terça-feira, 22 de maio de 2012

Spurgeon e a Pregação Expositiva

Spurgeon e a Pregação Expositiva - As pessoas freqüentemente chamam minha atenção para o fato de que Spurgeon normalmente não fazia pregação expositiva. A afirmação costuma ser feita com um certo tom de desafio, e com um subtítulo muito claro: Como você pode criticar o estilo seeker-sensitive1 de pregação tópica e relacional? Seu próprio herói da história também não era um expositor. Ele era o Rick Warren do seu tempo. É verdade que Spurgeon não era um pregador expositivo. Na realidade, ele considerava a exposição bíblica como algo distinto de "pregar". A sua abordagem para "exposição" era simplesmente ler uma frase e fazer um comentário sobre ela. Alguns dos seus sermões impressos incluem uma seção de "Exposição", mas a "exposição" era uma parte completamente diferente do culto de adoração, distinta da pregação. "É verdade que Spurgeon não era um pregador expositivo. Na realidade, ele considerava a exposição bíblica como algo distinto de 'pregar'." Aqui está um perfeito exemplo do distanciamento de Spurgeon do estilo expositivo em seus sermões. No sermão "Coisas Que Acompanham a Salvação", Spurgeon começou reconhecendo que o sermão dele não refletia exatamente o significado do texto do qual ele tomou emprestado seu título. As suas primeiras palavras foram: "Eu não tenho absoluta certeza de que meu texto autorizará tudo que eu direi sobre ele neste dia se lido e compreendido em sua conexão. Mas eu tomei as palavras mais por acomodação do que ao contrário, e as utilizarei como um tipo de cabeçalho ao discurso que espero ser capacitado a pregar." Agora, não me entendam mal: Essa, tampouco, era a sua abordagem normal. Naquele sermão, ele estava somente pedindo emprestada uma frase da Bíblia para usar como um título, e ele reconheceu isso formalmente. Normalmente, ele usava pelo menos algum tempo para explicar o contexto e o significado do seu texto, até mesmo se ele posteriormente deixasse o texto e seu contexto para um tipo mais tópico de mensagem. Então, o que prova tudo isso? Certamente não invalida todo o ministério de pregação de Spurgeon. Eu recomendaria a abordagem que ele usava? Não. Mas, felizmente, no caso de Spurgeon, sua mente e seu coração eram tão saturados com a Bíblia que até mesmo (para tomar emprestado as palavras dele) seu sangue era biblino. Se alguém o cortasse, ele sangraria versos bíblicos. Sua aproximação tópica à pregação também normalmente incluía alguns elementos expositivos. (Antes de eu pregar em uma determinada passagem, sempre leio Spurgeon para ver como ele lidou com o texto. Eu considero que ele freqüentemente oferece grande ajuda para a exposição da passagem, embora esse não fosse o foco principal dos seus sermões.) E se ele falasse em qualquer lugar em qualquer tópico (até mesmo quando estava fazendo uma palestra a uma audiência acadêmica), havia tanta Bíblia na sua mensagem que praticamente qualquer discurso que ele proferia em qualquer lugar provavelmente já excederia até mesmo alguns dos sermões "expositivos" de hoje quanto ao critério conteúdo bíblico. "...Spurgeon viveu numa era em que quase ninguém fazia pregação expositiva. Ele era, nesse sentido, um filho do seu tempo." No entanto, a aproximação tópica na pregação certamente não é a que eu recomendaria a jovens que preenchem suas horas livres com "American Idol"2 e Jack Bauer3, em lugar de literatura Puritana e comentários da Bíblia, como Spurgeon fazia. A propósito, Spurgeon viveu numa era em que quase ninguém fazia pregação expositiva. Ele era, nesse sentido, um filho do seu tempo. Além disso, os assim chamados "sermões tópicos" que o típico pastor contemporâneo prega são algo completamente diferente. Minha objeção principal à homilia seeker-sensitive, não é simplesmente de que ela não é expositiva, e sim de que ela muitas vezes deliberadamente não faz sequer uma única conexão com a Bíblia, ou pelo menos faz a conexão "bíblica" tão pequena e tênue quanto possível. Um dos principais gurus do movimento seeker-sensitive aconselha os pastores dizendo que não é uma boa idéia começar os sermões com a Bíblia. Spurgeon teria, com razão, considerado abominável tal conselho. Em outra palavras, qualquer coisa que você diga sobre a abordagem de Spurgeon em relação às Escrituras, você não pode acusá-lo de não ser bíblico, e você não pode conclamá-lo para apoiar a metodologia seeker-sensitive. Eu não penso que qualquer um pudesse argumentar honestamente que alguém que precisa contratar Hulk Hogan como um atrativo está muito preocupado em ser bíblico em qualquer sentido. Alguns pastores dos nossos dias parecem até se orgulhar da maneira como conseguem relegar as Escrituras a uma nota de rodapé na sua mensagem. Essa abordagem certamente não pode ser defendida legitimamente por qualquer comparação com Spurgeon. "Então, o que prova tudo isso? Certamente não invalida todo o ministério de pregação de Spurgeon. Eu recomendaria a abordagem que ele usava? Não."

Nenhum comentário:

Postar um comentário