sexta-feira, 22 de setembro de 2017

A Divisão do Reino de Israel!

A DIVISÃO DO REINO DE ISRAEL :

Salomão foi um rei de obras grandiosas, gerando também grandes despesas. Para pagamento destas despesas o povo teve de arcar com mais impostos. Após morte do rei o povo se dirigiu ao sucessor, Roboão, pedindo a redução dos pesados encargos colocados sobre eles. Roboão seguindo o conselho de seus amigos jovens disse que em seu reino o jugo seria mais pesado que o de seu pai. Após essa decisão de Roboão o povo se negou a continuar sendo governado por ele. Levantaram como rei de Israel Jeroboão, ficando sob as ordens de Roboão apenas as tribos de Judá e Benjamim (1 Re 12). Sendo assim o reino de Israel ficou dividido, formando Judá e Benjamim o reino do Sul e o restante das dez tribos o reino do Norte.

Com a divisão, a geografia cooperou para o desenvolvimento independente de cada tribo. A tribo de Judá não se comunicava com as tribos do Norte em razão da largura e profundidade do vale do Soreque, na região central de Israel. A oeste estavam os filisteus; ao sul, o perigoso deserto do Neguebe e também as populações nômades da região, sempre hostis a estrangeiros; a leste havia o mar Morto. Assim Judá era a tribo mais isolada de Israel, portanto a mais sujeita ao sentimento de liberdade.

O sucessor de Salomão, seu filho Roboão, reinou por dezessete anos (931-913 a.C.). O perfil geral de Roboão é descrito da seguinte maneira: “Fez ele o que era mal, porquanto não dispôs o coração para buscar ao Senhor” (2 Cr 12.14). As Escrituras Sagradas indicam que Roboão e seus compatriotas atingiram o mais baixo nível de comportamento idólatra. Estabeleceram lugares altos e postes-ídolos de Aserá, além de se envolverem em rituais de prostituição sodomita.

O povo das dez tribos aclamou Jeroboão como monarca do recém-formado reino. O rei imediatamente estabeleceu sua capital em Siquém, uma localidade considerada santa por todos os habitantes de Israel. O novo rei estabelecido havia recebido a promessa de uma dinastia eterna caso permanecesse fiel ao Senhor (1 Rs 11.38). Entretanto, se a situação religiosa de Judá era má, a de Israel tornou-se pior. Jeroboão mandou estabelecer santuários em Betel e Dã, tornando essas cidades centros de adoração pagã. Assim seu reino se tornou o modelo de iniquidades para sempre, com o qual os futuros reis malignos de Israel seriam comparados (1 Rs 16.2, 3.19). Jeroboão violou os mandamentos de Deus e a aliança com Yahweh, seguindo outros deuses e rejeitando o Deus de Israel. Portanto, Yahweh findaria a dinastia de Jeroboão rapidamente e transportaria Israel para além do rio Eufrates, em consequência de seus pecados.

Em várias ocasiões os dois reinos lutaram entre si competindo pelo controle da região. Porém, os laços da tradição antepassada eram muitos fortes, fato que os manteve unidos, muitas vezes em ocasiões de perigo (1 Rs 14.30). Uma diferença marcante entre ambos os reinos foi a perpetuação no Sul de uma dinastia única, a davídica, enquanto no Norte se levantaram cinco diferentes dinastias no curto período de 210 anos.

Esse fenômeno se deu por causa do papel religioso desempenhado pelos reis da dinastia davídica, o que levou a uma associação entre o javismo, religião dos israelitas antes do exílio na Babilônia, cuja consequência posterior foi a esperança messiânica do período pós-exílico.

REINO DO NORTE

O Reino do Norte (Israel) era menos estável politicamente que o Reino do Sul (Judá), Sua duração mais curta como nação independente (209 anos) e a violência ligada à sucessão ao trono comprovam esse fato. O historiador de Reis considerou “maus” todos os dezenove governantes de Israel, porque perpetuaram o culto ao “bezerro de ouro” de Jeroboão. A medida de duração do reinado de um monarca israelita era de apenas dez anos, e nove famílias diferentes reivindicaram o trono. Para chegar ao trono, o carisma era tão útil quanto a ascendência, mas não era garantia de preservação; sete reis foram assassinados, um cometeu suicídio, um foi ferido por Deus e outro foi deposto e levado para Assíria.

A palavra final do destino de Israel é encontrada no capítulo 17 versículos 22 a 23 de 2 Reis “Assim andaram os filhos de Israel em todos os pecados que Jeroboão tinha feito; nunca se apartaram deles; Até que o SENHOR tirou a Israel de diante da sua presença, como falara pelo ministério de todos os seus servos, os profetas; assim foi Israel transportado da sua terra para a Assíria, onde permanece até o dia de hoje. E o rei da Assíria trouxe gente de Babilônia, de Cuta, de Ava, de Hamate e Sefarvaim, e a fez habitar nas cidades de Samaria, em lugar dos filhos de Israel; e eles tomaram a Samaria em herança, e habitaram nas suas cidades”.

REIS DE ISRAEL APÓS A DIVISÃO

Para esta época, a maioria dos historiadores segue as cronologias a seguir : As data são a.C :

JEROBOÃO - 931-910
NADABE - 910-909 - foi assassinado
BAASA  - 909-886
ELÁ - 886-885 – foi assassinado
ZINRI - 885 - suicidou-se
ONRI -  885-874
ACABE - 874-853
ACAZIAS -  853-852
JORÃO -  852-841 – foi assassinado
JEÚ -  841-814
JEOACAZ -  814-798
JEOÁS - 798-782
JEROBOÃO II -  782-753
ZACARIAS -  753 - foi assassinado
SALUM - 752 -  foi assassinado
MENAÉM - 752-742
PECAÍAS - 742-740 – foi assassinado
PECA - 740-732 – foi assassinado
OSÉIAS - 732-722 – foi deposto pelo rei da Assíria, Salmaneser.
Oséias foi o último rei de Israel.

REINO DO SUL

O Reino do Sul persistiu por mais de um século e meio que o Reino do Norte (cerca de 345 anos). Ao contrário de Israel, os reinados dos dezenove reis e uma rainha em Judá, tiveram duração média de mais de dezessete anos. A dinastia de Davi foi a única a reivindicar o trono do Sul, realçando a estabilidade política. O reinado terrível da rainha Atália foi a única interrupção da sucessão davídica. No entanto em Judá também ocorreram intrigas políticas, pois cinco reis foram assassinados, dois foram feridos por Deus e três foram exilados. O historiador de Reis relatou que oito monarcas de Judá foram “bons” porque seguiram o exemplo de Davi e obedeceram a Javé. Foram eles: Asa, Josafá, Joás, Amazias, Uzias, Jotão, Ezequias e Josias.

Os reis Ezequias e Josias são idealizados como personagens semelhantes a Davi e Salomão porque purificaram a templo e restauraram a adoração adequada em Jerusalém.

O Reino do Sul também foi levado cativo, por não obedecerem aos mandamentos do Senhor: “E queimaram a casa de Deus, e derrubaram os muros de Jerusalém, e todos os seus palácios queimaram a fogo, destruindo também todos os seus preciosos vasos. E os que escaparam da espada levou para Babilônia; e fizeram-se servos dele e de seus filhos, até ao tempo do reino da Pérsia. Para que se cumprisse a palavra do SENHOR, pela boca de Jeremias, até que a terra se agradasse dos seus sábados; todos os dias da assolação repousou, até que os setenta anos se cumpriram” (2 Cr 36.19-21).

Com um desfecho melhor que Israel, o povo de Judá voltou para sua terra, cumprindo-se assim a promessa do Senhor de que da raiz de Davi nasceria o redentor. Por isso Ciro rei da Pérsia permitiu aos judeus retornarem a Jerusalém, conforme narrado pelo escritor do livro das Crônicas: “Porém, no primeiro ano de Ciro, rei da Pérsia (para que se cumprisse a palavra do SENHOR pela boca de Jeremias), despertou o SENHOR o espírito de Ciro, rei da Pérsia, o qual fez passar pregão por todo o seu reino, como também por escrito, dizendo: Assim diz Ciro, rei da Pérsia: O SENHOR Deus dos céus me deu todos os reinos da terra, e me encarregou de lhe edificar uma casa em Jerusalém, que está em Judá. Quem há entre vós, de todo o seu povo, o SENHOR seu Deus seja com ele, e suba” (2 Cr 36.22-23).

REIS DE JUDÁ APÓS A DIVISÃO - Para esta época, a maioria dos historiadores segue as seguintes cronologias : As data são a.C :

ROBOÃO - 931-913
ABIAS - 913-911
ASA - 911-870
JOSAFÁ - 870-848
JEORÃO - 848-841 – foi assassinado
ACAZIAS - 841-841 – morto por Jeú rei de Israel
ATÁLIA - 841-835 – foi assassinada
JOÁS - 835-796 – foi assassinado
AMAZIAS - 796-767 – foi assassinado
UZIAS (AZARIAS) - 767-740
JOTÃO - 740-732
ACAZ - 732-716
EZEQUIAS - 716-687
MANASSÉS - 687-643
AMOM - 643-641 – foi assassinado
JOSIAS - 641-609 – morreu em batalha
JEOACAZ - 609 – deposto pelo Faraó Neco
JEOAQUIM - 609-598
JOAQUIM - 598 – deposto pelos babilônios
ZEDEQUIAS - 598-586 – deposto pelos babilônios

Zedequias foi o último rei de Judá, foi levado preso para a Babilônia.

terça-feira, 5 de setembro de 2017

Como Devo Interpretar a Bíblia?

"Se, pois, estais mortos com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos carregam ainda de ordenanças, como se vivêsseis no mundo, tais como: Não toques, não proves, não manuseies ? As quais coisas todas perecem pelo uso, segundo os preceitos e doutrinas dos homens; As quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria, em devoção voluntária, humildade, e em disciplina do corpo, mas não são de valor algum senão para a satisfação da carne." (Colossenses 2:20-23)

Ouço não poucas vezes, pessoas dizerem entenderem que a interpretação escriturística deve ser de acordo com o pensamento de cada um, e pior, que não faz-se necessário estudar Teologia,  pois tal estudo nos deixa críticos demais... A minha resposta tem sido básica e objetiva, digo-lhes que tais pessoas estão precisando ler mais Bíblia,  pois o cerne do Evangelho é conhecer mais a Jesus Cristo (Jo 17:3). E não existe possibilidade alguma de conhecermos a Deus , senão pela  Revelação Especial  (A Bíblia) que Ele mesmo nos preparou. Temos inúmeras referências bíblicas para corroborar tal pensamento,  dentre elas : (Ed 7:10; Os 4:6; Mt 22:29; Jo 5:39 ...dentre outros).
A Bíblia nos ensina o modo de entendê-la. Uma das regras básicas da Hermenêutica bíblica é que a Bíblia interpreta a própria Bíblia. A hermenêutica,  a exegese e a semântica , são instrumentos para podermos interpretar corretamente não só a Bíblia,  mas também qualquer literatura,  seja histórica, jurídica ou religiosa, e essas ferramentas não nos permite fazer interpretações a nosso bel  prazer,  usando nossas mentes férteis e cauterizadas pelo pecado, distantes do Criador. Veja abaixo uma básica explicação dessas ferramentas acima descritas:

"Semântica" (do grego σημαντικός, sēmantiká, plural neutro de sēmantikós, derivado de sema, sinal), é o estudo do significado. Incide sobre a relação entre significantes, tais como palavras, frases, sinais e símbolos, e o que eles representam, a sua denotação. A semântica linguística estuda o significado usado por seres humanos para se expressar através da linguagem. Outras formas de semântica incluem a semântica nas linguagens de programação, lógica formal, e semiótica.

"Hermenêutica" é um ramo da filosofia que estuda a teoria da interpretação, que pode referir-se tanto à arte da interpretação, ou a teoria e treino de interpretação. A hermenêutica tradicional - que inclui hermenêutica Bíblica - se refere ao estudo da interpretação de textos escritos, especialmente nas áreas de literatura, religião e direito. A hermenêutica moderna, ou contemporânea, engloba não somente textos escritos, mas também tudo que há no processo interpretativo. Isso inclui formas verbais e não-verbais de comunicação, assim como aspectos que afetam a comunicação, como proposições, pressupostos, o significado e a filosofia da linguagem, e a semiótica. A hermenêutica filosófica refere-se principalmente à teoria do conhecimento de Hans-Georg Gadamer como desenvolvida em sua obra "Verdade e Método" (Wahrheit und Methode), e algumas vezes a Paul Ricoeur. Consistência hermenêutica refere-se à análise de textos para explicação coerente. Uma hermenêutica (singular) refere-se a um método ou vertente de interpretação.

"Exegese" é a interpretação profunda de um texto bíblico, jurídico ou literário. A exegese como todo saber, tem práticas implícitas e intuitivas. A tarefa da exegese dos textos sagrados da Bíblia tem uma prioridade e anterioridade em relação a outros textos. Isto é, os textos sagrados são os primeiros dos quais se ocuparam os exegetas na tarefa de interpretar e dar seu significado. A palavra exegese é oriunda do grego exegeomai, exegesis: ex tem o sentido de retirar, derivar, ex-trair, ex-ternar, ex-teriorizar, ex-por e "hegeisthai" o de conduzir, guiar.
Por isso, o termo exegese significa, como interpretação, revelar o sentido de algo ligado ao mundo do humano, mas a prática se orientou no sentido de reservar a palavra para a interpretação dos textos bíblicos. Exegese, portanto, é a denominação que se confere à interpretação das Sagradas Escrituras desde o século II da Era Cristã. Orígenes, cristão egípcio que escreveu nada menos que 600 obras, defendia a interpretação alegórica dos textos sagrados, afirmando que estes traziam, nas entrelinhas de uma clareza aparente, um sentido mais profundo. O termo exegese ficou ligado à interpretação alegórica, ensejando abusos de interpretação, a ponto de alguns autores afirmarem, ironicamente, que a Bíblia seria um livro onde cada qual procura o que deseja e sempre encontra o que procura.
Ser exegeta é contextualizar o que foi escrito com a cultura da época e extrair os princípios morais para o tempo presente.