÇADOS por meio da PREGAÇÃO (1Co 1:21). Assim, uma vez que o crente NÃO sabe quem é ELEITO, é seu DEVER pregar a TODOS. Ademais, é preciso destacar que o
DECRETO ELETIVO de Deus é, na verdade, um ESTÍMULO ao EVANGELISMO,
uma vez que FORNECE a GARANTIA do seu SUCESSO. De fato, uma vez que é certo que os ESCOLHIDOS atenderão ao convite do evangelho (Jo 10:16; At 13:48), os crentes devem se sentir ENCORAJADOS a PROCLAMAR
com EMPENHO as boas-novas. Note-se que em Atos 18:9-10 foi a
certeza de que havia ELEITOS de Deus em Corinto que motivou Paulo a PERSEVERAR no trabalho de EVANGELIZAÇÃO daquela terrível cidade.

   Quero ainda, enfatizar dois pontos importantes da TEONTOLOGIA - A Tri-Unidade Divina e os nomes de Deus:

Começando com a Tri-Unidade temos:

   Na Bíblia NÃO aparece nenhuma vez a palavra “trindade”. Contudo, usamos essa palavra para expressar uma doutrina que, apesar de muito COMPLEXA, é BÍBLICA.

Trindade de Deus significa que ele é uma só ESSÊNCIA DIVINA em TRÊS PESSOAS DISTINTAS: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

A TRINDADE NO ANTIGO TESTAMENTO -

No Antigo Testamento encontramos “indícios” da Tri-Unidade de Deus. Contudo, devemos ter em mente que a REVELAÇÃO PROGRESSIVA tornou EVIDENTE a TRINDADE apenas no Novo Testamento.

A) UNIDADE DE DEUS

O “Shema” (Dt 6.4) demonstra INEGAVELMENTE a UNIDADE de Deus. Ela descarta TOTALMENTE a ideia do POLITEÍSMO. Outras passagens que apresentam a UNIDADE de Deus são (Ex 20.3, Dt 4.35, Is 45.14, 46.9).

B) PALAVRAS PLURAIS

 “Elohim” é um plural de majestade e NÃO deve ser utilizado para provar a TRINDADE de Deus. Entretanto, Deus mesmo fala de si, muitas vezes, usando pronomes e verbos no PLURAL (Gn 1.26; 3.22; 11.7; Is 6.8)

C) O ANJO DO SENHOR

Apesar dos diversos anjos que aparecem em toda a Bíblia, algumas vezes surge na narrativa o “Anjo do Senhor”. Esse anjo é chamado de Deus e, ao mesmo tempo, é DISTINTO de Deus. Os textos bíblicos sugerem se tratar de UMA das PESSOAS da TRINDADE, visto que tal anjo executa seus planos, dá ordens com AUTORIDADE e FAZ promessas como o próprio Senhor o FAZ em outras ocasiões (Gn 16.7-13; 18.1-21; Ml 3.1).

D) DISTINÇÃO DE PESSOAS

a)     O Senhor é distinto do Senhor (Gn 19.24; Os 1.7).

b)    O Redentor (que é divino) é distinto do Senhor (Is 59.20).

c)     O Espírito é distinto do Senhor (Is 48.16; 59.21; 63.9-10).
[3/8 13:51] Adriano: A TRINDADE NO NOVO TESTAMENTO

Apesar de NÃO trazer clara a ideia da TRINDADE, há fortes INDÍCIOS dela ao longo de todo o NT (1Jo 5.7 traz uma ideia muito clara da TRINDADE. Contudo, o trecho que expõe esse CONCEITO NÃO consta em muitos manuscritos importantes sendo, provavelmente, um acréscimo posterior).

A) EVIDÊNCIA DA UNICIDADE DE DEUS

O NT, como o VT, também insiste na EXISTÊNCIA de apenas UM Deus (1Co 8.4-6; Ef 4.3-6; Tg 2.19).

B) EVIDÊNCIA DA TRIPLICIDADE DE DEUS

a)     O Pai é reconhecido como Deus (Jo 6.27; 1Pe 1.2).

b)    Jesus é reconhecido como Deus. Ele tem onisciência (Mt 9.4), onipotência (Mt 28.18), onipresença (Mt 28.20), poder para perdoar pecados (Mc 2.1-12), para sustentar todas as coisas (Cl 1.17), para criar (Jo 1.3) e para julgar todos (Jo 5.27). Ele é, de fato, chamado de Deus apesar de ser distinto do Pai (Jo 1.1). Jesus mesmo fez essa DISTINÇÃO e IDENTIFICAÇÃO ao mesmo tempo (Jo 10.30).

c)      O Espírito Santo é reconhecido como Deus. Ele é chamado de Deus (At 5.3-4), é onisciente (1Co 2.10), onipresente (1Co 6.19) e REGENERA  as pessoas (Jo 3.5-8).

C) EVIDÊNCIA DA TRIUNIDADE DE DEUS

O NT NÃO expõe as pessoas da TRINDADE apenas de forma ISOLADA. Ele os UNE em várias AFIRMAÇÕES FORTES e GLORIOSAS em que o Pai, o Filho e o Espírito são apresentados em PÉ de IGUALDADE, mas com DISTINÇÃO (Mt 28.19; Mt 3.16-17; Jo 14.26; 2Co 13.14).

A DEFINIÇÃO DE TRINDADE

Há uma dificuldade muito grande em definir EXAUSTIVA e CORRETAMENTE essa doutrina, visto que a ênfase em um aspecto diminui outro. Uma das melhores definições da Trindade é a de B.B. Warfield: “Existe apenas um Deus ÚNICO e VERDADEIRO, mas na UNIDADE da Divindade existem TRÊS pessoas COETERNAS e COIGUAIS, da mesma SUBSTÂNCIA, mas de SUBSISTÊNCIA DISTINTA”.

FUNÇÕES DENTRO DA TRINDADE

Apesar da UNIDADE e da COEXISTÊNCIA das pessoas da TRINDADE, o NT apresenta FUNÇÕES DISTINTAS de cada uma delas, embora trabalhem PERFEITAMENTE JUNTAS no mesmo PROPÓSITO.

a)    O Pai elegeu os santos (1Pe 1.2), amou o mundo (Jo 3.16) e concede boas dádivas (Tg 1.17).

b)    O Filho sofreu por nós (Mc 8.31), trouxe redenção (1Pe 1.18-19) e sustenta todas as coisas (Hb 1.3).

c)    O Espírito Santo regenera o perdido (Tt 3.5), capacita (At 1.8) e santifica (Gl 5.22-23).

 HERESIAS A RESPEITO DA TRINDADE

Devido à falta de uma definição clara da Trindade na Bíblia, esse foi um campo em que floresceram inúmeras HERESIAS sobre a Divindade, principalmente nos primeiros séculos. Algumas delas são:

a)     Adocianismo – Crê que Jesus era um homem comum que recebeu poderes espeiais do Espírito Santo no batismo.

b)    Modalismo – Crê que existe apenas uma pessoa divina que se apresenta de modos diferentes durante a história. Também conhecida como sabelianismo ou patripassianismo.

c)     Arianismo – Crê que o Filho foi criado pelo Deus eterno, sendo inferior ao Pai. Crê também que o Espírito Santo foi o primeiro a ser criado pelo Filho, já que ele criou todas as coisas.

ASPECTOS PRÁTICOS DA DOUTRINA DA TRINDADE

A Teologia é repleta de aspectos relevantes provenientes da doutrina da Trindade de Deus. A REDENÇÃO é um exemplo em que vemos as TRÊS PESSOAS participando ativamente em nosso benefício (Jo 3.6,16). A revelação de Deus envolve o Filho e o Espírito trabalhando na comunicação da verdade de Deus (Jo 1.18; 16.13).

A prioridade sem inferioridade é vista na Trindade como base para o relacionamento correto entre o homem e a mulher (1Co 11.3). Na oração, apesar de podermos nos dirigir a qualquer das três pessoas, seguimos o precedente bíblico e falamos com o Pai, em nome do Filho, conforme a direção e intercessão do Espírito Santo (Jo 15.16; Rm 8.26; Ef 2.18; 6.18).

 Por fim, veremos acerca dos nomes de Deus -

A Bíblia, especialmente o Antigo Testamento, apresenta diversos
nomes pelos quais Deus é chamado. Cada um deles revela algo
acerca do CARÁTER ou das OBRAS do Senhor.




   A análise de alguns nomes com que Deus é chamado na Bíblia serve como REVELAÇÃO ADICIONAL do CARÁTER de Deus.

Além disso, o uso do “nome do Senhor” sempre foi visto com muita REVERÊNCIA. Invocar o nome do Senhor era o mesmo que adorá-lo (Gn 21.33). Usar seu nome em vão era desonrá-lo (Ex 20.7).

Assim, percebemos que podemos aprender sobre o CARÁTER e sobre o relacionamento com Deus por meio do estudo de nomes aplicados a ele nas Escrituras.

A) ELOHIM

O termo hebraico Elohim é utilizado para se referir à divindade geral e significa que Deus é o forte, o líder poderoso, a divindade suprema. Geralmente é traduzido na nossa Bíblia como Deus.

É interessante notar que Elohim é empregado na forma PLURAL. A terminação “im” é usada para indicar o plural em hebraico assim como a letra “s” na língua portuguesa. Existem várias possíveis razões para isso, mas a mais provável é que o plural, nesse caso, tenha a intenção de enaltecer o poder de Deus. Isso é conhecido como “plural de majestade”. Esse uso fica claro ao notar-se que os verbos, adjetivos e pronomes ligados a Elohim no AT aparecem na forma SINGULAR evidenciando NÃO se tratar de vários deuses e sim de um Deus Todo-poderoso.

Algumas implicações surgem do uso do nome Elohim aplicado a Deus:

a) A soberania de Deus (Dt 10.17; Jr 32.27);

b) A ação de Deus como o criador (Gn 1.1; Is 45.18; Jn 1.9);

c) O juízo de Deus (Sl 50.6; 58.11).

d) As obras poderosas de Deus em favor de Israel (Sl 68.7-8).

Algumas derivações desse nome também servem para nos revelar mais um pouco de Deus:

a) El Shaddai – Traz a ideia do Deus Todo-poderoso assentado sobre uma montanha. Assim Deus se apresentou aos patriarcas (Gn 17.1; Ex 6.3; Sl 91.1-2);

b) El Elyon – Significa Deus altíssimo e enfatiza a força, a soberania e a supremacia de Deus (Gn 14.19);

c) El Olam – Significa Deus eterno e aponta para a imutabilidade de Deus (Gn 21.33);

d) El Roi – Significa Deus que se vê (Gn 16.13-14). Agar o chamou assim quando Deus falou com ela antes do nascimento de Ismael.

 B) YAHWEH

Esse nome também é conhecido por Jeová. Na nossa Bíblia geralmente aparece no AT como Senhor em letras de caixa alta para diferenciarmos esse nome de outros que têm a mesma tradução (SENHOR). É também traduzido como EU SOU e significa que Deus é autoexistente.

Apesar de várias pessoas no início do AT tratarem Deus por esse nome, somente a Moisés foi dado conhecer seu sentido mais profundo quando Deus se apresentou como “EU SOU O QUE EU SOU” (Êx 3.14).

Yahweh era o nome pessoal de Deus pelo qual era conhecido por Israel. Depois do exílio, foi considerado um nome sagrado e não era mais pronunciado. Em lugar dele era usado Adonai.

Algumas implicações surgem do uso do nome Yahweh:

a) A autoexistência imutável de Deus (ver Jo 8.58 conforme Êx 3.14);

b) A presença constante de Deus entre seu povo (Êx 3.12 cf. v.14);

c) O poder de Deus para agir em benefício do seu povo e para manter sua aliança com ele (Êx 6.6).

Algumas derivações desse nome também servem para nos apontar vários tipos de atuação de Deus para com a criação e para com seu povo:

a) Yahweh Jireh – Significa “o SENHOR proverá” (Gn 22.14).

b) Yahweh Nissi – Significa “o SENHOR é minha bandeira” (Êx 17.15);

c) Yahweh Shalom – Significa “o SENHOR é paz” (Jz 6.24);

d) Yahweh Sabbaoth – Significa “o SENHOR dos exércitos” (1 Sm 1.3);

e) Yahweh Maccadeshkem – Significa “o SENHOR que vos santifica” (Êx 31.13);

f) Yahweh Raah – Significa “o SENHOR é meu pastor” (Sl 23.1);

g) Yahweh Tsidkenu – Significa “SENHOR, justiça nossa” (Jr 23.6);

h) Yahweh Shammah – Significa “o SENHOR está ali” (Ez 48.35);

i) Yahweh Elohim Israel – Significa “o SENHOR, Deus de Israel” (Jz 5.3; Is 17.6).

C) ADONAI

Adonai, assim como Elohim, é um plural de majestade. Aparece na nossa Bíblia como “Senhor” (em letras normais) e significa senhor, mestre, proprietário (vejam esses sentidos sendo aplicados genericamente, não em relação a Deus, em Gn 19.2; 40.1; 1Sm 1.15).

Traz a ideia de que Deus tem autoridade absoluta sobre o homem. Josué reconheceu a autoridade do príncipe do exército do Senhor (Js 5.14) e Isaías submeteu-se à autoridade do Senhor, seu mestre (Is 6.8-11).

O termo equivalente no NT é kyrios (Senhor).

D) DEUS (THEOS)

Theos é a mais frequente designação para Deus no NT. É usado para se referir a Deus, mas há também textos em que theos aponta para deuses pagãos (At 12.22, 1Co 8.5), para o diabo (2Co 4.4) e para a sensualidade (Fp 3.19). O mais importante é que Jesus é chamado de theos (Rm 9.5; Jo 1.1,18, 20.28, Tt 2.13).

Algumas implicações são:

a) Ele é o único Deus verdadeiro (Mt 23.9; Rm 3.30; 1Tm 2.5);

b) Ele é inigualável (1Tm 1.17; Mt 6.24);

c)  Ele é transcendente (At 17.24; Hb 3.4; Ap 10.6);

d) Ele é o Salvador (1Tm 1.1; 2.3; 4.10).

 E) SENHOR (KYRIOS)

Das 717 vezes em que kyrios aparece no NT, 210 vezes aparece nos escritos de Lucas e 275 nos de Paulo (67,7%). Kyrios enfatiza autoridade e supremacia. Pode significar:

a) Senhor (Jo 4.11);

b) Dono (Lc 19.33);

c) Mestre (Cl 3.22);

d) Ídolos (1Co 8.5);

e) Maridos (1Pe 3.6).

Quando aplicado a Deus, expressa especialmente sua condição de criador, seu poder e domínio justo sobre o universo.

Jesus foi chamado de kyrios no sentido de “rabi” ou “Senhor” (Mt 8.6). Quando Tomé o chamou de “Senhor meu e Deus meu”, atribuiu a ele divindade absoluta (Jo 20.28). A ordem de Rm 10.9 significa reconhecer Jesus com a natureza e os atributos que pertencem somente a Deus. Assim, a essência do cristianismo é reconhecer que Jesus é o yahweh do AT.

F) MESTRE (DESPOTES)

Despotes dá a ideia de propriedade, enquanto kyrios dá ideia de autoridade. Deus é chamado várias vezes de despotes (Lc 2.29; At 4.24, Ap 6.10). Jesus é chamado de despotes duas vezes (2Pe 2.1; Jd 4).

G) PAI

Deus é apresentado no NT como Pai. No AT o nome Pai designa Deus 15 vezes. No NT isso acontece 245 vezes. As atuações de Deus ressaltadas pelo nome Pai demonstram que ele dá:

a) Graça e paz (Ef 1.2; 1Ts 1.1);

b) Boas dádivas (Tg 1.7);

c) Mandamentos (2Jo 4);

d) Respostas de oração (Ef 2.18; 1Ts 3.11).