terça-feira, 7 de março de 2017

Adoção - Um dos Elos da Salvação !

TERMINOLOGIA -  O termo “adoção” ocorre cinco vezes no Novo Testamento, todas nas epístolas paulinas: Romanos 8.15,23; Romanos 9.4; Gálatas 4,5 e Efésios 1.5. No grego a palavra é uioqesia (uiotesia) que tem o sentido de uma relação familiar com todos os privilégios e responsabilidades de herdeiros legítimos.

SENTIDO JURÍDICO
Adoção é o ato pelo qual se confere a uma pessoa estranha os mesmos direitos e privilégios (inclusive a herança) de seu filho.
Na sociedade grega e romana, a adoção entre classes superiores era algo relativamente comum. O cidadão adotado por um romano tornava-se praticamente escravo de seu pai adotivo. Tinha direitos, mas também uma lista de deveres.
Outro sentido dado pelos gregos para adoção, era o reconhecimento público de um filho, por seu pai, quando este lhe dava o direito da herança. Isso era feito quando o filho atingia a maioridade. O sentido deste ato era que o filho não precisava mais submeter-se ao pai, e dali pra frente, poderia dirigir a sua própria vida. Estava socialmente emancipado.
A DOUTRINA DA ADOÇÃO NAS EPÍSTOLAS PAULINAS
A adoção tem três sentidos básicos nos escritos de Paulo:
1º - Salienta a nova relação com Deus, que o cristão goza através de Cristo. Esta relação nos eleva a posição de filhos.
2º - Destaca o fato de que a adoção é fruto da Graça, não méritos pessoais.
3º - Destaca o fato de que ninguém é por natureza filho de Deus.
Enquanto João e Pedro usam o termo “regeneração” (grego paliggenesia) para caracterizar a filiação cristã, Paulo usa uma figura jurídica, talvez devido ao seu contato com os romanos. Para ele a adoção é algo passado, presente e futuro. Fomos libertos da escravidão do pecado (passado) vivemos um novo estilo de vida, andando em espírito (presente), e vivemos em esperança da ressurreição e redenção do corpo (futuro).
A adoção manifesta a misericórdia de Deus, em salvar por intermédio de Jesus Cristo, e restabelecer a relação entre a criatura e o criador.
Pela adoção passamos a pertencer à família de Deus, recebendo os mesmos direitos que Cristo tinha por direito eterno.
Vejamos o sentido da palavra em cada uma das passagens:


1 – Romanos 8.15 – “Porque não recebestes um espírito de escravidão para vos conduzir ao temor, mas o Espírito de adoção, pelo qual clamamos: Aba, Pai!” –Versão Almeida século 21
Aqui Paulo faz um contraste entre “espírito de escravidão” e o “espírito de adoção de filhos pelo qual clamamos: Aba pai”. O escravo serve por medo, por necessidade, por posição inferior e imposta. O filho clama Aba pai (linguagem íntima da criança, na língua aramaica). Jesus usou o mesmo contraste: “já não vos chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor, mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer”, João 15.15. Isso transforma todo o espírito de nossa vida e atividade cristã.
Paulo ensina a necessidade da filiação cristã, da relação com Deus como Pai em Jesus Cristo mediante o Espírito Santo. Ele prossegue nesse pensamento e afirma que somos filhos e também herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo. O Espírito Santo em nossas vidas é o penhor da herança do cristão. (II Coríntios 1.22 – II Coríntios 5.5 e Efésios 1.14).
2 – Romanos 8.23 – “... Também nós, que temos os primeiros frutos do Espírito, também gememos em nosso íntimo, aguardando ansiosamente nossa adoção, a redenção de nosso corpo.” - Versão Almeida século 21
Paulo afirma que Cristo haverá de redimir não só o espírito, mas também o corpo. O corpo do cristão é tão santo quanto o seu espírito. O triunfo final da graça redentora de Jesus será a ressurreição dos nossos corpos. Quando o corpo e o espírito forem reunidos, estará completa em Deus toda a nossa personalidade. A adoção também pertence ao corpo.
A redenção significará para a natureza inteira, o cumprimento da profecia acerca do deserto que florescerá como a rosa.
Os cristãos, que possuem o penhor do Espírito, esperam pelo momento em que o corpo será liberto do pecado. A ressurreição será então a etapa final da filiação com Deus.
3 – Romanos 9.4 - “Eles são israelitas, e deles são a adoção, a glória, as alianças, a promulgação da lei, o culto e as promessas.” – Versão Almeida século 21
Este versículo faz parte de um contexto, em que Paulo se refere ao povo de Israel (capítulos 9, 10 e 11).
Deus tratou o povo escolhido como filho, herdeiro e sacerdote, servo de IAVÉ. Coube e Jesus todos os títulos de Israel, e Ele realizou o que os israelitas não puderam realizar. Israel era para Deus o filho predileto entre todas as nações. Paulo considera esse fato como uma das glórias de seu povo. Ele usa o mesmo termo “adoção” para designar a condição de Israel como filho.
4 – Gálatas 4.5 – “Para resgatar os que estavam debaixo da lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos.” Versão Almeida século 21
No capítulo 4 Paulo prossegue com o mesmo raciocínio do capítulo 3. antes da vinda de Cristo a raça humana estava em período de “minoridade”. O filho, enquanto menor, estava sob os cuidados de seus pais ou tutores, não podendo exercer a sua própria vontade. Era escravo de leis e obrigações, até o dia em que tronava-se adulto, e então era reconhecido como tal, e estava apto a dirigir a sua própria vida. Paulo usa esta comparação para mostrar que antes da vinda de Cristo, o homem estava sob a lei, até que, na plenitude dos tempos, Deus enviou seu filho, para resgatá-lo e adotá-lo como filho.
Conforme a sua infinita graça, Deus tem recebido em sua família aqueles que antes pertenciam a uma família inteiramente diferente (João 8.44); dando-lhe o direito de receber as bênçãos e privilégios dos filhos de Deus. Em Cristo, os cristãos são restaurados à categoria de filhos, membros da grande família divina. É uma transformação radical de categoria: de escravo a filho.
No verso 6 Paulo deixa claro que o ato da adoção, nos proporciona o direito de recebermos o Espírito Santo de Deus.

5 – Efésios 1.5 – “Ele nos predestinou para si mesmo, segundo a boa determinação de sua vontade, para sermos filhos adotivos por meio de Jesus Cristo.” – Versão Almeida século 21
Paulo destaca o fato de que não há destino fatal na vida do cristão, quando diz que “Deus nos predestinou para Ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo”. A filiação que o homem recebeu de Deus, em virtude de ter sido criado à sua imagem e semelhança, precisava ser renovada após a queda. Esta renovação foi antes de tudo completada no Filho de Deus encarnado e, então, naqueles que estão nele pela fé. A filiação se dá por meio da regeneração e da adoção: enquanto o novo nascimento altera nossa natureza, a doção altera a nossa relação com Deus. Ambas só são possíveis através de Jesus Cristo e sua obra redentora. Deus faz isso “segundo o beneplácito de sua vontade”. Esta expressão engloba a primeira e última expressão do propósito eterno de Deus.
Considerações finais
Pelo nascimento físico, o homem é membro da família de Adão e, como tal, excluído, pelo pecado, da família de Deus. Nascido de novo, passa a fazer parte da família de Deus. Apenas excepcionalmente, a Bíblia fala de Deus como pai de todos os homens, e isso no sentido de ser seu criador e preservador. De modo gral a Bíblia reserva o nome “pai” para designar a nova relação que Ele assumiu para com aqueles que adotou como filhos. São aqueles que nascidos do Espírito, foram transformados e regenerados pelo Sangue do cordeiro.
Diferentemente da adoção humana, a adoção Divina não leva em conta qualidades pessoais. Entretanto é preciso reconhecer que como filhos “adotados” por Deus, Ele como pai, tem o direito de nos corrigir e até nos castigar, a fim de que possamos ser melhores filhos, obedecendo em tudo ao nosso pai. O autor da Epístola aos Hebreus declara que “o Senhor corrige e açoita a qualquer que recebe como filho” (Hebreus 12.6-7).
A filiação por meio da fé tira os homens de debaixo da lei, tornando-os membros e participantes de Cristo.
Quatro consequencias da adoção divina
1ª – Os filhos são emancipados da lei – Gálatas 3.25
2ª – Todos, judeus e gentios, desde que tenham aceitado a Cristo, tornam-se filhos de Deus. Não há distinção – Gálatas 3.28
3ª – Como filhos desfrutamos de todos os direitos como herdeiros das bênçãos de Deus – Gálatas 3.29
4ª – A adoção devolve a dignidade do homem, e o torna consciente de sua nova relação com Deus, através do Espírito Santo – Gálatas 4.6

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