sábado, 23 de junho de 2012

Jesus Limpou a Casa

Jesus Limpou a Casa - Falamos constantemente da importância de seguir os passos de Jesus, imitando o exemplo do nosso Senhor. Paulo disse: “Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo” (1 Coríntios 11:1). Pedro acrescentou: “...Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos” (1 Pedro 2:21). Aplicando essas instruções, devemos amar como Jesus ama, agüentar calúnias e perseguições como ele as suportava, resistir a tentações como ele o fez, etc. E a dureza de Jesus? Quando ele fez uma pregação que causou as multidões a irem embora – devemos ser tão fortes? Quando ele expulsou os cambistas e comerciantes do templo – devemos ser tão zelosos, ao ponto de ofender outros? Leia o relato de João 2:13-17 – “Estando próxima a Páscoa dos judeus, subiu Jesus para Jerusalém. E encontrou no templo os que vendiam bois, ovelhas e pombas e também os cambistas assentados; tendo feito um azorrague de cordas, expulsou todos do templo, bem como as ovelhas e os bois, derramou pelo chão o dinheiro dos cambistas, virou as mesas e disse aos que vendiam as pombas: Tirai daqui estas coisas; não façais da casa de meu Pai casa de negócio. Lembraram-se os seus discípulos de que está escrito: O zelo da tua casa me consumirá.” Como devemos aplicar o exemplo de Jesus em nosso serviço ao Senhor? Deus é Santo Para entender o zelo de Jesus, precisamos salientar a santidade de Deus. Santo quer dizer “separado”. Deus é separado de nós em dois sentidos. Primeiro, ele é o Criador, e nós, as criaturas (1 Samuel 2:2,6; Salmo 99:1-3). A natureza de Deus é diferente e superior à nossa. Este sentido da santidade de Deus se manifesta na criação que ele fez do nada. Segundo, ele é acima de todo pecado e maldade, e assim separado dos homens pecadores (Josué 24:19-20). Este aspecto da santidade de Deus se manifesta na criação de homens e mulheres com livre arbítrio, ou seja, com a capacidade de fazer escolhas morais. Deus sempre quis um povo santo. Ele expressou esse desejo na Lei dada aos israelitas (Levítico 11:45). Hoje, ele nos convida a ser santos (1 Pedro 1:15-16). É a santidade que serve como base da nossa obediência à vontade de Deus. A Santidade de Deus Deve Ser Respeitada no Santuário Dele Jesus entendeu perfeitamente a santidade de Deus e conheceu bem a história dos santuários terrestres. O tabernáculo feito no deserto de Sinai representava a presença de Deus no meio do povo. Quando entraram para servir no tabernáculo, os sacerdotes foram obrigados a respeitar cuidadosamente a santidade do Senhor. Aqueles que não mostraram reverência total para com Deus foram mortos (Levítico 10:1-3). Quase cinco séculos mais tarde, o templo em Jersualém foi construído como uma casa mais permanente para Deus. Deus o santificou como sua habitação (1 Reis 9:3), mas disse que ficaria no meio do povo somente se Israel fosse fiel (1 Reis 9:6-9). Quando Jesus chegou a Jerusalém e viu os homens profanando a casa de Deus, ele agiu com coragem e dureza. Em duas ocasiões, ele expulsou os comerciantes do templo (João 2:13-17, e três anos depois, em Mateus 21:12-13). Jesus respeitou a santidade do santuário de Deus, mesmo quando os líderes religiosos se mostraram relaxados nos seus deveres. O Cristão: Santuário de Deus Em 1 Coríntios 6:19-20, Paulo disse: “Acaso, não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo.” Cada cristão deve se enxergar como o templo de Deus. Deus habita em nós, e deve ser glorificado e santificado pela nossa vida. Com essa base, compreendemos o problema do pecado. A nossa desobediência mancha e estraga o santuário de Deus. Um povo santo, o povo que Deus sempre quis, começa comigo e com você! Devemos ser santos, como ele é santo. Agora chegamos à aplicação difícil: Imitamos o exemplo de Jesus em relação à pureza da nossa vida? Temos a coragem e o zelo para expulsar o pecado das nossas vidas? Temos a vontade de enfrentar as nossas fraquezas e tirar qualquer conduta ou atitude que milita contra a santidade do nosso Criador? A Igreja: Santuário de Deus A figura do santuário de Deus é usada, também, para descrever a igreja de Jesus. Paulo fala à igreja quando diz: “Não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá; porque o santuário de Deus, que sois vós, é sagrado” (1 Coríntios 3:16-17). Em outra carta, ele diz que a igreja é a casa de Deus (1 Timóteo 3:14-15). Esses dois trechos mostram a importância de procedimento digno na igreja, tanto na edificação como na organização dela. A igreja deve ser zelosa em manter a doutrina pura e praticar somente as coisas autorizadas por Jesus. Deus não habitará numa casa suja e poluída pela iniqüidade. As cartas às igrejas da Ásia mostram a importância de manter a santidade da igreja. O Senhor rejeitará uma igreja que perdeu o seu amor (Apocalipse 2:4-5). Ele não ficará numa congregação que tolera falsas doutrinas ou imoralidade (Apocalipse 2:14-16,20). Uma igreja morta, cujas obras não sejam íntegras, será castigada por Jesus (Apocalipse 3:2-3). Ele vomitará da boca uma igreja morna e satisfeita (Apocalipse 3:15-17). Como é que mantemos a santidade de uma igreja? 1. Precisamos tirar a impureza da nossa própria vida. Eu faço parte da congregação. Se eu limpar o meu coração, a igreja ficará mais limpa. 2. Devemos ajudar os nossos irmãos a se purificarem do pecado. Quando recuperamos o irmão que tropeçou (Gálatas 6:1-2), ou convertemos aquele que desviou (Tiago 5:19-20), a igreja ficará mais pura. 3. Quando um irmão persiste no pecado, somos obrigados a expulsá-lo do nosso meio (1 Coríntios 5:1-13; 2 Tessalonicenses 3:6-14). Algumas das igrejas da Ásia foram reprovadas por não fazer isso. Uma igreja que tolera o pecado aberto e persistente não ama a Deus acima de tudo. Se ela não mostrar o arrependimento, o Senhor removerá o seu candeeiro! Sejamos Zelosos! Jesus falou para a igreja de Laodicéia: “Sê, pois, zeloso e arrepende-te” (Apocalipse 3:19). No Velho Testamento, homens zelosos se mostraram radicais em tirar a má influência do pecado do meio do povo. Finéias matou os rebeldes e poupou Israel da praga que estava matando o povo (Números 25:1-13). Deus elogiou o zelo desse servo: “Finéias, filho de Eleazar, filho de Arão, o sacerdote, desviou a minha ira de sobre os filhos de Israel, pois estava animado com o meu zelo entre eles; de sorte que, no meu zelo, não consumi os filhos de Israel” (Números 25:11). Em vários outros casos, servos fiéis escolheram Deus acima dos próprios filhos e irmãos. Quando Nadabe e Abiú morreram na rebeldia contra Deus, seu pai e seus irmãos continuaram no tabernáculo, respeitando a santidade de Deus (Levítico 10:3-7). Pais de filhos rebeldes foram instruídos a entregá-los à justiça para serem mortos, assim eliminando o mal do meio da congregação (Deuteronômio 21:18-21). A vontade de Deus e a pureza da congregação foram mais importantes do que a vida de um filho. O povo de Israel recebeu de Deus uma lei que servia para governá-lo, tanto na vida espiritual, como nas questões civis. Por isso, o “governo” castigava as pessoas que desobedeciam as leis religiosas. Hoje, o governo ainda castiga malfeitores para manter ordem na sociedade (Romanos 13:1-4), mas a igreja não mata as pessoas que desobedecem as instruções religiosas que Deus nos deu! Devemos ter o mesmo zelo de Finéias, mas não o mostramos da mesma maneira. O ensinamento do Novo Testamento requer o nosso zelo para manter a pureza da igreja. Já citamos instruções dadas aos coríntios e aos tessalonicenses sobre a necessidade de nos afastar de irmãos que voltam ao pecado. Muitas pessoas acham tal ensinamento duro demais, e muitas igrejas recusam seguí-lo. Quando procuramos um “jeitinho” para evitar esses mandamentos, ou simplesmente ignoramos a palavra de Deus, as conseqüências são gravíssimas: 1. O pecador permanece no erro, cauterizando a própria consciência; 2. Nós nos tornamos cúmplices, sujando a santa igreja com o pecado não corrigido; 3. Pela nossa conduta desobediente, mostramo-nos indignos de Deus, pois escolhemos a amizade de pecadores acima da santidade de Deus. A necessidade de aplicar ensinamentos “duros” envolve, muitas vezes, membros da própria família. Às vezes, é necessário nos afastar de parentes “cristãos” que voltam ao pecado. Em vez de oferecer desculpas para justificar a nossa desobediência, a própria família deve ser a primeira na aplicação da disciplina de Deus ao pecador. Pode ser necessário falar para alguém, até da própria família: “Você pode escolher o pecado e a eternidade no inferno, mas eu não vou junto!” Purificar ou Destruir A inda há mais um capítulo na história da purificação do templo. Na mesma semana da segunda purificação, Jesus avisou o povo que voltaria para destruir o templo em Jerusalém (Mateus 23:37-38; 24:2). Quarenta anos depois, ele usou o exército romano para cumprir a sua palavra. Jesus fez tudo para salvar o povo e estabelecer a sua comunhão com eles, mas rejeitaram os seus apelos. Devemos aprender a lição. Se não tivermos o zelo para purificar o santuário de Deus, a nossa casa ficará deserta. Não é fácil ser um povo santo, mas somente os santos têm a esperança da vida eterna com Deus. Sejamos santos, porque Deus é santo! (1Pedro 14-16).

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Oração Centrada no Reino

Oração Centrada no Reino - As pessoas costumam pensar em oração como um meio para atender suas necessidades pessoais. Entretanto, deveríamos entender a oração como um meio de glorificar e adorar a Deus, conhecê-lO, entrar na Sua presença e ser transformado por Ele. Precisamos aprender melhor como orar, arrepender-nos e suplicar a Deus como um povo. Biblica e historicamente, o único ingrediente universal, inegociável, em tempos de renovação espiritual é a corporativa, prevalente e intensiva oração centrada no reino. O que é isso? "...o único ingrediente universal, inegociável, em tempos de renovação espiritual é a corporativa, prevalente e intensiva oração centrada no reino." 1. Ela é focada na presença de Deus e do Seu reino. Jack Miller fala da diferença entre "oração de apoio" e reuniões de oração de "linha de frente." Reuniões de oração de apoio são curtas, mecânicas e totalmente focadas em necessidades físicas dentro da igreja. Já a oração de linha de frente tem três características básicas: a. um pedido de graça para confessar pecados e humilhar-se. b. uma compaixão e zelo pelo florescimento da igreja. c. um anseio por conhecer a Deus, ver a Sua face, contemplar Sua glória. É muito interessante estudar as orações bíblicas por avivamento, como em Atos 4, Êxodo 33 ou Neemias 1, onde estes três elementos são fáceis de ver. Note, por exemplo em Atos 4, que os discípulos, cujas vidas tinham sido ameaçadas, não pedem proteção para si e suas famílias, mas tão somente coragem para continuar pregando! 2. É corajosa e específica. As características deste tipo de oração incluem: a. Aqueles que ditam o ritmo da oração passam tempo em auto-exame. Sem uma compreensão robusta da graça, isto pode tornar-se mórbido e deprimente. Mas no contexto do evangelho é purificante e fortalecedor. Eles "tiram de si os seus atavios" (Ex. 33:1-6). Eles examinam a si mesmos em busca de ídolos e lançam-nos fora. b. Eles então começam a fazer o grande pedido – uma visão da glória de Deus. Isso inclui pedir: 1) por uma experiência pessoal da glória / presença de Deus ("para que eu te conheça" Ex. 33:13); 2) por uma experiência do povo com a glória de Deus (v. 15); e 3) que o mundo possa ver a glória de Deus através do Seu povo (v. 16). Moisés pede que a presença de Deus seja evidente a todos: "Que mais distinguirá a mim e ao teu povo de todas as outras pessoas na face da terra?" Esta é uma oração para que o mundo fique maravilhado e pasmo pela demonstração do poder de Deus e do esplendor da Igreja, para que ela se torne verdadeiramente a nova humanidade que é um sinal do reino futuro. 3. Ela é habitual e corporativa. "Esta é uma oração para que o mundo fique maravilhado e pasmo pela demonstração do poder de Deus e do esplendor da Igreja..." Isso significa simplesmente que a oração deveria ser constante, não esporádica e curta. Por quê? Devemos pensar que Deus quer nos ver rastejando? Por que nós não colocamos simplesmente o nosso pedido diante dele e esperamos? Mas oração esporádica, curta, indica uma falta de dependência, uma auto-suficiência, e, portanto, nós não construímos um altar que Deus possa honrar com Seu fogo. Nós temos que orar sem cessar, orar longamente, orar duramente, e nós perceberemos que o próprio processo estará provocando aquilo que estamos pedindo - ter nossos duros corações derretidos, demolir barreiras, e ver irromper a glória de Deus. "Precisamos aprender melhor como orar, arrepender-nos e suplicar a Deus como um povo."

3 Perguntas para Tim Keller

3 Perguntas para Tim Keller - Pergunta: O que os pastores precisam fazer para conduzir o rebanho para longe da idolatria e para perto da semelhança com Cristo? Tim Keller: O tema da idolatria é muito mais sutil e complexo do que eu possivelmente poderia comunicar em minha palestra na Conferência da Gospel Coalition (Coalizão pelo Evangelho). Eu fiz uma alusão ao fato que a idolatria é, às vezes, tratada na Bíblia sob o título de adultério espiritual. Também é citada, às vezes, sob o título do domínio e da escravidão espiritual. Quando Paulo fala sobre aqueles que são escravos do pecado: todas essas categorias estão falando, na verdade, sobre idolatria. A maioria dos pregadores se sente assim: "Se eu for pregar sobre ídolos, eu tenho que dizer às pessoas o que um ídolo é." O que eles não têm em mente é que a idolatria está na raiz de todos os nossos problemas psicológicos, problemas morais, questões culturais, e até das nossas questões políticas. É um assunto espalhado por toda a Bíblia. Por exemplo, no final de 1 João 5, embora ídolos não fossem listados, ele vinha dizendo: "Andem em santidade", "Andem na luz", "Andem em amor", "Andem na verdade", e bem no fim ele diz "Guardai-vos dos ídolos." A palavra idolatria não está lá em lugar algum antes de chegar o último versículo. O que isso significa é que nós não pensamos com suficiente profundidade. Nós simplesmente olhamos para o nível do comportamento e dizemos: "Deixe de fazer isto, comece a fazer aquilo", e nós não percebemos que há uma razão idólatra por trás de cada questão de comportamento. Por exemplo, por trás da convicção de que mulheres deveriam ser ordenadas está o desejo por poder e uma paixão por sentir-se no comando. "O que eles não têm em mente é que a idolatria está na raiz de todos os nossos problemas psicológicos, problemas morais, questões culturais, e até das nossas questões políticas." Para adquirir uma compreensão do alcance da idolatria eu diria que a primeira coisa que você precisaria fazer é adquirir uma melhor compreensão do sujeito. A maior parte do material da Christian Counseling Education Foundation (CCEF – Fundação para Educação e Aconselhamento Cristão) sobre "mudar" fala sobre idolatria, particularmente sobre ídolos psicológicos. Você poderia ler um cristão politicamente liberal ou um conservador político para entender o que está acontecendo na cultura. Há um bocado de outros livros que estão sendo produzidos atualmente sobre a idéia de idolatria na igreja... e eu penso que o que um ministro precisa fazer é colocar essas coisas na sua circulação sangüínea de forma que ele sempre esteja pregando com a idolatria em mente. Eu acredito que você precisa entender o conceito em profundidade e então ele influenciará o modo pelo qual você prega e o modo pelo qual você pastoreia. Pergunta: Que salvaguardas pastores jovens têm à disposição para evitar a idolatria da fama no ministério e a atitude de ”grandes números é igual a sucesso”? Tim Keller: Se você sabe que isso é um perigo, já é um começo muito importante. Além disso, quando você se acha extraordinariamente desencorajado porque as coisas não estão evoluindo ou as pessoas não estão escutando, você precisa se examinar. Você tem que perceber que "Esta é uma dose irregular de desânimo que revela a idolatria da justificação através do ministério." Ou seja, você diz que acredita em justificação pela graça, mas você sente e age como se acreditasse em justificação por meio do ministério. Você precisa reconhecer que está fazendo um tipo de ídolo a partir do ministério. Quando você experimenta um desânimo irregular porque as coisas não vão indo bem, você precisa dizer: "Tudo bem estar desencorajado, mas não nesse nível. Este é um desânimo que conduz à idolatria" e então você se arrepende. "Ou seja, você diz que acredita em justificação pela graça, mas você sente e age como se acreditasse em justificação por meio do ministério." Além disso, ídolos criam um mundo de fantasia. Você pode achar que está pensando em estratégias de ministério, mas talvez você só esteja fantasiando sobre sucesso. Assim tenha cuidado quanto a sonhar acordado sobre sucesso, sobre aquilo que você gostaria que acontecesse. Porque isso é realmente um tipo de pornografia. Você está, na verdade, pensando em uma igreja bonita e em pessoas aplaudindo. Tenha cuidado sobre fantasiar muito sobre sucesso no ministério, e sonhar com isso, e pensar em como será. Pergunta: Quais são seus elementos favoritos e não tão favoritos na cidade de Nova Iorque? Tim Keller: Nova Iorque é o melhor lugar para se viver. Como diria minha esposa, não há nenhum lugar melhor para morar no mundo inteiro contanto que você tenha alguém atrás de você com um carrinho de mão cheio de dinheiro. O que eu gosto na cidade é a sua diversidade e vitalidade, mas o que eu não gosto, francamente, é o custo de vida. "O que eles não têm em mente é que a idolatria está na raiz de todos os nossos problemas psicológicos, problemas morais, questões culturais, e até das nossas questões políticas."

É tudo sobre Ele

É tudo sobre Ele - Jesus é o verdadeiro e melhor Adão, que passou pelo teste no jardim e cuja obediência é imputada a nós. Jesus é o verdadeiro e melhor Abel que, apesar de inocentemente morto, possui o sangue que clama, não para nossa condenação, mas para completa absolvição. Jesus é o verdadeiro e melhor Abraão que respondeu ao chamado de Deus para deixar todo o conforto e a família e saiu para o vazio sem saber para onde ia, a fim de criar um novo povo de Deus. Jesus é o verdadeiro e melhor Isaque, que foi não somente oferecido pelo Seu Pai no monte, mas foi verdadeiramente sacrificado por nós. E assim como Deus disse a Abraão, "agora sei que temes a Deus, porquanto não me negaste o filho, o teu único filho", nós também podemos olhar para Deus levando Seu Filho até o alto do monte e sacrificando-o, e então dizer, "Agora nós sabemos que Tu nos amas porque não retiveste Teu Filho, Teu único Filho a quem Tu amas, de nós." Jesus é o verdadeiro e melhor Jacó que lutou e sofreu o golpe de justiça que merecíamos, de forma que nós, assim como Jacó, só recebêssemos as feridas da graça para nos despertar e disciplinar. Jesus é o verdadeiro e melhor José que, à destra do rei, perdoa àqueles que o venderam e traíram e usa o seu novo poder para salvá-los. Jesus é o verdadeiro e melhor Moisés que se põe na brecha entre o povo e Deus e que é mediador de uma nova aliança. Jesus é a verdadeira e melhor Rocha de Moisés que, golpeada com a vara da justiça de Deus, agora nos dá água em pleno deserto. Jesus é o verdadeiro e melhor Jó, sofredor verdadeiramente inocente, que então intercede e salva os seus tolos amigos. Jesus é o verdadeiro e melhor Davi, cuja vitória torna-se a vitória do Seu povo, apesar deles nunca terem movido uma única pedra para conquistá-la. Jesus é a verdadeira e melhor Ester que não apenas arriscou deixar um palácio terreno, mas perdeu o definitivo e divino; que não apenas arriscou sua vida, mas entregou-a para salvar o Seu povo. Jesus é o verdadeiro e melhor Jonas que foi lançado para fora, na tempestade, para que nós pudéssemos ser trazidos para dentro. Jesus é a verdadeira Rocha de Moisés, o verdadeiro Cordeiro pascal, inocente, perfeito, desamparado, sacrificado para que o anjo da morte não atentasse contra nós. Ele é o verdadeiro templo, o verdadeiro profeta, o verdadeiro sacerdote, o verdadeiro rei, o verdadeiro sacrifício, o verdadeiro cordeiro, a verdadeira luz, o verdadeiro pão. A Bíblia definitivamente não é sobre você e eu. É sobre Ele. Jesus é o verdadeiro e melhor...

Hiper-calvinismo: Uma Breve Definição

Hiper-calvinismo: Uma Breve Definição - O termo “hiper-calvinista” é frequentemente utilizado como um termo pejorativo. Praticamente todo calvinista que adere firmemente às doutrinas da graça é suscetível a ser considerado um hiper-calvinista por pelo menos alguma pessoa. Para falar com franqueza, um hiper-calvinista pode ser qualquer calvinista para uma pessoa que não entende o calvinismo. Por isso hoje, muito brevemente, e porque o termo surgiu algumas vezes nas últimas semanas, quero estreitar a definição precisa um pouquinho mais. Primeiro vamos analisar alguns exemplos do que não constitui hiper-calvinismo. Depois vamos efetivamente definir o termo. Embora a maioria dos calvinistas atenha-se aos cinco pontos do calvinismo como sumarizadas no acrônimo TULIP, há quem se refira a si mesmo como calvinista de seis ou sete pontos. Uma pessoa que é conhecida por identificar-se a si mesmo como um calvinista se sete pontos é John Piper. Ele fala isso meio na brincadeira, mas sua intenção é comunicar a verdade de que os cinco pontos do calvinismo não são exaustivos em sua consideração da soberana graça salvadora de Deus. O site Desiring God diz: "Piper não está tentando acrescentar mais dois pontos, mas está simplesmente chamando a atenção para a sua fé nos tradicionais cinco pontos (total depravação, eleição incondicional, limitada expiação, irresistível graça, e perseverança dos santos) de uma forma que também aponta para duas verdades 'Calvinistas' que advém deles: dupla predestinação e o melhor-de-todos-os-mundos-possíveis." Dupla predestinação é largamente considerada como o sexto ponto. É simplesmente o outro lado da predestinação: que da mesma forma como Deus soberanamente escolhe aqueles a quem salva, Ele também escolhe aqueles a quem não vai salvar. Alguns calvinistas rejeitam essa idéia, dizendo que Deus escolhe Seus eleitos enquanto todos os outros fazem sua própria escolha de serem condenados. Um calvinista de seis pontos, porém, acredita que Deus escolhe alguns para a salvação e outros para a perdição e que ele não faz isso porque algumas pessoas são melhores ou piores do que outras, mas simplesmente por meio da Sua escolha soberana. "Embora a maioria dos calvinistas atenha-se aos cinco pontos do calvinismo como sumarizadas no acrônimo TULIP, há quem se refira a si mesmo como calvinista de seis ou sete pontos." O sétimo ponto do calvinismo, pelo menos segundo John Piper (e eu não estou certo se outros consideram-no sétimo ponto), é o melhor-de-todos-os-mundos-possíveis, que "significa que Deus regula o curso da história de forma que, no longo prazo, a Sua glória seja mais plenamente revelada e o Seu povo mais plenamente satisfeito do que teria ocorrido em qualquer outro mundo." Entretanto, mesmo alguém que está disposto a ampliar o calvinismo para além dos cinco pontos não é "hiper." Um calvinista de sete-pontos não é uma hiper-calvinista. Um calvinista empolgado, ou uma pessoa que realmente gosta muito de falar sobre essas doutrinas, também não é um hiper-calvinista. Alguém que é um fervoroso calvinista, que acredita nessas doutrinas e que não fala de nada mais além delas ainda não é um “hiper” segundo o uso histórico da palavra. O que é, então, um hiper-calvinista? Parte da confusão sobre este termo surge, sem dúvida, da utilização do prefixo "hiper." "Hiper" não se refere, como muitos podem pensar, a entusiasmo ou excitação. Seu significado básico aponta para "excessivo ou excessivamente." Pode-se pensar na palavra hiperativo que significa "excessivamente ativo." Hiper vem do prefixo grego huper-, que procede da preposição huper, que significa "mais, além de." Portanto, um hiper-calvinista é alguém que vai além e ultrapassa os limites do que o calvinismo ensina (e ultrapassa os limites daquilo que a Bíblia ensina). Ele é excessivo em sua aplicação das doutrinas. Isso se manifesta em uma ênfase desmedida em um aspecto do caráter de Deus em detrimento de outro. Hiper-calvinistas enfatizam a soberania de Deus, mas “desenfatizam” o amor de Deus. Eles tendem a pôr a soberania de Deus em desacordo com a clara chamada bíblica à responsabilidade humana. Podemos ver como estas coisas são elaboradas quando olhamos para uma definição concisa do termo. Phil Johnson, que fez um estudo aprofundado sobre este assunto, define os hiper-calvinistas utilizando uma definição em cinco partes. Um hiper-calvinista é alguém que: Nega que o chamado do Evangelho se aplica a todos os que ouvem, OU Nega que a fé é o dever de todo pecador, OU Nega que o evangelho faça qualquer "oferta" de Cristo, de salvação, ou de misericórdia para o não-eleito (ou nega que a oferta de misericórdia divina é gratuita e universal), OU Nega que exista tal coisa como a "graça comum”, OU Nega que Deus tem algum tipo de amor pelo não-eleito. Como Phil diz: "Todas as cinco variedades de hiper-calvinismo minam o evangelismo ou distorcem a mensagem evangélica." Portanto esta é a chave para compreender o hiper-calvinismo: ele mina o evangelismo e/ou deturpa a mensagem evangélica de alguma forma. "A fé é um dever de todos os homens. A graça comum de Deus estende-se a todos os homens e embora Deus não ame o eleito e o não-eleito da mesma forma, a Bíblia é clara em dizer que ele ama tudo o que criou." Provavelmente a característica mais distintiva de um hiper-calvinista é uma absoluta falta de vontade de evangelizar, ou evangelizar sem estender um convite a aceitar e crer no Evangelho. Um exemplo de uma confissão hiper-Calvinista esclarece esse ponto. O artigo 33 dos Articles of Faith of the Gospel Standard Aid and Poor Relief Societies diz: "Por conseguinte, que ministros hoje em dia abordem as pessoas não-convertidas, ou a todos indiscriminadamente numa congregação mista, apelando a eles a que se arrependam, creiam e recebam a Cristo salvificamente, ou realizem qualquer outro ato dependente da renovada capacidade criativa do Espírito Santo, é, por um lado, admitir poder na criatura, e por outro, negar a doutrina da redenção especial." Em outras palavras, eles afirmam que conclamar as pessoas a se converterem dos seus pecados e se arrependerem é exortá-las a fazer algo que elas não são capazes de fazer porque isso negaria a doutrina da redenção particular. Entretanto este ensinamento está claramente em desacordo com o chamado bíblico para que todos os homens creiam. A oferta do Evangelho é universal e Deus verdadeiramente ordena a todos os homens que atentem para ela. A fé é um dever de todos os homens. A graça comum de Deus estende-se a todos os homens e embora Deus não ame o eleito e o não-eleito da mesma forma, a Bíblia é clara em dizer que ele ama tudo o que criou. Mantenha aquela definição em cinco partes em mente e terás uma boa ideia do que realmente significa ser um hiper-calvinista. É claro que tenho pouca confiança de que artigos como este venham a fazer alguma diferença. O termo hiper-calvinista é bastante conveniente e “carregado” para ser lançado em um debate ou discussão. Mas pelo menos agora nós sabemos se nos encaixamos ou não nesse molde! "Provavelmente a característica mais distintiva de um hiper-calvinista é uma absoluta falta de vontade de evangelizar, ou evangelizar sem estender um convite a aceitar e crer no Evangelho."

10 Dicas para Ler Mais e Melhor

10 Dicas para Ler Mais e Melhor - O assunto “leitura” tem ocupado minha mente nos últimos tempos. Eu adoro ler, mas freqüentemente recebo e-mails de pessoas que lutam para ler e para gostar de ler. Por isso achei que poderia ser útil montar uma lista de dicas para ler mais e melhor. Espero que vocês considerem úteis. Leia - Começamos com o óbvio: você precisa ler. Mostre-me uma pessoa que mudou o mundo e que gastou seu tempo assistindo televisão e eu lhe mostrarei mil que preferiram gastar seu tempo lendo. A menos que ler seja sua paixão, você precisa ser muito criterioso em separar tempo para ler. Você talvez precise se forçar a isso. Estabeleça um objetivo que seja razoável para você ("Vou ler três livros este ano" ou "Vou terminar este livro antes do fim do mês") e trabalhe para concretizá-lo. Separe tempo diariamente ou todas as semanas e tenha a certeza de que realmente irá pegar o livro durante esses momentos. Encontre um livro que trate de algum assunto de particular interesse para você. Você pode até achar benéfico encontrar um livro que parece interessante – um belo livro com uma capa atraente. Ler é uma experiência e a experiência começa com a aparência e a impressão que o livro causa. Portanto, encontre um livro que aparentemente lhe agrade e comece a lê-lo. E quando terminar, encontre outro e faça tudo novamente. E mais uma vez. Leia Amplamente – Estou convencido de que uma das razões para que as pessoas não leiam mais do que lêem é que elas não variam suficientemente a sua leitura. Qualquer assunto, não importa quanto ele lhe interesse, pode começar a tornar-se árido se você focalizar toda sua atenção nele. Portanto, leia amplamente. Leia ficção e não-ficção, teologia e biografia, atualidades e história. Certamente você desejará focalizar a maior parte da sua leitura em uma área particular, e isso é saudável e bom. Mas assegure-se de variar sua dieta. "A leitura é mais bem executada, pelo menos ao desfrutar de livros sérios, quando você trabalha duro para entender o livro e quando interage com os argumentos do autor." Leia Metodicamente – Da mesma forma que lê amplamente, assegure-se de ler metodicamente. Escolha seus livros cuidadosamente. Se você for negligente em fazer isso, corre o risco de perceber que ignorou uma determinada categoria por meses ou anos a fio. Al Mohler, ele mesmo um leitor voraz, divide os livros em seis categorias: Teologia, Estudos Bíblicos, Vida da Igreja, História, Estudos Culturais, e Literatura e tem permanentemente algum projeto em cada uma dessas categorias. Você pode estabelecer suas próprias categorias, mas tente assegurar-se de está lendo alguma coisa em todas elas de forma regular. Escolha livros que se ajustem em cada uma dessas categorias e planeje sua leitura de antemão. Assim você saberá qual livro será o próximo. Freqüentemente, a expectativa pelo próximo livro é uma força motivadora para completar o atual. Leia Interativamente – A leitura é mais bem executada, pelo menos ao desfrutar de livros sérios, quando você trabalha duro para entender o livro e quando interage com os argumentos do autor. Leia com uma caneta marca-texto e um lápis na mão. Faça perguntas ao autor e espere que ele as responda ao longo do texto. Rabisque notas nas margens, escreva perguntas por toda a contra-capa, e volte freqüentemente a elas (e, se as perguntas permanecerem sem resposta, tente até mesmo entrar em contato com o autor!). Realce as porções mais importantes do livro, ou aquelas para as quais você pretende retornar depois. Como diz Al Mohler, "Livros são para serem lidos e usados, não para serem colecionados e mimados." Eu descobri que escrever críticas sobre os livros que li é uma forma preciosa de retornar, pelo menos mais uma mais vez, ao livro para ter certeza de que eu entendi o que o autor estava tentando dizer e como ele disse. Portanto, interaja com esses livros de forma a torná-los seus. Leia com Discernimento – Apesar dos livros terem um incrível poder para fazer o bem, desafiar, fortalecer e edificar, eles também têm grande poder para fazer o mal. Já vi vidas serem transformadas por livros, mas também já vi vidas serem esmagadas. Por isso tenha certeza de que lê com discernimento, sempre comparando os livros que lê com o padrão das Escrituras. Se você encontrar um livro que é particularmente controverso, pode valer à pena procurar uma análise que interaja criticamente com os argumentos ler com uma pessoa que entenda melhor os argumentos e suas implicações. Você não precisa temer livros ruins desde que leia com um olho crítico e com um coração cheio de discernimento. "A resposta de MacArthur foi simples. Ele disse que esse pastor deveria encontrar homens piedosos que ele admira e ler o que eles leram." Leia Livros Pesados - Pode ser intimidador encarar algumas dessas obras volumosas ou séries de volumes que repousam em sua estante, mas certifique-se de arrumar tempo para ler alguns desses trabalhos mais sérios. Uma pessoa só pode crescer um certo tanto enquanto se mantiver em uma dieta de livros sobre Vida Cristã. Enverede por um pouco de Jonathan Edwards ou João Calvino. Leia a Teologia Sistemática de Grudem ou a série “No Place for Truth” de David Wells. Você certamente os considerará vagarosos, mas também verá o quanto são recompensadores. Comprometa-se a ler algum desses volumes pesados como uma parte regular da sua dieta de leitura. Leia Livros Leves - Enquanto livros densos deveriam ser a dieta principal de um leitor sério, não há nada errado em dar um tempo para ocasionalmente desfrutar um romance ou uma leitura leve. Depois de ler dois ou três bons livros, permita-se ler qualquer outra coisa como um Clancy, Grisham ou Peretti, que nunca mudou a vida de quem quer que seja. Deixe-se levar por alguma boa história de quando em quando. Você perceberá que elas te refrescam e te preparam para ler o próximo livro pesado. Leia Livros Novos – Fique de olho no que é novo e popular e considere a leitura daquilo que outras pessoas em sua igreja ou sua vizinhança estão lendo. Se “O Segredo” estiver vendendo milhões de cópias, considere a sua leitura de forma que você saiba o que as pessoas estão lendo e assim você pode tentar discernir por que as pessoas estão lendo algo assim. Use seu conhecimento desses livros como uma ponte para falar com as pessoas sobre os livros delas e o que as leva a lê-los. Use seu conhecimento desses livros para saber o que outros cristãos estão lendo e entender o porquê dessa leitura. Leia Livros Antigos - Não leia só livros novos. Não tenho como dizer isso melhor do que C.S. Lewis: "É uma boa regra, depois de ler um livro novo, nunca se permitir outro novo até que se leia um antigo entre os dois. Se isso for demais para você, então leia um velho pelo menos a cada três novos. Toda era tem sua própria perspectiva. Esta é especialmente boa para ver certas verdades e especialmente sujeita a cometer certos erros. Nós todos, portanto, precisamos dos livros que corrigirão os erros típicos de nossa própria era. E isso aponta para os livros antigos". Portanto, leia livros antigos, não importando se isso significa os clássicos ou se são simplesmente livros de uma geração ou duas antes da sua. E certifique-se de ler história também, já que não há melhor maneira de entender o hoje, do que entendendo o ontem. Leia o que seus Heróis Leram – Há dois anos, enquanto eu estava na Shepherds’ Conference, um jovem que estava envolvido no ministério, mas que não tinha tido a oportunidade de freqüentar um seminário, perguntou a John MacArthur o que ele lhe recomendaria para que pudesse continuar a aprender e crescer no seu conhecimento de teologia. A resposta de MacArthur foi simples. Ele disse que esse pastor deveria encontrar homens piedosos que ele admira e ler o que eles leram. Portanto, faça isso! Encontre as pessoas que você admira e leia os livros que mais as transformaram. Compilei uma pequena lista em Discerning Reader. Apesar do conteúdo ser ainda um pouco escasso, espero poder acrescentar mais algumas listas em breve. Mesmo em sua forma atual este pode ser um bom ponto de partida para você.

Como Aproveitar ao Máximo a sua Leitura da Bíblia

Como Aproveitar ao Máximo a sua Leitura da Bíblia - 1. Remova obstáculos. (a) remova o amor por todo e qualquer pecado (b) remova as distrativas preocupações deste mundo, especialmente a cobiça [Mt 13:22] (c) não faça piadas com a Bíblia e a partir da Bíblia. 2. Prepare seu coração. [1 Sm 7:3] Assim: (a) recolhendo seus pensamentos (b) eliminando sentimentos e desejos impuros (c) não vindo à Palavra apressada ou negligentemente. 3. Leia com reverência, considerando que cada linha é Deus que fala diretamente com você (2 Tm 3:16-17; Sl 19:7-11). 4. Leia os livros da Bíblia em ordem. 5. Obtenha uma verdadeira compreensão da Escritura. [Sl 119:73] isto é melhor alcançado comparando partes correlatas da Bíblia entre si. 6. Leia com seriedade. [Dt 32:47] A vida cristã deve ser encarada com seriedade já que requer esforço [Lc 13:24] e não falhar [Hb 4:1]. 7. Persevere em lembrar-se do que você lê. [Sl 119:52] Não deixe que seja roubado de você [Mt 13:4 ,19]. Se o que você lê não fica na sua memória é improvável que seja de muito benefício para você. 8. Medite no que lê. [Sl 119:15] A palavra hebraica para "meditar" significa "estar intensamente na mente". Meditação sem leitura é errada e tendente a equívocos; leitura sem meditação é estéril e infrutífera. Significa incitar os afetos, ser aquecido pelo fogo da meditação [Sl 39:3]. 9. Leia com um coração humilde. Reconheça que você é indigno da revelação de Deus a você [Tg 4:6] 10. Acredite que tudo é a Santa Palavra de Deus. [2 Tm 3:16] Nós sabemos que nenhum pecador poderia tê-la escrito devido ao modo com ela descreve o pecado. Nenhum santo poderia blasfemar contra Deus fingindo que sua própria Palavra seria a de Deus. Nenhum anjo poderia tê-la escrito pela mesma razão. [Heb 4:2] 11. Valorize a Bíblia grandemente. [Sl 119:72] Ela é a sua tábua de salvação; você nasceu por meio dela [Tg 1:18]. Você precisa crescer por meio dela [1 Pd 2:2] [cf. Jó 23:12]. 12. Ame a Bíblia ardentemente [Sl 119:159]. 13. Leia-a com um coração honesto. [Lc 8:15] (a) Disposto a conhecer toda a vontade de Deus (b) lendo para ser transformado e melhorado por ela [Jo 17:17]. 14. Aplique a você mesmo tudo o que lê, tome cada palavra como dita para você. Sua condenação de pecados como a condenação ao seu próprio pecado; a obrigação que ela requer como o dever que Deus requerer de você [2 Rs 22:11]. 15. Preste muita atenção aos mandamentos da Palavra tanto quanto às promessas. Pense em como você precisa de direção tanto quanto precisa de conforto (Sl 119:9-11). 16. Não se deixe levar pelos detalhes secundários, antes tenha certeza de prestar atenção mais às grandes coisas [Os 8:12]. 17. Compare-se com a Palavra. Como fica essa comparação? Seu coração é parecido com uma transcrição dela, ou não? (Tg 1:21-25) 18. Preste atenção especial àquelas passagens que falam à sua situação individual, particular e presente. Por exemplo: (a) Aflição - [Hb 12:7, Is 27:9, Jo 16:20, 2 Co 4:17]. (b) Senso da presença e do sorriso de Cristo retirado -[Is 54:8, Is 57:16, Sl 97:11] (c) Pecado - [Gl 5:24, Tg 1:15, 1 Pe 2:11, Pv 7:10;22-23, Pv 22:14] (d) Incredulidade -[Is 26:3, 2 Sm 22:31, Jo 3:15, 1 Jo 5:10, Jo 3:36] 19. Preste especial atenção aos exemplos e vidas das pessoas na Bíblia como sermões vivos. (a) Castigos [Nabucodonosor, Herodes, Nm 25:3-4;9, 1 Rs 14:9-10, At 5:5,10, 1 Co 10:11, Jd 7] (b) Misericórdias e libertações [Daniel, Jeremias, os 3 jovens no forno flamejante] 20. Não pare de ler a Bíblia até que você tenha seu coração aquecido. [Sl 119:93] Não deixe que ela apenas te informe, mas também que ela te inflame [Jr 23:29, Lc 24:32]. 21. Ponha em prática o que você lê [Ps 119:66, Ps 119:105, Deut 17:19]. 22. Cristo é, para nós, Profeta, Sacerdote e Rei. Utilize o ofício dEle como Profeta [Ap 5:5, Jo 8:12, Sl 119:102-103]. Faça com que Cristo abra não só a Bíblia para você, mas também a sua mente e entendimento [Lc 24:45] 23. Assegure-se de estar sob um verdadeiro ministério da Palavra, que expõe a Palavra fiel e plenamente [Pv 8:34] seja sério e ávido em esperar por isso. 24. Ore para que você tire proveito da leitura [Is 48:17, Sl 119:18, Ne 9:20]. Obstáculos naturais Você ainda pode poderá beneficiar-se da leitura apesar deles: 1. Você não parece beneficiar-se tanto quanto outros. Lembre-se dos rendimentos diferentes [Mt 13:8] Apesar do rendimento não ser tão expressivo quanto o de outros ainda é um verdadeiro e frutífero rendimento. 2. Você pode sentir-se lento em compreender [Lc 9:45, Hb 5:11]. 3. Sua memória é ruim (a) Lembre-se que você ainda pode ter um bom coração apesar disso (b) Você ainda pode lembrar-se das coisas mais importantes mesmo que você não se lembre de tudo, seja encorajado por João 14:26. Recomendações do grande mestre puritano

A Morte não é Natural

A Morte não é Natural - Há muito tempo, em um dia de sábado, nosso Senhor Jesus foi um cadáver. Isso não é natural. O problema é que a morte parece normal para nós. O naturalismo darwiniano, juntamente com a maior parte das filosofias contemporâneas, assume que a morte é o ponto final natural da vida. O Evangelho cristão insiste no contrário, vendo a morte como um intruso na ordem cósmica, uma maldição da queda no Éden, e uma estratégia de um espírito inimigo para esmagar a humanidade portadora da imagem de Deus (Hb 2:14-15). Nas Escrituras, a morte é personificada como um inimigo em si mesmo, na verdade o último inimigo a ser colocado sob os pés de um triunfante Rei Jesus (1 Co 15:24-26). A morte, em todas as suas formas, da predação animal, passando pelas catástrofes "naturais" e até a morte por "idade avançada" apontam para a fria verdade de que Deus não está controlando o universo através de seus mediadores humanos da forma como ele pretendia no início. "Quando um homem morre, sua carne regressa ao pó da terra - uma aparente contradição da criação de Deus." No tempo presente, todas as pessoas continuam envelhecendo, ficando doentes e morrendo. Ocorre uma separação do corpo em relação à alma, um ato violento que dilacera o propósito original de Deus de soprar sua vida para dentro do homem de pó (Gn 2:7). Quando um homem morre, sua carne regressa ao pó da terra - uma aparente contradição da criação de Deus. Há um Homem, no entanto, que não possui a morte como o salário do pecado. Ele não pode ser acusado pelo príncipe desta era, porque somente Ele tem uma consciência tranqüila perante o tribunal de Deus. Ele não é mais um cadáver. A ressurreição de Jesus é a primeira onda de uma contra-revolução que vai fazer retroceder a tirania da morte e o domínio satânico para sempre. A morte não é natural de jeito nenhum. "O problema é que a morte parece normal para nós."

Distinguindo entre as vontades ativa e passiva de Deus

Distinguindo entre as vontades ativa e passiva de Deus - José afirmou sobre a traição perpetrada pelos seus irmãos: "Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; porém Deus o tornou em bem" (Gen. 50:20). A vontade boa de Deus foi servida pela vontade má dos irmãos de José. Isso não significa que, porque eles estavam fazendo somente a vontade de Deus, os atos dos irmãos eram verdadeiramente virtuosos. Todos os atos devem ser julgados junto com suas intenções e as ações dos irmãos de José foram julgadas corretamente por Deus como sendo más. O fato de que Deus tira o bem do mal só enfatiza o poder e a excelência da sua soberana vontade decretiva. Nós às vezes chegamos a este mesmo problema ao distinguir entre as vontades ativa e passiva de Deus. Mais uma vez nós enfrentamos dificuldades. Quando Deus é "passivo", Ele é, de certa forma, ativamente passivo. Não pretendo dizer tolices, mas somente mostrar que Deus nunca é totalmente passivo. Quando Ele parece ser passivo, Ele está escolhendo ativamente não interferir diretamente. "O fato de que Deus tira o bem do mal só enfatiza o poder e a excelência da sua soberana vontade decretiva." Agostinho abordou o problema desta maneira: "O homem, às vezes, com uma boa vontade, deseja algo que Deus não deseja, como quando um bom filho quer que o seu pai viva, enquanto Deus quer que ele morra. Da mesma forma pode acontecer que o homem com uma vontade ruim deseja aquilo que Deus deseja com justiça, como quando um mau filho quer que o seu pai morra, e Deus também quer a mesma coisa... Porque as coisas que Deus quer de maneira justa, Ele concretiza pela vontade má de homens maus." Para meditar diante de Deus*: Você se lembra de quando Deus usou o que foi planejado para o mal para concretizar o bem em sua vida? Agradeça a Ele por essas ocasiões. Salmo 139:8.10: " "Se subo aos céus, lá estás; se faço a minha cama no mais profundo abismo, lá estás também; se tomo as asas da alvorada e me detenho nos confins dos mares, ainda lá me haverá de guiar a tua mão, e a tua destra me susterá." Salmo 31:3: "Porque tu és a minha rocha e a minha fortaleza; por causa do teu nome, tu me conduzirás e me guiarás." "Quando Deus é 'passivo', Ele é, de certa forma, ativamente passivo."

O Que Quer Dizer o Termo "Pecado Original"?

O Que Quer Dizer o Termo "Pecado Original"? - Pecado original tem a ver com o estado caído da natureza humana. Jonathan Edwards escreveu um tremendo tratado sobre o pecado original. Ele não só se dedicou a uma prolongada exposição do que a Bíblia ensina sobre o caráter do homem caído e a sua inclinação para a maldade, mas ele também fez um estudo de uma perspectiva secular, racional, que abordou a filosofia que era difundida nos seus dias: Todas as pessoas do mundo nascem inocentes, em um estado de neutralidade moral no qual elas não têm qualquer predileção para o bem ou para o mal. É a sociedade que corrompe estes nativos inocentes, por assim dizer. À medida que somos expostos ao comportamento pecaminoso ao nosso redor, a nossa inocência normal e natural é corroída pela influência de sociedade. Mas isso levanta a questão: Como a sociedade tornou-se corrupta pela primeira vez? A sociedade é o conjunto das pessoas. Por que será que tantas pessoas pecaram? É quase axiomático em nossa cultura que ninguém é perfeito. E Edwards fez perguntas do tipo: Por que não? Se todo o mundo nasce em um estado de neutralidade moral, esperaria-se estatisticamente que aproximadamente 50 por cento dessas pessoas crescessem e nunca pecassem. Mas não é isso que encontramos. Em todos os lugares nós achamos seres humanos agindo contra os preceitos morais e as normas do Novo Testamento. Na verdade, qualquer que sejam os padrões morais da cultura na qual eles vivem, ninguém os guarda perfeitamente. Até mesmo a honra estabelecida entre ladrões é violada pelos ladrões. Não importa quão baixo o nível de moralidade de uma determinada sociedade é, as pessoas ainda assim o quebram. "Não é que nós somos pecadores porque pecamos; nós pecamos porque somos pecadores." Portanto, há algo indubitável quanto ao estado caído do nosso caráter humano. Todas as pessoas pecam. A doutrina do pecado original ensina que as pessoas pecam porque são pecadoras. Não é que nós somos pecadores porque pecamos; nós pecamos porque somos pecadores. Ou seja, desde a queda do homem, nós herdamos uma condição corrompida de pecaminosidade. Nós temos agora uma natureza de pecado. O Novo Testamento diz que estamos “debaixo do pecado”; que nós temos uma disposição para a maldade, de forma que todos nós, de fato, cometemos pecados porque é da nossa natureza cometer pecados. Mas essa não é a natureza que nos foi dada originalmente por Deus. Nós éramos originalmente inocentes, mas agora a raça foi mergulhada em um estado de corrupção. "Nós éramos originalmente inocentes, mas agora a raça foi mergulhada em um estado de corrupção."

O Teólogo

O Teólogo - Pensadores do mundo antigo procuraram medir as profundezas da realidade última. Com aquela busca pela realidade última nasceu a disciplina conhecida como filosofia. Alguns filósofos focaram em um aspecto particular da filosofia chamado metafísica (o ser fundamental). Outros focaram sua atenção na epistemologia (a ciência do conhecimento). Ainda outros deram ênfase em sua investigação aos princípios básicos e elementares da ética (o estudo do bom e do certo). E outros focaram nos fundamentos definitivos da estética (o estudo do belo). Mas um filósofo despontou como alguém profundamente envolvido no estudo de todos estes assuntos, dentre outros. Seu nome era Aristóteles. Como a investigação filosófica de Aristóteles era tão inclusiva a ponto de cercar todos os principais interesses da filosofia, ele obteve para si o epíteto supremo, isto é, “O Filósofo”. Entre estudantes de filosofia, se, de passagem, for mencionado o título “O Filósofo”, todos entendem que aquele título só pode ser uma referência a uma única pessoa: Aristóteles. De forma semelhante, historicamente, o estudo da teologia trouxe à superfície pensadores e eruditos fora de série. Alguns são conhecidos pela sua habilidade específica em criar uma síntese entre a teologia e a filosofia secular. Agostinho, por exemplo, era conhecido pela sua habilidade de tomar preceitos da filosofia de Platão e misturá-los com a teologia bíblica. Muito da teologia de Agostinho era, portanto, de um tipo filosófico. O mesmo poderia ser dito, até certo ponto, sobre Tomás de Aquino que nos deu uma síntese semelhante entre filosofia aristotélica e pensamento cristão. Entre os reformadores magisteriais do século dezesseis percebemos que Lutero, sendo um brilhante estudante de línguas, trouxe à mesa da teolologia uma habilidade fora do comum para prover vinhetas de lampejo em questões particulares da verdade. Mas Lutero não era por natureza um sistematizador e, por isso, ele não pôde tornar-se o teólogo dos teólogos. Ele nunca desenvolveu uma teologia sistemática abrangente para a instrução da igreja. Essa tarefa no século dezesseis foi deixada para o gênio do teólogo genebrino João Calvino. "Calvino trouxe ao estudo da teologia uma paixão pela verdade bíblica e uma compreensão coerente da Palavra de Deus. De todos os pensadores do século dezesseis, Calvino destacou-se por sua habilidade em prover uma compreensão teológica sistemática da verdade cristã." Calvino trouxe ao estudo da teologia uma paixão pela verdade bíblica e uma compreensão coerente da Palavra de Deus. De todos os pensadores do século dezesseis, Calvino destacou-se por sua habilidade em prover uma compreensão teológica sistemática da verdade cristã. Sua magnum opus, As Institutas da Religião Cristã, permanece até hoje como um trabalho gigantesco no campo da teologia sistemática. Lutero não viveu tempo o bastante para reconhecer todo o impacto da obra de Calvino, entretanto ele viu que Calvino tornar-se-ia uma figura de altíssima estatura. Coube a outro, que conheceu Calvino e sua obra mais extensamente, Philip Melancthon, assistente de Lutero e ele mesmo um impressionante erudito, dar a Calvino a alcunha de “O Teólogo”. Portanto, se alguém mencionar “o Filósofo”, entenderemos estar referindo-se a Aristóteles. Por outro lado, se mencionar “o Teólogo”, os herdeiros da Reforma pensarão exclusivamente em João Calvino. Em nossos dias parece haver uma batalha contínua entre partidários da teologia sistemática e defensores da teologia bíblica. Vivemos um tempo de antipatia sem precedente contra a racionalidade e a lógica. Onde a teologia sistemática reinava suprema em seminários teológicos, ela praticamente desapareceu, exilada à periferia dos estudos acadêmicos. Essa antipatia contra a racionalidade e a lógica encontra seu extremo na alergia moderna contra a teologia sistemática, não havendo nada para preencher o seu lugar a não ser a expansão da teologia bíblica. Há uma possível tendência na teologia bíblica em interpretar a Bíblia atomisticamente sem uma preocupação com coerência e unidade. Esta dicotomia entre teologia bíblica e teologia sistemática é um exemplo clássico da falácia do falso dilema, às vezes chamada de falácia “ou-ou”. Se olharmos para João Calvino, veremos um erudito cujo domínio do conteúdo das Escrituras foi inigualável. Calvino tinha uma profunda paixão pela Bíblia, bem como um conhecimento monumental da Bíblia e ainda assim ele é conhecido como um teólogo sistemático. Ele não era um teólogo sistemático no sentido de que ele traz algum sistema filosófico extra-bíblico e o força sobre a Bíblia. Para ele, um sistema não era como uma preconcebida cama de Procrusto* com a qual a Bíblia tinha que ser forçada a se conformar. Pelo contrário, o sistema de doutrina de Calvino era o resultado da sua tentativa de achar a substância coerente da própria Bíblia. Ou seja, Calvino trabalhou o sistema que está dentro da Bíblia e não um sistema que é imposto às Escrituras. Calvino tinha certeza de que a Palavra de Deus é coerente e que Deus não fala por meio de contradições ou declarações ilógicas. Já foi dito uma porção de vezes que a consistência é o diabrete das mentes pequenas. Se isso é, de fato, verdade, então teríamos que chegar à conclusão de que a menor mente no universo é a mente de Deus, porque Deus, em Seu pensamento, é completamente consistente e coerente. Foi nessa avaliação da natureza de Deus que Calvino buscou apaixonadamente apresentar a unidade da Palavra de Deus. Nesse sentido, ele deu uma contribuição magistral à história do pensamento cristão. Algumas pessoas vêem o calvinismo, que carrega o nome de João Calvino, como uma odiosa distorção da Palavra de Deus. Aqueles que apreciam o compromisso de Calvino com a verdade bíblica vêem o calvinismo como um “apelido para o cristianismo bíblico”, como disse Spurgeon. "Algumas pessoas vêem o calvinismo, que carrega o nome de João Calvino, como uma odiosa distorção da Palavra de Deus. Aqueles que apreciam o compromisso de Calvino com a verdade bíblica vêem o calvinismo como um 'apelido para o cristianismo bíblico', como disse Spurgeon." Calvino, em um debate, poderia utilizar o seu enciclopédico conhecimento de passagens bíblicas, como também sua habilidade para citar amplamente pensadores antigos como Agostinho e Cícero. Mas acima de tudo, Calvino buscou ser fiel à Palavra de Deus. Ele foi o teólogo bíblico por excelência que foi ao mesmo tempo um teólogo sistemático singularmente talentoso. Nós temos uma grande dívida com este homem. Ele é um presente de Deus à igreja, não só para o século dezesseis mas para todos os tempos. Portanto, nós nos unimos às multidões que estão celebrando o 500º aniversário de João Calvino no ano de 2009. "Nós temos uma grande dívida com este homem. Ele é um presente de Deus à igreja, não só para o século dezesseis mas para todos os tempos."

O Tríplice Uso da Lei

O Tríplice Uso da Lei - Todo cristão luta com a pergunta: De que forma a lei do Velho Testamento se relaciona com a minha vida? É a lei do Velho Testamento irrelevante para os cristãos ou há algum sentido em que nós ainda estamos submetidos a porções dela? Como a heresia do antinomianismo tem se tornado cada vez mais impregnada em nossa cultura, a necessidade de responder estas perguntas torna-se progressivamente mais urgente. "A Reforma fundamentou-se na graça e não na lei. Entretanto a lei de Deus não foi repudiada pelos Reformadores." A Reforma fundamentou-se na graça e não na lei. Entretanto a lei de Deus não foi repudiada pelos Reformadores. João Calvino, por exemplo, escreveu o que ficou conhecido como o “Tríplice Uso da Lei" para mostrar a importância da lei na vida cristã. 1 O primeiro propósito da lei é ser um espelho. Por um lado, a lei de Deus reflete e espelha a perfeita retidão de Deus. A lei nos diz muito sobre quem Deus é. Talvez ainda mais importante, a lei traz à luz a imoralidade humana. Agostinho escreveu: "As lei ordena que nós, após tentarmos fazer o que é ordenado, e assim sentindo nossa fraqueza sob a lei, possamos aprender a implorar pela ajuda da graça." 2 A lei realça nossa fraqueza de forma que nós possamos buscar a força que há em Cristo. Aqui a lei atua como um severo professor que nos conduz a Cristo. Um segundo propósito da lei é a restrição do mal. A lei, por si só, não pode transformar corações humanos. Pode, entretanto, servir para proteger os íntegros dos injustos. Calvino diz que este propósito ocorre "por meio de suas amedrontadoras denúncias e o conseqüente medo do castigo, para restringir aqueles que, a menos que forçados, não têm nenhuma consideração pela retidão e pela justiça." 3 A lei permite uma medida limitada de justiça nesta terra, até que o julgamento final seja concretizado. "Nós somos justificados, não por causa de nossa obediência à lei, mas para que possamos nos tornar obedientes à lei de Deus." O terceiro propósito da lei é revelar o que agrada a Deus. Como filhos renascidos de Deus, a lei nos ilumina quanto ao que é agradável ao nosso Pai a quem buscamos servir. O cristão deleita-se na lei como o próprio Deus deleita-se nela. Disse Jesus: "Se me amais, guardareis os meus mandamentos. (João 14:15)." Esta é a função mais elevada da lei: servir como um instrumento para que o povo de Deus tribute-Lhe honra e glória. Quando estudamos ou meditamos na lei de Deus, estamos freqüentando a escola da retidão. Aprendemos o que agrada e o que ofende a Deus. A lei moral que Deus revela nas Escrituras sempre é válida para nós. Nossa redenção é da maldição da lei de Deus, não do nosso dever de obedecê-la. Nós somos justificados, não por causa de nossa obediência à lei, mas para que possamos nos tornar obedientes à lei de Deus. Amar a Cristo é guardar os Seus mandamentos. Amar Deus é obedecer a Sua a lei. Resumo 1. A igreja dos nossos dias foi invadida pelo antinomianismo que debilita, rejeita ou distorce a lei de Deus. 2. A lei de Deus é um espelho da santidade de Deus e da nossa iniqüidade. Ela serve para nos revelar a nossa necessidade de um salvador. 3. A lei de Deus é uma restrição contra o pecado. 4. A lei de Deus revela o que é agradável e o que é ofensivo a Deus. 5. O cristão deve amar a lei de Deus e obedecer à lei moral de Deus. Passagens bíblicas para reflexão: Salmo 19:7-11 Salmo 119:9-16 Romanos 7:7-25 Romanos 8:3-4 1 Coríntios 7:19 Gálatas 3:24 "Como a heresia do antinomianismo tem se tornado cada vez mais impregnada em nossa cultura, a necessidade de responder estas perguntas torna-se progressivamente mais urgente."

A Regeneração Precede a Fé

A Regeneração Precede a Fé - Um dos momentos mais dramáticos em minha vida no tocante à formação da minha teologia ocorreu em uma sala de aula do seminário. Um de meus professores foi para o quadro-negro e escreveu estas palavras em letras bem destacadas: "A regeneração precede a fé." Estas palavras foram um choque para o meu sistema. Eu tinha entrado no seminário crendo que a ação chave do homem para efetuar o seu renascimento era a fé. Eu pensava que precisávamos crer em Cristo primeiro para depois nascer de novo. Eu uso as palavras em ordem aqui por uma razão. Eu pensava em termos de passos que devem ser dados em certa seqüência. Eu tinha posto a fé no início. A minha ordem era algo como: "Fé - renascimento - justificação" Eu não tinha pensado no assunto com muita profundidade. Também não tinha escutado cuidadosamente as palavras de Jesus a Nicodemos. Presumi que embora eu fosse um pecador, uma pessoa nascida da carne e vivendo na carne, eu ainda tinha uma pequena ilha de retidão, um minúsculo depósito de poder espiritual restando dentro da minha alma que me permitisse responder ao Evangelho por mim mesmo. Talvez eu tenha sido confundido pelo ensino da igreja católica romana. Roma, e muitos outros ramos do cristianismo, sempre ensinou que a regeneração é pela graça; não pode acontecer sem a ajuda de Deus. "O debate entre Roma e Lutero girou em torno deste único ponto. O debate era: A regeneração é um trabalho monergístico de Deus ou um trabalho de sinergístico que requer a cooperação entre o homem e Deus?" Nenhum homem tem o poder de levantar-se da morte espiritual. A ajuda divina é necessária. Esta graça, de acordo com Roma, aparece na forma do que é chamado graça preveniente. "Preveniente" significa aquilo que vem de alguma outra coisa. Roma acrescenta a esta graça preveniente a exigência de que nós temos que “cooperar e consentir com isso” antes que ela possa tomar conta dos nossos corações. Este conceito de cooperação é, na melhor hipótese, uma meia-verdade. Sim, a fé que nós exercitamos é nossa fé. Deus não executa o crer para nós. Quando eu respondo a Cristo, é minha resposta, minha fé, minha confiança que está sendo exercida. Porém, o problema é um pouco mais profundo. A pergunta ainda permanece: "Eu coopero com a graça de Deus antes de nascer de novo, ou a cooperação acontece depois?" Outro modo de fazer esta pergunta é perguntar se a regeneração é monergística ou sinergística. É operativa ou cooperativa? É eficaz ou dependente? Algumas destas palavras são termos teológicos que requerem alguma explicação adicional. Uma obra monergística é uma obra produzida isoladamente, por uma pessoa. O prefixo mono significa um. A palavra erg refere-se a uma unidade de trabalho. Palavras como energia são construídas sobre esta raiz. Uma obra sinergística é aquela que envolve cooperação entre duas ou mais pessoas ou coisas. O prefixo sin - significa "junto com”. Estou elaborando esta distinção por uma razão. O debate entre Roma e Lutero girou em torno deste único ponto. O debate era: A regeneração é um trabalho monergístico de Deus ou um trabalho de sinergístico que requer a cooperação entre o homem e Deus? Quando meu professor escreveu que "A regeneração precede a fé" no quadro-negro, ele estava apoiando claramente a resposta monergística. Depois que uma pessoa é regenerada, é que ela coopera exercendo fé e confiança. Mas o primeiro passo é obra de Deus e de Deus somente. A razão porque nós não cooperamos com a graça da regeneração antes que ela aja em nós e sobre nós é porque nós não temos como fazê-lo. Nós não temos como fazê-lo porque estamos espiritualmente mortos. Não temos como ajudar o Espírito santo na vivificação de nossas almas para a vida espiritual mais do que Lázaro podia ajudar a Jesus a elevá-lo dos mortos. "Com um único relâmpago de revelação apostólica todas as tentativas de conceder a iniciativa na regeneração ao homem são esmagadas." Enquanto eu relutava contra o argumento do Professor, fui pego de surpresa ao aprender que o ensino dele, que soava tão estranho, não era nenhuma novidade. Agostinho, Martinho Lutero, João Calvino, Jonathan Edwards, George Whitefield e até mesmo o grande teólogo medieval Tomás de Aquino ensinaram esta doutrina. Tomás de Aquino é o Doctor Angelicus da igreja católica romana 1. Durante séculos seu ensino teológico foi aceito como dogma oficial pela maioria dos católicos. Por isso ele era a última pessoa que eu esperava que sustentasse tal visão da regeneração. Entretanto Aquino insistia que a graça regeneradora é graça operativa, e não graça cooperativa. Aquino falou de graça preveniente, mas ele falou de uma graça que vem antes da fé, que é a regeneração. Estes gigantes da história do cristianismo derivaram sua visão das Santas Escrituras. A frase chave na carta de Paulo aos Efésios é esta: "... e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, —pela graça sois salvos." (Ef. 2:5). Aqui Paulo fixa o momento em que a regeneração acontece. Ela ocorre quando “nós estávamos mortos”. Com um único relâmpago de revelação apostólica todas as tentativas de conceder a iniciativa na regeneração ao homem são esmagadas. Portanto, homens mortos não cooperam com a graça. A menos que a regeneração aconteça primeiro, não há nenhuma possibilidade de fé. Isso não é nada diferente do que Jesus disse a Nicodemos. A menos que um homem nasça de novo primeiro, ele não tem chance de ver ou de entrar no reino de Deus. Se acreditarmos que a fé precede a regeneração, então posicionamos o nosso pensamento e, portanto, a nós mesmos, em oposição direta não só aos gigantes da história cristã, mas também ao ensino de Paulo e até mesmo do nosso próprio Senhor. "Estas palavras foram um choque para o meu sistema. Eu tinha entrado no seminário crendo que a ação chave do homem para efetuar o seu renascimento era a fé."

Sproul sobre o Calvinismo de Quatro Pontos

Sproul sobre o Calvinismo de Quatro Pontos - Há um grande número de pessoas que se intitulam calvinistas de quatro pontos porque eles não conseguem engolir a doutrina da expiação limitada. Às vezes dizem: "Eu não sou nem calvinista nem arminiano, eu sou um ‘calviniano’". Eu penso que um calvinista de quatro pontos é um arminiano. Digo isso pelo seguinte: Quando eu falei com pessoas que se dizem calvinistas de quatro pontos e tive a oportunidade de discutir o assunto com eles, acabei descobrindo que eles eram calvinistas de nenhum ponto. Eles achavam que acreditavam em depravação total, em eleição incondicional, em graça irresistível, e na perseverança dos santos, mas eles não tinham entendido estes pontos. Só uma vez eu encontrei uma exceção a esta regra geral, uma pessoa que se auto-proclamava calvinista de quatro pontos e que não era um calvinista de nenhum ponto. Ocorre que essa pessoa era um professor de teologia. Eu estava interessado na posição dele, então eu lhe disse: "Eu gostaria de ouvir como você lida com isso, porque eu confio em você. Eu sei que você é versado em teologia, e queria ouvir como você pensa sobre isso". Eu esperava que ele não tivesse uma compreensão precisa do T, U, I, e P*. Mas para minha surpresa, quando ele discorreu sobre eles, percebi que ele os expôs tão claramente quanto um calvinista estrito jamais teria feito. Eu estava exultante, mas também pasmo. Aí eu disse: "Agora fale-me sobre a sua visão quanto à expiação limitada". Quando ele me passou o seu ponto de vista quanto à expiação limitada, descobri que este homem não era um calvinista de quatro pontos. Ele era um calvinista de cinco pontos. Ele acreditava na expiação limitada e não sabia disso. O ponto que quero enfatizar é que há muita confusão sobre o que a doutrina da expiação limitada realmente ensina. Porém eu penso que se uma pessoa realmente entende os outros quatro pontos e está pensando com clareza, ela tem que acreditar na expiação limitada por causa do que Lutero chamou de “lógica irresistível”. Ainda assim, há pessoas que vivem em uma feliz inconsistência. Creio que é possível uma pessoa acreditar em quatro pontos sem acreditar no quinto, embora eu ache que não é possível fazê-lo consistente ou logicamente. Porém, é certamente uma possibilidade dada nossa tendência à inconsistência.

terça-feira, 5 de junho de 2012

A tolice de tentar agradar a homens

A tolice de tentar agradar a homens - [Richard Baxter, um dos grandes pastores e teólogos puritanos, mostra, ao estilo puritano, o quanto é tolo tentar agradar a homens enquanto se está tentando viver a vida para Deus. O orgulho que faz com que nos preocupemos tanto com o que os outros pensam de nós e o que sentem por nós, nos prega ciladas e armadilhas que, por fim, podem destruir nossas almas. Quando tenta agradar a homens, o crente compromete seu testemunho e torna-se virtualmente inútil na obra de Deus. Baxter nos dá 22 razões e advertências para que não sejamos tolos e para que procuremos sempre agradar a Deus e não a homens. As primeiras 8 aparecem nessa primeira parte.] "Porventura, procuro eu, agora, o favor dos homens ou o de Deus? Ou procuro agradar a homens? Se agradasse ainda a homens, não seria servo de Cristo." - Gálatas 1:10 1. Lembrem-se de que multidão vocês têm para agradar; e quando vocês agradarem a alguns, quantos mais permanecerão insatisfeitos, e quantos ainda permanecerão insatisfeitos depois que vocês derem o seu melhor. Infelizmente somos completamente inaptos para observar a todos que nos observam e que se agradariam de nós. Vocês são como alguém que só tem 12 moedas no bolso e mil mendigos vêm rodeá-los em busca delas, e cada um deles ficará insatisfeito se não puder ter todas elas. Se vocês decidirem dar tudo que tem para os pobres, e fizerem isso para agradar a Deus, vocês poderão atingir seu objetivo. Mas se vocês derem tudo para agradar a eles, quando tiverem agradado aqueles poucos que receberem alguma coisa, talvez o dobro deles irá insultá-los e amaldiçoá-los porque não ganharam nada. O mendigo que for mais rápido irá declarar que vocês são generosos, e o que for mais lento proclamará que vocês são mesquinhos e impiedosos. Dessa forma vocês terão mais gente para ofendê-los e desonrá-los do que para confortar-lhes com seus elogios, se é que era esse o conforto que vocês buscavam. 2. Lembrem-se que todos os homens são tão egocêntricos, que as suas expectativas serão sempre mais altas do que vocês jamais serão capazes de satisfazer. Eles não considerarão suas dificuldades, afazeres, ou o que quer que vocês façam pelos outros. A maior parte deles procurará ter tanto para si como se vocês não tivessem ninguém mais para pensar a não ser neles. Muitas e muitas vezes, quando tive uma hora do dia para gastar, uma multidão (cada um deles) esperava que eu passasse aquela hora consigo. Quando eu visito um, freqüentemente há dez que se ofendem porque não estou visitando-os na mesma hora. Quando estou falando com um, muitos outros se ofendem porque não estou falando com eles ao mesmo tempo. Se aqueles com quem converso me consideram cortês, humilde, e respeitável, aqueles com quem não consegui conversar, ou só pude dirigir uma palavra, me considerarão descortês e antipático. Quantos já me censuraram porque não lhes dei o tempo que Deus e a minha consciência me mandaram gastar em algum trabalho maior e mais necessário! Se vocês têm algum cargo ou função para preencher, ou um privilégio para conceder, que só uma pessoa pode receber, todos se consideram os mais indicados para recebê-lo. E se você agradou aquele que recebeu, deixou insatisfeitos todos os outros que nada receberam e foram privados dos seus desejos. "Quando eu visito um, freqüentemente há dez que se ofendem porque não estou visitando-os na mesma hora." 3. Vocês têm um grande número de pessoas para agradar que são tão ignorantes, irracionais e débeis, que consideram suas maiores virtudes como defeitos e que não sabem distinguir quando vocês fazem alguma coisa boa ou ruim. E não há ninguém que censure tão severamente como aqueles que menos entendem as coisas que estão censurando. Muitas e muitas vezes meus sermões e os de outros foram criticados, e abertamente difamados, por aquilo que nunca esteve neles, devido a ignorância ou falta de atenção de algum ouvinte mais crítico. Até mesmo por aquilo que os sermões falavam contra acabavam sendo repreendidos porque nunca foram compreendidos. Especialmente aqueles sermões com um estilo fechado, livre de tautologia, em que cada palavra precisa ser muito bem definida para evitar confusão, serão freqüentemente distorcidos e atacados. 4. Vocês terão muitos zelotes facciosos para agradar que, sendo estranhos ao amor à santidade, à cristandade e à unidade, são governados pelo interesse por alguma opinião ou grupo. E esses nunca estarão satisfeitos com vocês a não ser que vocês venham para lado ou partido deles, e se adaptem às suas opinões. Se vocês não forem abertamente contra eles, mas procurarem reconciliar a todos e pôr um fim nas diferenças da igreja, eles os odiarão por não promover as opiniões deles e ainda enfraquecê-los através de abomináveis sincretismos. Assim como na guerra civil, também na guerra eclesiástica os atiçadores não conseguem suportar os pacíficos. Se vocês forem neutros, serão considerados inimigos. Ainda que vocês dêem o máximo por Cristo, pela santidade e pela fé comum, tudo isso será nada, a não ser que vocês sejam também por eles e seus conceitos. 5. A maior parte do mundo é formada por pessoas que odeiam a santidade e tem uma sagaz inimizade contra a imagem de Deus, não tendo sido renovadas pelo Espírito Santo. Esses não se agradarão de vocês a não ser que vocês pequem contra o Senhor, e ajam como eles agem. 1 Pedro 4:3-5, "Porque basta o tempo decorrido para terdes executado a vontade dos gentios, tendo andado em dissoluções, concupiscências, borracheiras, orgias, bebedices e em detestáveis idolatrias. Por isso, difamando-vos, estranham que não concorrais com eles ao mesmo excesso de devassidão, os quais hão de prestar contas àquele que é competente para julgar vivos e mortos." Se vocês lhes falarem sobre o seu pecado, vocês serão considerados como Ló entre os sodomitas, homens ocupados que chegam entre eles fazendo as vezes de juiz, para controlá-los. Se vocês não forem tão maus quanto eles são , vocês serão chamados de arrogantes, metidos e hipócritas (ou talvez algo pior). O mesmo ocorrerá se vocês, por sua abstinência (mesmo que não digam nada), parecerem repreender a sensualidade e o desrespeito a Deus que eles demonstram. Entre os insanos vocês precisam bancar os insanos se quiserem escapar das suas presas injuriosas. Será que vocês podem ter alguma esperança de agradar a homens assim? "Pecadores inveterados negam-se a ir para o inferno sozinhos. É um tormento para eles verem outros em melhor estado que o seu." 6. Entre aqueles que precisarão agradar, vocês se depararão com inimigos satânicos de Deus, e homens de consciência cauterizada e perversa, os quais são maliciosos e cruéis, e não ficarão satisfeitos com nada a não ser com alguma iniqüidade terrível, e com a destruição de das almas de vocês, e com a possibilidade de levar outros à perdição. São como aquele monstro de Milão, que quando punha de joelhos seu inimigo, o fazia blasfemar contra Deus na expectativa de salvar sua vida, e então o apunhalava considerando aquela uma justa vingança, pois matava o corpo e condenava a alma de uma só vez. Há no mundo aqueles que farão tão abertamente o trabalho do diabo, que corromperiam as consciências de vocês com os mais horríveis perjúrios, perfídias e impiedades, a fim de triunfar sobre suas miseráveis almas. Se vocês responderem a eles que não podem agradá-los, a não ser sendo desonestos e desagradando a Deus e pecando contra o conhecimento e a consciência, e pondo em risco a sua própria salvação, eles retrucarão apenas com um gracejo zombeteiro diante desses argumentos e esperarão que vocês aventurem suas almas em seguir suas opiniões, e se preocupem tão pouco com Deus e suas almas quanto eles mesmos fazem. Pecadores inveterados negam-se a ir para o inferno sozinhos. É um tormento para eles verem outros em melhor estado que o seu. Aqueles que são cruéis e impiedosos consigo mesmos, e não têm pena de suas próprias almas, mas as vendem por uma prostituta, ou por uma promoção, ou por honra, ou por prazeres sensuais, dificilmente terão misericórdia da alma alheia: Mateus 27:25, "E o povo todo respondeu: Caia sobre nós o seu sangue e sobre nossos filhos!" 7. Vocês terão homens duros, implicantes, não caridosos e injustos para agradar; os quais farão com que "por causa de uma palavra condenam um homem, os que põem armadilhas ao que repreende na porta, e os que sem motivo negam ao justo o seu direito." Isaías 29:20,21. Esses não têm nenhum traço daquela caridade que cobre faltas e interpreta palavras e ações favoravelmente. Também não têm nada daquela justiça que faz com que um homem faça aos outros como quer que lhe façam, e julgue ao próximo como gostaria de ser julgado. Entretanto, como julgam sem misericórdia, provavelmente serão julgados sem misericórdia. Eles ficam felizes quando encontram algum assunto em que possam repreendê-los e quando encontram um (verdadeiro ou falso) eles jamais o esquecerão, mas insistirão nele como a mosca insiste em voltar ao local infectado. 8. Vocês terão que agradar pessoas passionais, cujos julgamentos são cegados, e que não são capazes de serem satisfeitas. São como o doente e ferido que sente dor a qualquer toque e que, por fim, como disse Sêneca, sente dor com a própria presunção de que foi tocado. Como podem agradar a esses se a insatisfação é a sua enfermidade, que habita no interior deles, no âmago do seu próprio coração? 9. Vocês verão que a disposição de condenar e criticar é um hábito comum, e apesar de poucos serem competentes para julgar as ações de vocês, por não estarem suficientemente a par da sua rotina diária, praticamente todos se aventurarão a reprová-los. Um entendimento orgulhoso e presunçoso é um defeito muito comum. Esse tipo de conhecimento se considera capaz de julgar qualquer coisa assim que ouve apenas uma pequena porção do tema, e não tem consciência de sua própria falibilidade, apesar de experimentá-la diariamente. Poucos estão perto de vocês e nenhum no seu coração, de forma que todos desconhecem as circunstâncias e as razões de tudo que vocês fazem. Também não ouvem o que vocês têm a dizer por si mesmos e mesmo assim insistem em censurá-los, sendo que talvez os tivessem absolvido se ao menos ouvissem as suas explicações. É raro encontrar alguém, mesmo entre aqueles que professam a maior sinceridade e que são muito cuidadosos e zelosos de não pecar, que não tenha a capacidade ou o chamado para executar esse tipo de julgamento precipitado e desprovido de fundamento. 10. Vocês vivem entre tagarelas incontroláveis e contadores de histórias que divertem outros lançando acusações contra vocês. Quem é que tem ouvidos e nunca teve algum desses vermes tentando ocupar-se deles? Talvez um ou outro homem mais correto, cuja face zangada espantou essas línguas fofoqueiras pra longe de si. E tudo que é coisa será dita nas costas de vocês quando não tiverem como responder. E se houver um homem a quem os ouvintes estimam, e que acuse e calunie vocês, então eles acharão correto acreditar nele. E a maioria daqueles que são amigos desse homem, ou do seu partido, ou têm interesses semelhantes, certamente o considerarão honesto e portanto crerão nele. E não é incomum uma pessoa sábia, inteligente e piedosa se precipitar em repetir algum relato da boca de outros e aí o ouvinte pensa que está totalmente justificado em acreditar nela e repassar a mesma história a outros. O próprio Davi, pela tentação de Ziba, foi levado a injustiçar Mefibosete, o filho do seu grande e digno amigo. 2 Sm. 16:3. Não surpreende então, que Saul tenha dado ouvidos a Doegue, para amaldiçoar Davi e matar os sacerdotes. Pv. 18:8 "As palavras do maldizente são doces bocados que descem para o mais interior do ventre." Pv. 26:20 20 "Sem lenha, o fogo se apaga; e, não havendo maldizente, cessa a contenda." E enquanto esses estiverem ainda perto dos homens e vocês longe, é fácil para eles persistirem nas mais odiosas representações das mais louváveis ações de uma pessoa. "Experimentem servir aos homens da forma mais submissa e cuidadosa que puderem e, ao final, algum acidente ou a frustração de alguma das injustas expectativas nutridas por eles fará com que tudo o que vocês já fizeram seja esquecido." 11. A imperfeição do entendimento e da piedade dos homens é tão grande, que mesmo as mais sensatas diferenças de julgamento, levarão à injúria e ao desprezo aos irmãos. Alguém está plenamente confiante de que sua visão é a correta, outrem está plenamente convencido do contrário. Quem não percebe a que contendas e insultos essas diferenças conduzem, já tendo um certo tempo de vida, não perceberá jamais. Não precisamos ir a Paulo e Barnabé para um exemplo (esse foi um caso bem mais leve); nem a Epifânio, Jerônimo e Crisóstomo; nem àquelas eras trágicas daqueles bispos conflituosos, que viveram antes de nós na igreja oriental e ocidental: cada um pensando que sua causa era tão clara que o justificava em tudo que dizia e fazia contra os que ousavam pensar de forma diferente. E certamente vocês devem esperar certo desconforto por parte de homens bons e cultos, quando a igreja sente tão terríveis choques, sangrando até hoje em divisões tão horrendas, por causa dos restos daquele orgulho e ignorância de que seus reverendos guias continuam sendo culpados. 12. Vocês terão homens de grande inconstância para agradar. Em um momento eles estarão prontos a louvá-los como se fossem deuses e no instante seguinte prontos para apedrejá-los como se fossem demônios; como fizeram com Paulo e com o próprio Cristo. Que inconstante é a mente do homem! Especialmente a mente dos comuns e mundanos! Passem todos os dias da sua vida construindo sua reputação sobre essa areia e um único sopro de vento ou de tempestade a derrubará e todo o seu esforço e trabalho estará perdido. Experimentem servir aos homens da forma mais submissa e cuidadosa que puderem e, ao final, algum acidente ou a frustração de alguma das injustas expectativas nutridas por eles fará com que tudo o que vocês já fizeram seja esquecido. Então vocês deixarão este mundo com o lamento de Wolsey: "Se eu tivesse servido a Deus com a fidelidade que servi ao homem, teria sido melhor recompensado, em vez de ser abandonado na minha agonia." Quantos já caíram pelas mãos ou olhares carrancudos daqueles cujo favor haviam encarecidamente adquirido, talvez pagando o preço da sua própria salvação! Se algum dia vocês puserem tanta confiança em um amigo, sem considerar a possibilidade dele vir a se tornar algum dia um inimigo, então vocês não conhece os homens; e talvez sejam levado a conhecê-los melhor, pagando um alto preço. 13. Todo homem será envolvido, inevitavelmente, pelo próprio Deus, em alguns deveres que correm o risco de ser mal interpretados e que têm uma aparência externa de coisas más. Com isso ofenderão aqueles que não conhecem todas as circunstâncias internas. Assim, boa parte da história é pouco digna de respeito; porque as ações de pessoas públicas são julgadas com parcialidade por aqueles que escrevem sobre elas. Eles escrevem mais por ouvir dizer; ou só conhecem o exterior e as aparências das coisas, e não o espírito, a vida e a realidade do caso. Os homens não escolhem seus deveres. Deus os determina pela Sua Lei e providência. E muitas vezes Ele se agrada em provar seus servos dessa forma: muitas das circunstâncias de seus atos permanecem ocultos aos homens. Estes os justificariam se o soubessem, mas acabam considerando-os pessoas publicamente escandalosas, porque não as conhecem. Quão parecido com o mal foi o fato de os israelitas tomarem os bens dos egípcios! Assim também a tentativa de Abraão de sacrificar seu filho; também Davi comendo os pães da proposição e dançando quase nu diante da arca. Cristo comendo e bebendo com publicanos e pecadores, Paulo circuncidando Timóteo e a sua purificação no templo. Não é surpresa que José tenha pensado em abandonar Maria até que ele tivesse evidência da sua milagrosa concepção. E quão merecedora de reprovação ela era, por parte daqueles que não conheciam os fatos! Portanto, quão vazio é o julgamento do homem! E quão contrário ele é freqüentemente à verdade! E com que cautela a história precisa ser lida! E quão aguardado é o grande dia do Senhor, quando toda censura humana será censurada com justiça! "Se eu aceito uma promoção sou ambicioso, orgulhoso e mundano. Se recuso, por mais humildemente que o faça, eles dirão que estou descontente e querendo criar confusão e discórdia. Se eu não pregar quando sou proibido de fazê-lo serei acusado de abandonar o chamado que recebi e obedecendo a homens, contrariando a Deus. Se eu pregar serei chamado de desobediente e rebelde." 14. A perversidade de muitos é tal que eles exigem de vocês coisas contraditórias e até impossíveis só para deixar claro que eles estão decididos a nunca gostar de vocês. Se João jejua eles dizem que "tem demônio", se Cristo vem "comendo e bebendo", dizem, "vejam um glutão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores" Mateus 11:18,19. Se o julgamento e a prática de vocês adaptarem-se aos requisitos de seus superiores, especialmente quando estes mudam alguma coisa, vocês serão considerados meros aduladores e contemporizadores. Se não for assim, serão considerados desobedientes, rebeldes e sectários. Se vocês falarem moderada e gentilmente eles os chamarão de bajuladores e dissimulados. Se falar mais livremente, mesmo quando necessário, dirão que é grosseiro. Se eu aceito uma promoção sou ambicioso, orgulhoso e mundano. Se recuso, por mais humildemente que o faça, eles dirão que estou descontente e querendo criar confusão e discórdia. Se eu não pregar quando sou proibido de fazê-lo serei acusado de abandonar o chamado que recebi e obedecendo a homens, contrariando a Deus. Se eu pregar serei chamado de desobediente e rebelde. Se ajudar um amigo ou parente a conseguir uma posição para a qual ele não é adequado ou que irá prejudicar a outrem; se eu atendo-lhe o pedido, serei chamado de desonesto, que por parcialidade prejudiquei a outros. Se negar-lhe o desejo, serei considerado antinatural e não amigo, e pior que um infiel. Se eu der ao pobre enquanto tenho o que dar, serei reprovado ao parar de dar quando não tiver mais. Aqueles que não sabem se vocês têm ou não para dar, ficarão descontentes se vocês não derem e se por muitos anos vocês permanecerem dando livremente, será tudo considerado nada se tiverem que cessar, não importando se pararam porque seu estoque acabou ou porque outro teve que ser objeto da sua caridade. Se vocês sofrerem algum dano em relação aos seus bens e forem à justiça, dirão que são contenciosos; se vocês deixarem tudo como está e sofrerem o dano então dirão que vocês são tolos e idiotas. Se fizerem alguma obra de caridade à vista dos homens, dirão que são hipócritas e o fazem para receber aplausos; se fizerem secretamente, de forma que ninguém saiba, dirão que são cobiçosos e não têm boas obras e que apesar de professar a religião vocês não fazem o bem. Se vocês forem alegres e divertidos eles os reprovarão porque são levianos e fúteis. Já se forem mais sérios e tristes, serão chamados de melancólicos e descontentes. Em uma palavra, façam o que fizerem, tenham a certeza de que sempre alguns os condenarão. E fazendo ou não fazendo, falando ou calando, certamente vocês desagradarão e nunca escaparão das censuras do mundo. 15. Há entre os homens uma contrariedade tão grande de julgamentos, disposições e interesses que eles nunca concordarão entre si. E se vocês agradarem a um, o resto ficará descontente. Aquele que vocês agradarem é considerado inimigo para outro e, assim, vocês desagradam seu inimigo agradando a eles. Às vezes, diferenças de estado dividem reinos em partidos e um partido ficará descontente com vocês se vocês forem do outro, e ambos ficarão se vocês forem neutros ou não gostarem de nenhum dos dois. Cada partido acha que sua causa justifica qualquer acusação que façam contra vocês ou títulos odiosos que queiram lhes conceder e até mesmo sofrimentos que possam querer lhes infligir. Diferenças e grupos sempre existiram na igreja e vocês não podem ter a opinião de todos os partidos. Quando há tal abundância de conceitos, vocês não podem concordar com todas elas ao mesmo tempo. E se vocês forem de um partido, desagradarão os demais. Se aderirem a um lado em opiniões controversas, o outro lado os considerará hereges e é impressionante até que ponto os interesses deles podem levá-los. Metade do mundo cristão, nos dias de hoje, condena o outro lado de ser cismático, para dizer o mínimo; e a outra metade faz o mesmo com a primeira. E será que vocês podem ser papistas, protestantes e gregos, e tudo mais? Se não, vocês terão que desagradar tantos quantos agradam. E ainda mais, se homens inconstantes ficam mudando o tempo todo, eles esperam que vocês mudem tão rápido quanto eles, e qualquer que sejam seus interesses conflitantes vocês terão que segui-los. Em um ano vocês precisarão jurar e no ano seguinte terão que desfazer o juramento. Qualquer causa ou ação que eles abraçarem, por mais diabólica que seja, vocês terão que aprovar ou permitir, e tudo que eles fizerem vocês terão que dizer que é bem feito. Em uma palavra, vocês terão que treinar sua língua a dizer ou jurar qualquer coisa, e terão que vender sua inocência e colocar sua consciência totalmente a serviço deles, ou não poderão agradá-los. Micaías precisa dizer, com os outros profetas, "Vá e prospere", senão será odiado por não profetizar coisas boas para Acabe, mas somente coisas más. 1 Rs 22:8. E como poderão servir a todos os interesses de uma só vez? Parece que a providência divina embaralhou, de propósito, os assuntos do mundo, para tentar e envergonhar todos os que procuram agradar a homens e os contemporizadores que estão debaixo do sol. É evidente então, que para agradar a todos você precisa falar e ficar calado, ratificar contradições, estar em muitos lugares ao mesmo tempo, ter a mente e seguir o caminho de muitos homens. De minha parte, pretendo ver o mundo tendo um pouco mais de acordo entre si, antes de ter como minha ambição agradá-lo. Se vocês podem reconciliar todas as suas opiniões e interesses, o estado de coisas, as disposições, e fazer com que todos tenham uma só mente e vontade, só então passem a ter esperança de agradá-los. 16. Se vocês se sobressaírem em alguma qualidade pessoal ou atividade, mesmo isso não os isentará da difamação na direção oposta; tal é a irracionalidade dos homens maliciosos. Nada neste mundo pode proteger vocês das línguas fofoqueiras e difamadoras. A perfeita santidade de Jesus Cristo não o livrou de ser chamado de glutão, bebedor de vinho e amigo de publicanos e pecadores. O esplêndido desprezo que ele tinha pelas honras e pompas mundanas, e a sua sujeição a César, não evitaram que ele fosse ultrajado e crucificado como inimigo do imperador. A grande piedade dos antigos cristãos não os livrou de calúnias vulgares que diziam que eles se reuniam no escuro para cometer torpeza, e também não os livrou do clamor da turba: "Fora com os impíos", provocada porque os cristãos eram contra a adoração dos ídolos que eles idolatravam. Conheço pessoas que deram tudo o que tinham para os pobres, exceto a própria comida e mais algumas coisas indispensáveis, e ainda assim (apesar das coisas serem de valor considerável) foram reprovadas como tendo sido inclementes em relação àqueles que não receberam tanto quanto esperavam. Muitos, cujas vidas inteiras foram de castidade incorruptível, foram difamados por rumores escandalosos de impureza. Os mais eminentes santos foram difamados como culpados dos mais horrendos crimes, que nunca sequer passaram pelo pensamento deles. A coisa que eu mais busquei nos meus estudos e com que mais me preocupei sempre foi a reconciliação, unidade e paz entre os cristãos. Sempre escrevi contra a falta de amor, a turbulência e a divisão. Mas, surpreendentemente, há muitos cujo interesse e malícia os fez acusarem-me exatamente daquele pecado que gastei meus dias, meu zelo e meus estudos para atacar. Com que freqüência facções contrárias me acusaram com acusações perfeitamente opostas! Não consigo pensar em nada que eu faça neste mundo que deixe de ofender alguém; nem em deveres tão grandes e claros que não sejam chamados de pecado; nem numa auto-renúncia tão grande (mesmo com o risco da própria vida) que não seja chamada de egocentrismo; ou algo totalmente puro que não seja considerado exatamente o contrário. Portanto, em vez de servir a este injusto e malicioso mundo, eu desprezo as suas cegas e injustas censuras e recorro ao infinitamente justo Deus. 17. Se vocês planejam manter um nome honrado quando morrerem, considerem bem o poder que uma facção prevalecente pode ter de corromper a história da sua vida e representá-los para a posteridade de forma perfeitamente contrária àquilo que vocês são. E é difícil para a posteridade avaliar qual história é produto de mentiras maliciosas e vergonhosas, e qual é a verdade imparcial. Quantas histórias contraditórias há por aí sobre pessoas e ações particulares, escritas por homens da mesma religião: como é o caso do Papa Gregório VII e os imperadores que brigaram com ele; e sobre o Papa João, e muitos outros parecidos. Casos em que vocês podem ler grande quantidade de historiadores posicionando-se de um lado ou de outro. 18. Lembrem-se de que os maiores santos e apóstolos nunca puderam agradar o mundo, nem escapar das suas censuras, calúnias e crueldades. Não; nem mesmo o próprio Jesus escapou. E vocês acreditam honestamente que podem agradá-lo melhor que Cristo e seus santos puderam? Vocês não têm a sabedoria que Cristo tinha para agradar aos homens e evitar ofensas. Vocês não possuem a perfeita inocência e ausência de culpa que Cristo tinha. Vocês não podem curar as doenças e enfermidades deles, e fazer a eles aquele bem que poderia agradá-los e ganhá-los, como Cristo fez. Vocês não podem convencer e constranger a eles para que os reverenciem por seus muitos milagres como Cristo fez. E será que vocês podem imitar um padrão tão elevado como o estabelecido pelo santo, paciente, amoroso e infatigável apóstolo Paulo? Atos 20; 1 Cor 4; 9; 2 Cor 4; 5; 6; 10; 11; 12. Se não podem, como poderão agradar àqueles que não se satisfizeram com tais inimitáveis obras de amor e poder? Quanto mais Paulo amava alguns de seus ouvintes, menos ele era amado (2 Cor 12:15). Eles o consideraram um inimigo por lhes dizer a verdade (Gl 4:16). Apesar de ele ter se tornado todas as coisas para todos os homens, ele apenas pôde salvar alguns e agradar alguns (1 Cor 9:22). E o que são vocês para que sejam mais bem sucedidos que ele? "Será que os homens serão satisfeitos por meio de coisas que eles odeiam?" 19. Piedade, virtude, e até mesmo honestidade, não agradam ao mundo e, portanto, vocês não devem ter esperanças de agradá-los com coisas que os desagradam. Será que os homens serão satisfeitos por meio de coisas que eles odeiam? E por meio daquelas ações que eles podem sentir que são as mesmas que os acusam e condenam? E se vocês forem ímpios e depravados para agradá-los, vocês estarão vendendo suas almas, suas consciências e seu Deus, só para satisfazê-los. Lembre-se que Deus e eles não se agradam dos mesmo caminhos. E qual dos dois vocês acham que deve ser satisfeito primeiro? Se vocês o desagradarem em favor deles, é certo que pagarão um alto preço. 20. Os homens não se agradam nem mesmo de Deus; aliás, ninguém desagrada a tantos, e tanto, como Ele. E será que vocês podem fazer mais do que Deus para agradá-los? Ou será que vocês merecem o favor deles mais do que Ele? Eles se desagradam dEle diariamente por causa da sua providência: um quer chuva enquanto o outro não quer. Um quer ventos para ajudar na sua viagem e o outro os quer soprando em outra direção. Um grupo fica desgostoso, porque outro está feliz e exaltado. Cada um dos adversários quer que a sua causa seja bem-sucedida e que a vitória seja sua, cada rival quer que tudo penda para o seu lado. Eles querem que Deus seja dirigido por eles e se adapte a eles e a seus interesses mais injustos, e à vontade dos mais depravados, e aja como se eles fossem donos dEle, e seja um servo dos seus prazeres. Se não for assim, eles não se agradarão dEle. E a Sua natureza santa, Sua imaculada Palavra, Seus santos caminhos, desagradam-nos mais ainda do que a sua providência do dia-a-dia. Eles ficam incomodados por Sua Palavra ser tão rígida e precisa, e porque Ele lhes ordena uma vida tão santa e disciplinada, e também porque Ele ameaça todos os ímpios com condenação. Deus precisa alterar suas leis, torná-las mais flexíveis, adaptá-las aos interesses carnais e às cobiças deles, dizer o que eles querem ouvir, antes que eles possam aceitar (a não ser que Ele transforme suas mentes e corações). E será que vocês imaginam que eles ficarão satisfeitos com Deus no final, quando Ele cumprir suas ameaças? Quando Ele os matar e tornar seus corpos em pó e suas almas culpadas forem lançadas no tormento e no desespero? "Os homens não se agradam nem mesmo de Deus; aliás, ninguém desagrada a tantos, e tanto, como Ele." 21. Como vocês poderão agradar a homens que não se agradam a si mesmos? Seu próprio desejo e escolhas os satisfarão por muito pouco tempo. Como crianças, eles logo se entediam com aquilo pelo que clamavam. Eles precisam desesperadamente tê-lo, e quando têm, aquilo passa a ser como nada e é jogado fora. Não se satisfazem tendo e deixando de ter. São como pessoas enfermas que anseiam por todo tipo de comida e bebida, e quando finalmente podem tê-los não conseguem engoli-los, porque a enfermidade ainda está dentro deles e lhes causa desconforto. Quantos e quantos enfrentam problemas e atormentam-se por causa de paixões e bobagens dia após dia! E será que vocês conseguirão agradar a esses auto-destruidores? 22. Como poderão agradar a todos os outros homens se não podem agradar nem a si mesmos? Se vocês são pessoas tementes a Deus e sentem o fardo dos seus pecados, e têm vida suficiente para serem sensíveis às suas mazelas, eu ouso dizer que não há ninguém no mundo tão desgostoso de vocês quanto vocês mesmos. Vocês carregam consigo, e sentem no íntimo, aquilo que os desagrada mais do que todos os inimigos que possam ter no mundo. Suas paixões e corrupções, sua falta de amor a Deus, e a sua distância em relação a Ele e ao porvir; a imperfeição diária de seus deveres e sua vida, são o seu fardo diário, e os desagradam mais que tudo. E se vocês não são capazes, sábios e bons o suficiente para agradarem-se a si mesmos, poderão ser capazes, sábios e bons o suficiente para agradar o mundo? Assim como seus pecados estão mais próximos de vocês mesmos, assim ocorre com as suas graças; e assim como vocês conhecem mais maldade sobre si mesmos do que os outros, assim vocês conhecem mais bondade. Um pequeno fogo não aquecerá a casa se não consegue aquecer a lareira em que repousa.

Há um Antídoto para a Depravação Humana?

Há um Antídoto para a Depravação Humana? - O fato da nossa queda torna a graça soberana essencial Voltemos à passagem com que começamos esta série: Efésios 2:1-3. Desta vez eu acrescentarei (em negrito e itálico) duas palavras do versículo 4. Essas duas palavras marcam a declaração central do capítulo: Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência; entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais. Mas Deus... D. Martyn Lloyd-Jones pregou um dos seus sermões mais famosos nestas duas palavras: "Mas Deus." Aquela simples conjunção marca a transição que o apóstolo Paulo faz do problema da depravação humana para a sua solução. A única solução possível, diz Paulo, é a aplicação soberana de graça salvadora ao pecador. Você está procurando uma declaração explícita de doutrina calvinista nas epístolas paulinas? Aqui está uma dentre muitas, e esta é clássica. Veja: Todo o argumento de Paulo ao expor a doutrina da depravação humana neste contexto visava afirmar que a nossa queda nos deixa totalmente à mercê de Deus para a salvação. Nossa completa inabilidade, que Paulo há pouco descreveu como um estado de morte espiritual, salienta a absoluta necessidade da soberania de Deus na salvação. É porque nós somos tão completa e espiritualmente incapacitados que a nossa salvação precisa ser obra de Deus e obra de Deus somente. "É porque nós somos tão completa e espiritualmente incapacitados que a nossa salvação precisa ser obra de Deus e obra de Deus somente." Esta verdade não surgiu do nada. Paulo já estabelecera a verdade da soberania divina no capítulo 1, onde ele lembrara aos Efésios que Deus os escolheu (4), os predestinou (5), garantiu a adoção deles (5), concedeu-lhes a sua graça (6), redimiu-os (7), perdoou-lhes (7), derramou riquezas da Sua graça sobre eles (8), desvendou-lhes os mistérios da Sua vontade (9), obteve uma herança para eles (11), garantiu que eles O glorificassem (11-12), salvou-os (13) e selou-os com o Espírito (13-14). Todas essas verdades são verdades sobre todo crente. Em resumo, Ele “nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo” (3). Tudo isso é obra da Sua graça soberana, não motivada por qualquer bem em nós, mas simplesmente "segundo o beneplácito de sua vontade" (5, 9) e "segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade" (11). Não há sequer um vestígio de Arminianismo nisso. Não há sequer um sussurro de ênfase no livre arbítrio humano. Paulo está expressamente ensinando que toda a salvação é obra de Deus e que Ele é absolutamente soberano no processo. Na realidade, Efésios 2 começa com a passagem no primeiro parágrafo acima, dando ênfase à inabilidade absoluta de pecadores espiritualmente mortos, e então culmina com a declaração de Paulo no verso 10 de que até mesmo as boas obras feitas pelos crentes foram de antemão preparadas por Deus! De que forma Paulo poderia ter sido mais claro ou enfático quanto à verdade da soberania de Deus em nossa salvação? "Não há sequer um vestígio de Arminianismo nisso. Não há sequer um sussurro de ênfase no livre arbítrio humano." Na verdade, esta é a mensagem central de Efésios 2: a salvação é inteiramente obra de Deus. Não devemos pensar que a redenção depende de qualquer obra, movimento, atividade ou escolha livre por parte do pecador. Por isso os versos 8 e 9 constituem uma declaração sucinta da tese do capítulo inteiro: "Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie." (8-9). "Mas Deus!" - aqui nós vemos a única possível cura para a depravação humana, a graça de um Deus amoroso: Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, —pela graça sois salvos, e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus; para mostrar, nos séculos vindouros, a suprema riqueza da sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus. Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie.